Gilmar Mendes, sobre Bolsonaro indicar ministro evangélico no STF: ‘Importante é que indique alguém que saiba ler a Constituição’

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Gilmar Mendes foi o convidado do ‘Conversa com Bial’ e falou sobre Sérgio Moro — Foto: Reprodução/TV Globo

“Nos últimos 20 anos esteve entre protagonistas dos principais lances de nossa história. Seja porque tenha buscado tal lugar, ou porque nos últimos anos tudo no Brasil, da vida privada à política, virou questão de justiça”.

Com essa introdução, o Conversa Com Bial recebeu nesta segunda-feira, 14/10, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Entre os assuntos, a Lava Jato, o próprio STF, muita política e também a possível indicação de um futuro ministro evangélico pelo presidente Jair Bolsonaro.

“Ele disse que ia indicar para essa vaga do Celso de Mello um ministro terrivelmente evangélico. Eu até tenho dito que é importante é que indique alguém que saiba ler a Constituição.”

“Se for evangélico, não terá nenhum problema”, completou o ministro.

O primeiro ano de governo do presidente Jair Bolsonaro foi motivo de conversa entre Pedro Bial e Gilmar Mendes. O apresentador quis saber a avaliação do ministro.

“É uma avaliação complexa de se fazer. E nós mesmos, no Tribunal, já tivemos várias decisões, decretos que extrapolam limites da lei. Discussões desse teor. Eu acho que é um novo grupamento político, uma nova corporação que está fazendo um aprendizado institucional. Agora, eu devo dizer assim que algumas concepções que ele revela, por exemplo, no sentido anticorporativista, eu tenho a visão positiva”.

Gilmar e Bial lembraram que o ministro sofreu inúmeras criticas por suas opiniões sobre a Lava Jato.

“Eu reconheço desde o começo, tanto é que vivem me dizendo que eu tenho que chamar atenção para isso e tal. Ou que eu caí em contradição porque eu elogiei e depois critiquei. Eu elogio sempre o bom trabalho que se fez na Lava Jato no combate à corrupção. Isso é um trabalho extremamente importante, como eu elogio o trabalho que o Supremo Tribunal fez através de uma investigação feita por uma CPI. Eu elogio e reconheço, como também sou crítico dos abusos que são perpetuados”.

Questionado pelo apresentador se há lugar para Moro no STF, ele afirmou que não caberia a ele decidir.

“O Moro chegou quase como um primeiro ministro. Depois ele virou esse personagem que o Bolsonaro leva para o Jogo do Flamengo. Antes, o Bolsonaro precisava dele, agora ele passa a precisar do Bolsonaro. Eu acho que o presidente terá uma imensa dificuldade de fazer essa primeira escolha (para o cargo de Ministro do STF) porque ela vai querer dar o seu toque pessoal”.

O jornalista também quis saber sobre a possibilidade das sentenças de Sérgio Moro na Lava Jato serem invalidadas. Moro hoje é ministro da Justiça e Segurança Pública.

“Me parece que é importante debater essa questão tendo em vista que a possibilidade de que a prova ilícita seja relevante sim para efeito de exonerar alguém de responsabilidade. Esse acho que é um debate que a turma deve ter”.

Gilmar lembrou que foi colega de Rodrigo Janot na Procuradoria Geral da República. O ministro também comentou que recentemente, Janot foi notícia sobre ir armado para o STF com o plano de matá-lo.

“Uma pessoa tinha me falado dessa história e eu achei a história um tanto quanto inventada. Depois ele publicou e afirmou.”

Durante a conversa, Bial perguntou sobre o procedimento jornalístico de resguardar a fonte da informação, como no caso de vazamentos que implicam contra a Lava Jato.

“O vazamento, como hackeamento, é crime. Não por parte do jornalista, mas por parte da fonte da autoridade. Esse é um ponto, inclusive, de fricção entre nós”, citou o Ministro Gilmar Mendes.

Gilmar também foi questionado sobre a possibilidade de o ex-presidente Lula ser solto da prisão em Curitiba.

“Não sei. É uma questão que vamos ter que examinar com muito cuidado e a minha percepção de que nos círculos acadêmicos no mundo, há a impressão que há muitos vícios nesse processo do Lula e eu tenho dito que o Lula merece um julgamento justo. Tudo isso que vem se revelando, de fato, deixa suspeita sobre esse caso”.

O fato do STF ser criticado por alguns habeas corpus concedidos, foi motivo de curiosidade de Pedro Bial. Gilmar Mendes, que ficou conhecido nas redes sociais como o ‘juiz que manda soltar’, contou que o habeas corpus foi demonizado.

“E habeas corpus em si mesmo, é um instrumento técnico, importante para libertar pessoas que tenham sido presas indevidamente. Aqui não se está fazendo nenhum juízo sobre absolvição ou condenação, inicialmente. Eu posso, por exemplo, dizer que a pessoa já está presa há um tempo alongado demais, portanto, já não se justifica a prisão. Ou porque a instrução processual penal já terminou, eu não preciso mais, portanto, ter essa pessoa presa.”

“Em suma, há muitas razões, mas eu acho que houve uma certa politização desse tema e a partir daí, acho que muitos usaram a seu favor essa visão: ‘Ah, toda vez que o Tribunal libertar alguém, é porque ele está fazendo algo errado e não são eles que fizeram algo errado a prender, somos nós que fizemos algo errado ao soltar’, entende. Essa demonização do habeas corpus é muito perigosa para as sociedades democráticas.”

Bial também relembrou embates no Supremo em que Gilmar era o protagonista.

“Veja que em debate não sou eu que estou sendo grosseiro com as pessoas, em geral eu não faço nenhuma imputação de caráter pessoal. Eu sempre digo: ‘Eu vou duro na bola. Eu discuto as questões que estão postas'”, comentou o ministro.

Gilmar comentou sobre ser hostilizados nas ruas, ter muitas menções nas redes sociais e sobre virar memes e até pagode.

“Posso ter uma parcela de responsabilidade. Certamente, outros colegas têm tido esse tipo de manifestação. Eu tenho a impressão, eu quero dividir uma parcela dessa responsabilidade com vocês. Acho que vocês têm uma grande parcela de responsabilidade”, falou Gilmar sobre os jornalistas.

“Eu levo na brincadeira. Isso são frases para vocês repetirem”, contou sobre os memes nas redes sociais.

Por:Gshow

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