HIV: adultos com mais de 50 anos estão se infectando
Foto: Reprodução | Os pesquisadores alertam que até 2040, um quarto das pessoas vivendo com HIV na África terá 50 anos ou mais; campanhas personalizadas de conscientização e tratamento são urgentes.
As campanhas de prevenção e tratamento não estão atendendo adequadamente à faixa etária acima de 50 anos. A conclusão é de um estudo publicado recentemente na revista científica The Lancet Healthy Longevity. De acordo com o trabalho, entre 2000 e 2016, o número de adultos com 50 anos ou mais vivendo com HIV na África Subsaariana dobrou. Atualmente, a prevalência do HIV nessa faixa etária supera a de adultos mais jovens. Os pesquisadores alertam que até 2040, um quarto das pessoas vivendo com HIV na África terá 50 anos ou mais; campanhas personalizadas de conscientização e tratamento são urgentes.
No Brasil, há um cenário parecido, com aumento de 416% dos casos de HIV entre idosos na última década. Em 2012, foram 378 infecções nessa faixa etária. Esse número saltou para 1.951, em 2022, segundo dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde sobre o tema. Além disso, os idosos também passaram de 2% de todas as novas infecções com o vírus para 4%, no ano mais recente.
O médico Luicer Olubayo, pesquisador do Instituto Sydney Brenner de Biociência Molecular (SBIMB) da Universidade Wits, na África do Sul, e primeiro autor do novo estudo investigou o HIV em adultos mais velhos no Quênia e na África do Sul.
Eles utilizaram dados coletados na área urbana do Quênia e em locais urbanos e rurais da África do Suldurante duas ondas de coleta de dados: 2013-2016 e 2019-2022. De acordo com o pesquisador, as percepções sobre quem contrai o HIV são limitadas.
“Muitas vezes pensamos no HIV como uma doença de pessoas mais jovens. O fato de as campanhas de intervenção serem direcionadas principalmente aos jovens não ajuda em nada.”, diz em comunicado.
Além disso, os mais velhos têm menos probabilidade de acreditar que podem contrair o HIV. Essa ideia equivocada é generalizada e tem consequências para o alcance das metas globais de 95-95-95 do UNAIDS até 2030 (95% das pessoas vivendo com HIV conhecem seu status sorológico, 95% das pessoas que conhecem seu status sorológico estão em tratamento e 95% têm carga viral suprimida).
“Embora a prevalência do HIV entre indivíduos com mais de 50 anos seja semelhante ou até mesmo exceda a de adultos mais jovens, as pesquisas sobre HIV se concentram em indivíduos mais jovens, deixando lacunas consideráveis na compreensão da prevalência, incidência e resultados do tratamento do HIV em populações mais velhas”, afirma o professor associado F. Xavier Gómez-Olivé, da Unidade de Pesquisa MRC/Wits-Agincourt.
Desafios no Diagnóstico e Tratamento do HIV em Idosos
A adesão ao teste de HIV entre adultos mais velhos é baixa, o que atrasa o diagnóstico e limita o acesso aos cuidados. Este é, de fato, um dos indicadores da perversividade do estigma em torno da doença.
“Sabemos que existe um estigma social significativo relacionado à infecção pelo HIV. É por isso que compreender o estigma relacionado ao HIV em idosos continua sendo crucial como forma de subsidiar intervenções que apoiem a saúde mental e o bem-estar geral dos idosos”, afirma Olubayo.
As intervenções podem se concentrar na repetição dos testes, no uso da profilaxia pré-exposição (PrEP) e em campanhas para aumentar a conscientização e reduzir as infecções na faixa etária a partir dos 50 anos.
“O HIV também pode ser controlado em conjunto com outras condições crônicas, visto que o HIV é tratado como uma doença de longa duração”, afirma Gómez-Olivé.
Doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes e obesidade, aumentaram drasticamente na África Subsaariana, particularmente entre os idosos. O tratamento e a intervenção do HIV podem ser incluídos no ecossistema de cuidados de saúde para doenças de longa duração.
O estudo mostra que idade, educação, gênero e local de moradia afetam o risco de HIV. Embora mais pessoas tenham acesso ao tratamento, os mais velhos – especialmente em áreas rurais – ainda enfrentam desafios significativos na prevenção da infecção, como baixos níveis de educação e desigualdade de gênero.
Mulheres viúvas apresentaram a maior taxa de HIV (30,8%). Isso pode ser devido à perda de um parceiro para o HIV, ao estigma e a um maior risco de comportamentos inseguros, como sexo transacional e poder limitado para negociar o uso de preservativos. Pessoas sem educação formal e com baixa renda também apresentaram taxas mais altas de infecção por HIV.
Cenário Brasileiro e o Aumento de Casos de HIV entre Idosos
De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), no Brasil, o cenário é semelhante. Os idosos geralmente também não são os alvos das campanhas, ainda que vivam um aumento importante nos casos de HIV.
Marco Túlio Cintra, geriatra e presidente da SBGG, acredita que alguns fatores impactam no aumento de casos de HIV entre idosos no Brasil. Um primeiro fator, aponta, é o baixo uso de preservativos, já que não existe mais a preocupação com uma possível gravidez. Já o segundo é a popularização dos medicamentos contra a disfunção erétil, que prolongaram a vida sexual de muitos homens, avalia o médico.
Em comunicado, ele afirma que essa realidade expõe uma necessidade de orientação das medidas preventivas, de garantia do diagnóstico precoce e de acesso aos tratamentos contínuos e especializados para os idosos que vivem com HIV.
“Não podemos nos esquecer da questão da saúde mental e emocional dessas pessoas, uma vez que o estigma social relacionado ao HIV e à AIDS pode afetar a autoestima e o bem-estar psicológico do idoso. Assim, esse suporte deve fazer parte do tratamento”, acrescenta o médico, em comunicado.
Fonte: O Globo/Jornal Folha do Progresso e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 07/05/2025/10:28:14
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