Tragédia no Pará envolvendo exportação de animais vivos completa dez anos

image_pdfimage_print
Arte: organização da campanha | Ministério Público Federal, Promotoria de Justiça de Barcarena, Mercy For Animals e Comissão de Direito Animal da OAB/PA organizam programação em torno da tragédia, que deixou cerca de 5 mil bois mortos e despejou toneladas de óleo no rio Pará
Em 6 de outubro, completam-se dez anos de uma tragédia que marcou o Pará. Nessa data, em 2015, na cidade de Barcarena (PA), o navio Haidar, com quase 5 mil bois vivos, 28 tripulantes a bordo e 700 toneladas de óleo, naufragou no Porto de Vila do Conde. A decomposição dos corpos dos animais mortos e o vazamento de óleo do navio provocaram um dos piores desastres ambientais da história do estado. As carcaças e o óleo que vazou do Haidar deixaram um rastro de contaminação que alcançou a cidade de Belém, cerca de 60 km rio abaixo.

Para marcar a ocasião, o Ministério Público Federal (MPF), a Promotoria de Justiça de Barcarena, a organização não governamental Mercy For Animals e a Comissão de Direito Animal da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará (OAB-PA) promovem, nos dias 5 e 6 de outubro, uma programação em Belém e Barcarena com o objetivo de chamar a atenção para os impactos do naufrágio e da exportação de animais vivos por via marítima no Brasil, que concentra 66,4% das operações no Porto de Vila do Conde.

A tragédia comprometeu a subsistência de milhares de famílias da região e afetou a saúde de centenas de pessoas no decorrer dos anos, além de gerar enorme prejuízo para os cofres públicos. Dez anos depois, a carcaça do navio Haidar permanece naufragada no berço de atracação 302 do Porto de Vila do Conde, sendo responsável por um prejuízo inestimável à atividade portuária decorrente da não utilização dessa estrutura. De acordo com o Portal da Transparência do governo federal, apenas com a contratação de empresa dos serviços de reflutuação e remoção do navio Haidar — serviço que nunca chegou a ser concluído — o governo federal já gastou pelo menos R$ 12 milhões dos mais de R$ 44 milhões licitados.

No dia 5 de outubro, na Praça da República, em Belém, será realizada uma manifestação pacífica para lembrar o desastre e pedir pelo fim da exportação de animais vivos no país. Já no dia 6 de outubro, o auditório da Escola Técnica de Barcarena recebe o seminário “10 anos depois: o naufrágio do navio Haidar”, que contará com mesas de debate, a exibição do documentário “Elias: O Boi Que Aprendeu a Nadar” e espaço para a participação da população local. Serão discutidos os desdobramentos da tragédia, os prejuízos socioambientais ainda presentes na região e os caminhos possíveis para superar essa realidade.

A exportação de bovinos vivos por via marítima é uma atividade banida em diferentes países – como Índia e Nova Zelândia –, não só pelo impacto negativo para o bem-estar animal, mas também pelos riscos que representa ao meio ambiente e à saúde pública e pelos prejuízos que pode impor à economia. Atualmente, o Brasil é o maior exportador de bovinos vivos do mundo, apesar da desaprovação da sociedade brasileira: uma pesquisa da Ipsos indica que 84% dos entrevistados acreditam que a exportação de animais vivos deveria ser proibida no país. Segundo estudo de economistas, o fim da atividade representaria um ganho de R$ 1,9 bilhão ao Brasil.

“Experiências como a do TAC [Termo de Ajustamento de Conduta] celebrado no caso do navio Haidar mostram como o Ministério Público, com o apoio da sociedade civil, pode apoiar projetos locais, contribuindo para uma troca de conhecimento e promovendo reparações diretas às comunidades afetadas. O evento é importante para dar continuidade a essa troca, e não permitir o esquecimento da tragédia”, ressalta o procurador da República Bruno Araújo Soares Valente.

“O sistema de justiça enfrenta desafios em lidar com direitos coletivos e danos ambientais. Muitas vezes, as comunidades não se beneficiam das medidas mitigadoras. Reconhecer essas falhas é crucial para uma justiça ambiental que atenda às reais necessidades da população. Relembrar o caso do navio Haidar nos permite ver caminhos possíveis”, comenta o promotor de Justiça Márcio Maués, titular da 1ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, da Infância e Juventude de Barcarena.

“Além de uma atividade intrinsecamente problemática do ponto de vista do bem-estar animal, o transporte de animais vivos por via marítima traz elevados riscos ambientais, sanitários, sociais e econômicos, como infelizmente vimos em Barcarena. Há dezenas de casos de acidentes e de contaminação mundo afora, pois os navios transportadores são antigos e apresentam problemas de segurança, com risco de naufrágio duas vezes maior que o de outras frotas mercantes”, afirma a responsável pelo Departamento Jurídico da Mercy For Animals na América Latina, Paula Cardoso.
A elevada propensão a acidentes é uma característica da frota que transporta animais vivos por mar ao redor do mundo. Segundo o jornal britânico The Guardian, estima-se que a chance de um navio que transporta animais vivos naufragar e causar um acidente ambiental ou marítimo é duas vezes maior do que a de outros navios mercantes, como já aconteceu anteriormente em diferentes locais do mundo. Isso se deve principalmente ao fato de que aproximadamente 80% da frota mundial de transporte de animais vivos, constituída de cerca de 150 embarcações, não foi construída para essa finalidade, além de serem embarcações muito antigas, usualmente.

Serviço:

Manifestação em memória do naufrágio do navio Haidar e pelo fim da exportação de animais vivos
Praça da República, Belém (PA)
05/10 às 9h

Seminário “10 anos depois: o naufrágio do navio Haidar”
Auditório da Escola Técnica de Barcarena – Barcarena (PA)
06/10 – 9h às 13h

Fonte: Ministério Público Federal no Pará e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 25/09/2025/16:28:29

O formato de distribuição de notícias do Jornal Folha do Progresso pelo celular mudou. A partir de agora, as notícias chegarão diretamente pelo formato Comunidades, ou pelo canal uma das inovações lançadas pelo WhatsApp. Não é preciso ser assinante para receber o serviço. Assim, o internauta pode ter, na palma da mão, matérias verificadas e com credibilidade. Para passar a receber as notícias do Jornal Folha do Progresso, clique nos links abaixo siga nossas redes sociais:

Apenas os administradores do grupo poderão mandar mensagens e saber quem são os integrantes da comunidade. Dessa forma, evitamos qualquer tipo de interação indevida. Sugestão de pauta enviar no e-mail:folhadoprogresso.jornal@gmail.com.

Envie vídeos, fotos e sugestões de pauta para a redação do JFP (JORNAL FOLHA DO PROGRESSO) Telefones: WhatsApp (93) 98404 6835– (93) 98117 7649.
“Informação publicada é informação pública. Porém, para chegar até você, um grupo de pessoas trabalhou para isso. Seja ético. Copiou? Informe a fonte.”
Publicado por Jornal Folha do Progresso, Fone para contato 93 981177649 (Tim) WhatsApp:-93- 984046835 (Claro) -Site: www.folhadoprogresso.com.br   e-mail:folhadoprogresso.jornal@gmail.com/ou e-mail: adeciopiran.blog@gmail.com

%d blogueiros gostam disto: