Brasil é recordista mundial em assassinatos de sem-terras

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Reportagem do jornal francês Le Monde revela que 207 pessoas foram mortas de 2010 a 2015 em conflitos pela posse de terra

Em pouco mais de uma semana, dez trabalhadores rurais e lideranças sem-terra foram assassinados no Brasil, mostrando o recrudescimento desses crimes nos últimos anos. Reportagem do jornal francês Le Monde revela que o Brasil é recordista mundial nestes crimes, com 207 pessoas eliminadas de 2010 a 2015 em conflitos pela posse de terra.

Citando estatísticas da ONG Global Witness e as 61 mortes contabilizadas só em 2016 pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Le Monde lembra de mortes emblemáticas que tiveram repercussão internacional, como as do sindicalista Chico Mendes, em 1988, e de missionária Dorothy Sang, em 2005. De Norte a Sul e de Leste a Oeste, praticamente não há hoje uma única região brasileira que não registre mortes ou conflitos entre fazendeiros e grandes proprietários de terras. Esse número só vem crescendo e ano para ano, conforme a 31ª edição do relatório da CPT que reúne números da violência contra trabalhadores rurais, indígenas, quilombolas e outras minorias. Se em 2016 foram 61 assassinados, em 2015 foram 50 — o maior número então nos últimos 12 anos — e 36 em 2014.

Em entrevista exclusiva à Sputnik, Rafaela Alves, da coordenação nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), diz que o aumento das mortes no campo nos últimos meses é fruto de “uma situação de golpe, de um acirramento de luta de classes, da disputa de uma direita que não se conforma em ver trabalhadores conquistando direitos”. Segundo a dirigente, isso tem um custo muito alto para a vida dos trabalhadores que pagam com a própria vida. Rafaela lamenta que, no momento em que se lembra o Massacre dos Eldorado dos Carajás, no Pará, que completou 20 anos no último dia 17, se veja mais camponeses sendo assassinados no país.

A gente sempre vive situações de muita repressão à luta dos trabalhadores, mas numa conjuntura como essa, de golpistas no governo e que se sentem empoderados com possibilidade de bloquear toda possibilidade de avanço para os trabalhadores, o caminho vai ser a morte, as armas, a contratação de capangas para executar bem seus projetos. Nesse momento eles também estão trabalhando a necessidade da estrangeirização das terras do Brasil. Se eles ameaçam um projeto da classe trabalhadora, ela também vai se mobilizar e alimentar suas lutas históricas. A terra continua sendo um elemento de grande disputa no país”, diz a integrante do MPA.

Para a ativista, as mortes de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) ocorridas nos últimos meses é fruto da disputa a cada dia maior pela posse de terra. De um lado os pequenos produtores tentando manter sua agricultura de subsistência e, de outro, os grandes empresários do agronegócio e da mineração que tentam incorporar novos espaços para aumentar exportações. Rafaela afirma que é obrigado do Estado investigar e punir a autoria dessas mortes, mas isso não é feito, uma vez que, ao longo da história, muitas autoridades foram omissas ou coniventes nesses assassinatos.

“Agora saímos do 31 de Março lembrando a tarefa histórica de manterem sempre viva as datas de 31 de março e 1º de abril como um dia de luta pela memória. Ninguém nunca esqueceu o que foi o Golpe de 64 e o tanto de assassinatos e repressão de mortes que aconteceram de trabalhadores no campo e na cidade por conta da ditadura militar. O Estado brasileiro nunca assumiu sua culpa, sua responsabilidade por esses assassinatos. Aqueles que cometeram esse tipo de crime continuam impunes, com altos salários ao se aposentaram e recebem dinheiro do povo brasileiro. Na época da ditadura militar, mais de 1.196 camponeses foram assassinados ou desaparecidos e o Estado só reconhece 29”, dispara a integrante do MPA, para quem a impunidade só estimula a continuidade dessas práticas no campo

Fonte: Notícias ao minuto.
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