Mascote da COP 30, Curupira inspira produtos em Belém

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(Foto: Reprodução) – A artesã Ediléa Protásio, na feira de artesanato do Solar da Beira, aposta em imãs de geladeira com a imagem do mascote da COP30

A escolha do Curupira, figura do folclore brasileiro que protege as florestas, como mascote da COP 30 já movimenta artesãos e empreendedores de Belém (PA) na produção do personagem em diversos formatos e materiais, como plástico biodegradável, crochê e pintura nas tradicionais cuias amazônicas.

“A COP 30 tem impulsionado o desenvolvimento de novos produtos e experiências, e a escolha do Curupira como mascote certamente vai ao encontro desse movimento”, diz, em entrevista a Ecoa, Rubens Magno, diretor-superintendente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) no Pará.

Para ele, “trata-se de uma representação simbólica muito acertada”. “O Curupira é um personagem do folclore brasileiro diretamente associado à proteção das florestas. Incorporá-lo à identidade visual da conferência é uma forma eficaz de promover não apenas a sustentabilidade ambiental, mas também a valorização da cultura amazônica.

O empresário Thiago de Moraes, da empresa Tudo3D, já começou a fabricar o boneco do Curupira, em impressão 3D. “Nós começamos a desenvolvê-lo assim que foi cogitado que o personagem poderia ser o mascote da conferência, em novembro do ano passado, antes da oficialização”, explica.

“Além de ser um produto que pode ser utilizado como brinde de empresas, ele também é ecologicamente correto, produzido em um plástico biodegradável, chamado PLA, feito a partir do milho”, completa.

Para divulgar o produto, com estética inspirada nos famosos bonecos estadunidenses Funko, Moraes criou o Instagram @mascotecop30, no qual o Curupira visitará pontos turísticos da capital paraense. Ele já apareceu na Estação das Docas, complexo de lazer às margens da Baía do Guajará, e também já vestiu a camisa dos dois principais times de futebol de Belém, o Remo e o Paysandu.

O boneco, que pode ser comprado pelo Instagram da empresa, tem 12 cm de altura e custa R$ 160. “É realizado por uma impressora 3D, mas o acabamento e a pintura são manuais.”

Já a artesã Silvia Valente está confeccionando o Curupira usando a técnica de crochê japonesa amigurumi. O boneco tem 35 cm de altura e chama a atenção pelo cabelo de fogo nas cores laranja e amarela.

“Assim que começou a circular que o personagem poderia ser mascote da COP, eu comprei uma receita pela internet, com o passo a passo para fazer o Curupira, e comecei a produzir”, conta Silvia, que já vendeu algumas unidades em feiras, a R$ 180 cada. “Também capacitei 30 pessoas para confeccioná-lo.”

Ela viajou recentemente a São Paulo, para conferir as novidades da feira Mega Artesanal, e levou o Curupira para fazer a divulgação. “Eu achei interessante a escolha dele como mascote porque ele protege a floresta. E ele é bonitinho com esse fogo que tem no cabelo.”

Ela vende pelo Instagram e entrega em todo o Brasil. “Também quero aproveitar as oportunidades corporativas, pois muitas empresas vão querer oferecer o Curupira como brinde.”

Outra artesã, Vânia Queiroz, disse a Ecoa, durante a Feira da Diversidade na capital paraense, que já sentiu um aumento na procura pelo mascote da COP. “As pessoas estão perguntando por ele. Atualmente estou vendendo apenas a cuia pintada, mas pretendo também criar uma estampa do Curupira para as minhas ecobags, aproveitando esse boom”, disse. A cuia custa R$ 37.

A loja Bella Bijoux, no bairro da Campina, está comercializando adesivos DTF, para aplicação em diferentes produtos, com a imagem oficial do Curupira da COP 30. “Temos, entre nossos clientes, artesãos do Ver-o-Peso e da Praça da República, que usam os DTF para personalizar seus produtos, como bolsas, chapéus, toalhas e camisas. É só passar o ferro que transfere a estampa”, explica Vanderly Rodrigues, vendedora da loja.

