Em mensagem, empresário diz ter alertado Gayer sobre uso irregular de verba pública: ‘A gente está pregando uma coisa e vivendo outra’
Endereço do curso de inglês de Gustavo Gayer que, segundo a PF, é bancado com recursos da cota parlamentar; aluguel é pago pela Câmara — Foto: Gabriel Sabóia
Mensagem foi interceptada pela Polícia Federal e incluída em manifestação da PGR que pediu mandado de buscas contra o deputado federal
Mensagens interceptadas pela Polícia Federal mostram que um empresário próximo ao deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) diz ter alertado o parlamentar sobre irregularidades no uso de verbas públicas. A investigação aponta que Gayer utilizou recursos da Câmara para custear uma escola de inglês em seu nome. O parlamentar e o empresário foram alvos de mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, nesta sexta-feira.
Ao se manifestar a favor das ações, a Procuradoria-Geral da República citou a mensagem enviada pelo empresário, descrito como “amigo próximo” de Gayer, a um secretário parlamentar do deputado.
“Ou seja, a escola tá sendo paga com recurso público e tá sendo usada pra um fim totalmente que tipo num existe, né. Num tem como ser assim e aí eles vão levando ou seja ainda não entenderam a gravidade, sabe. Moço pra esse povo já ter alguém ali na porta fiscalizando… filmando… vai ser igual o caso aquela mulher do Popular na Assembleia (…)”, disse o empresário, que completou em seguida:
“O Gustavo hoje ele é uma vidraça, ele é um alvo e se for pra cima, moço, infelizmente a gente tá tipo errando nesse sentido, a gente tá pregando uma coisa e vivendo outra… infelizmente a gente tem muitas coisas erradas acontecendo aí”.
Segundo os investigadores, as mensagens “reforçam a hipótese investigativa” de que o parlamentar usava recursos da cota parlamentar para manter atividades privadas.
Em nota, o deputado afirmou que a operação da PF causa “bastante estranheza” e atribuiu a questões eleitorais de Goiânia, onde seu candidato, Fred Rodrigues (PL), concorre à prefeitura contra Sandro Mabel (União). “Entendemos que ações deste tipo não podem ser deflagradas no ápice do processo eleitoral, posto que atos judiciários interferem diretamente na política local, o que coloca em xeque a seriedade das decisões”.
“Demandas privadas”
Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que a investigação da PF levantou indícios de que o deputado usou assessores parlamentares para “desempenho de demandas privadas”. Essas atividades privadas – uma escola de inglês e uma loja de roupas – também seriam financiadas parcialmente com verbas da cota parlamentar. Conforme as investigações, os estabelecimentos funcionavam em um espaço alugado para ser um gabinete de Gayer.
“Os indícios colhidos pela Polícia Federal revelam que o Deputado Federal Gustavo Gayer teria empregado seus secretários parlamentares, remunerados com recursos públicos, para o desempenho de demandas privadas, bem como teria utilizado verbas públicas para manter, ainda que parcialmente, essas atividades privadas, uma vez que funcionariam em local custeado com verbas de cota parlamentar”, escreveu o ministro.
Fonte: Eduardo Gonçalves , Daniel Gullino e Sarah Teófilo — Brasília e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 25/10/2024/17:38:31
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