5ª edição da Feira do Pirarucu de Manejo disponibilizará 1,5 tonelada no sábado, 9, em Santarém
Feira do Pirarucu de Manejo chega a quinta edição em Santarém — Foto: Sapopema / Divulgação
Este ano, o evento ganha ainda mais relevância ao estrear o título de patrimônio histórico, cultural e imaterial de Santarém.
A 5ª edição da Feira do Pirarucu de Manejo contará com 1,5 tonelada da espécie para venda aos consumidores santarenos. O evento será realizado no próximo sábado (9) na Praça Barão de Santarém (São Sebastião), em Santarém, oeste do Pará, a partir das 07h, com a participação de quatro comunidades manejadoras do pirarucu do PAE Tapará: Costa do Tapará, Santa Maria, Igarapé da Praia e Tapará Miri.
O evento que já se tornou estratégico para valorização das comunidades que cuidam da espécie na região é uma promoção do Conselho Regional Tapará, Sapopema, Colônia de Pescadores Z-20, Mopebam, Sedap, Semap, Sebrae com apoio da TNC.
Durante a feira, os consumidores terão a chance de dialogar diretamente com os manejadores e entender os procedimentos do manejo do pirarucu. A participação ativa das comunidades é um dos pilares da feira, colocando os pescadores locais como protagonistas desse processo.
“Eventos como este são fundamentais para mostrar ao mundo a importância do manejo sustentável e o papel crucial das comunidades locais na proteção dos nossos recursos naturais”, destacou Antônio José, da coordenação da Sapopema.
Seca de 2024 e os impactos para a conservação
A feira não só promove a conservação da biodiversidade, mas também reforça a importância do manejo comunitário, valorizando o conhecimento e o esforço dos pescadores que se dedicam à proteção do pirarucu. É uma celebração da sustentabilidade e da capacidade das comunidades de se organizarem em prol de um futuro mais equilibrado e consciente.
A seca de 2024 tem trazido desafios significativos para a conservação ambiental, especialmente no manejo do pirarucu. Em 8 de outubro, os manejadores da comunidade Santa Maria do Tapará, juntamente com a Sapopema, realizaram a contagem anual de pirarucus. Este processo é essencial para estimar a cota anual de captura, mas a severa estiagem deste ano tem dificultado consideravelmente essa tarefa.
Considerada uma das secas mais graves dos últimos anos, a falta de chuva tem afetado a vida das comunidades ribeirinhas e impactado diretamente a fauna aquática. Durante a contagem, os manejadores enfrentaram grandes dificuldades para chegar ao lago, que se encontra mais distante devido à seca.
“Este ano, a situação da seca se agravou muito. A contagem, que é um procedimento importante do manejo, demandou muito esforço dos pescadores por conta da seca”, relatou o técnico da Sapopema, Luan Robson.
A contagem de pirarucus é uma ferramenta fundamental para avaliar as condições ambientais e adaptar as estratégias de manejo. Todos os anos, durante o período de águas baixas, os pescadores realizam essa contagem para avaliar os estoques pesqueiros. Com base nos resultados, calcula-se a cota de captura de 30% dos pirarucus adultos, preservando os 70% restantes para assegurar a reprodução e a manutenção sustentável do estoque.
Os dados coletados servem não apenas para a conservação das espécies, mas também para indicar avanços na preservação e para desenvolver estratégias que promovam a renda dos pescadores. Essa prática reforça a importância do manejo comunitário e o papel das comunidades na proteção dos recursos naturais.
A seca severa é também um alerta da necessidade de práticas de conservação ainda mais robustas e da importância da adaptação das estratégias de manejo para enfrentar os desafios climáticos.
O que é o manejo comunitário
O manejo comunitário do pirarucu é uma prática sustentável que envolve a comunidade na conservação e gestão dos recursos pesqueiros. Utilizando o método de Castello (2004), os pescadores demonstram sua habilidade ao contar os pirarucus durante sua respiração aérea, quando os peixes vêm à superfície da água.
Segundo a bióloga da Sapopema, Poliane Batista, cada pescador observa e conta os pirarucus em uma área específica durante um intervalo de 20 minutos. Somente os pirarucus com mais de 1 metro são contabilizados, sendo classificados em duas categorias: juvenis (bodecos) (1-1,5 m) e adultos (>1,5 m). Para garantir a precisão das contagens e não alterar o comportamento dos peixes, os pescadores trabalham em silêncio.
Além de seguir as regras de tamanho mínimo de captura (1,5 m) e período de defeso (IN 34/2004) estabelecidas pelo Ibama, as comunidades que desenvolvem o manejo criam seus próprios acordos de pesca. Esses acordos estabelecem normas que restringem ainda mais o uso dos recursos pesqueiros e incluem a vigilância constante dos ambientes aquáticos para proteger contra a ação de invasores.
O manejo sustentável nas comunidades envolve várias etapas: organização comunitária, respeito à legislação, estabelecimento de acordos de pesca, vigilância dos lagos, contagem dos pirarucus, pesca sustentável e comercialização da produção. Esse esforço contínuo exige uma dedicação enorme dos pescadores, que muitas vezes não recebem o reconhecimento devido pelo seu trabalho essencial na preservação dos recursos naturais.
Este modelo de manejo comunitário não apenas protege a biodiversidade, mas também assegura a subsistência das comunidades ribeirinhas, promovendo um ciclo sustentável e benéfico para todos.
Fonte: g1 Santarém e Região — PA e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 05/11/2024/16:58:29
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