A reportagem do Ecoa circulou pelos boxes de artesanato do Mercado Ver-o-Peso e constatou que os comerciantes ainda não se interessaram em produzir ou adquirir produtos relacionados ao Curupira. Alguns disseram que nem sabiam que ele era o mascote da COP30.

O vendedor Alonso Santos tinha um Curupira à venda, feito de látex, mas sem conexão com a escolha do personagem como mascote da COP 30. “A gente vende porque é uma lenda regional.”

Já na feira de artesanato do Solar da Beira, parte do complexo do Ver-o-Peso, a artesã Ediléa Protásio está vendendo imãs de geladeira e broches com a figura do Curupira e a inscrição “Mascote COP 30”.

“Quando descobri que ele foi escolhido como mascote, já comecei a me movimentar. Também vou produzir camisas e bonecos de resina, para os quais já comprei a forma. Quero explorar o tema o máximo que eu puder”, conta. Porém ela relata que a procura pelo Curupira ainda é tímida. “Falta mais divulgação. Seria tão bonitinho a gente passar e ver um monte deles por aí.”
Lenda do Curupira

Entrevistado pelo Ecoa, o escritor e pesquisador paraense Paulo Maués Corrêa conta que os primeiros registros do Curupira aparecem em relatos do padre jesuíta espanhol José de Anchieta, no século 16.

“Ele registrou, entre os nativos, a presença desse personagem, que seria uma espécie de ser maligno. Mas essa foi uma má interpretação”, explica Maués, que é autor dos livros “Anhanga, Curupira e Mapinguari – Protetores da Natureza” (2021) e “Histórias de Curupira” (2018), ambos da editora paraense Paka-Tatu.

Segundo Corrêa, a escolha do Curupira como mascote da COP 30 foi “perfeita”. “Ele é um protetor da natureza, que pode agir de várias formas. A forma mais conhecida é fazendo com que o caçador se perca, deixando pegadas ao contrário, porque tem os pés virados para trás. Isso provocaria um certo atabalhoamento no caçador, que vai seguir um rastro avesso do que seria o caminho comum.”

Porém ele lembra que o Curupira “respeita quem vive da mata, quem tira dali a sua subsistência, na mesma medida em que castiga quem entra ali para fazer o mal”.

O pesquisador, que é mestre e doutor em estudos literários, explica que o nome Curupira, em uma das interpretações possíveis, significaria, em tupi, “corpo de criança”. “Essa denominação viria do fato de ele ter uma estatura baixa.”

Corrêa explica ainda que o cabelo de fogo do personagem serviria para “marcar a presença dele na mata, para saberem que ele está ali”. Ele conta também que, segundo algumas fontes, o Curupira é peludo e tem a pele em tom de casca de árvore. “São elementos que lembram a mata.”

Em relação ao gênero do personagem, o pesquisador afirma que, na literatura de referência, ele geralmente aparece como masculino. Mas cita o trabalho do autor paraense Walcyr Monteiro, que, em viagens pela Amazônia, registrou também “a curupira”, do gênero feminino. “Eu diria que isso depende da região.”

Corrêa lembra que a lenda do Curupira está presente não apenas na Amazônia, mas em todo o território brasileiro e, inclusive, em outros países da América do Sul. “Porém é no interior da Amazônia que ela continua viva e pulsante, principalmente entre as pessoas que vivem na mata”, revela.

O pesquisador conta que, na região, é comum os caboclos e indígenas pedirem licença ao Curupira para entrarem na floresta. “Algumas pessoas levam alguns presentinhos, como cachaça, fumo e café. Isso é uma herança dos nossos antepassados indígenas. A mata é considerada um ambiente sagrado e, como tal, impõe limites.”

 

Fonte: UOL e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 18/07/2025/14:52:44

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