Movidos pela fé, fiéis caminham 37 km de Mojuí dos Campos a Santarém, PA
O sábado começou com um longo caminho para centenas de pessoas movidas pela fé. Pelo 22º ano, peregrinos saíram de Mojuí dos Campos a caminho de Santarém, no oeste do Pará em uma prova de resistência e devoção na Caminhada de Fé com Maria, evento que integra as Festividades de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da Diocese da Santarém. O trajeto de 37 km entre as duas cidades reuniu ao menos 125 mil pessoas, segundo a organização. A estimativa do Corpo de Bombeiros é de que a caminhada reuniu 80 mil fiéis, passando por rodovias, ruas e avenidas até a igreja Matriz.

Antes da caminhada, os fiéis se concentraram no Campo Nogueirão para acompanhar a missa de envio presidida pelo bispo da Diocese de Santarém, Dom Flávio Giovenale que começou por volta de 19h30. Antes, a igreja de Santo Antônio e as ruas de Mojuí já estavam tomadas por moradores e peregrinos de outras regiões. Crianças, jovens, adultos, idosos e famílias inteiras deixaram suas casas para participar de uma das mais importantes demonstrações de fé a Nossa Senhora. Às 20h30, após a missa, os caminhantes tomaram conta da rodovia PA-431, que liga Mojuí até a rodovia BR-163.
Passo a passo a procissão foi tomando rumo e contagiando os participantes. Pelo caminho, vozes de um povo que rezava, agradecia e aproveitava para pedir bênçãos e fazer suas orações em silêncio ou mesmo em voz alta, pois o que importou mesmo foi a fé e a coragem de cada um. Na frente da Berlinda, músicos faziam a animação e interagiam com o público do alto de um trio elétrico. Mais atrás, outro trio elétrico também alegrava os caminhantes e anunciava a passagem da imagem. Foi nesse clima que a romaria seguiu em direção a BR-163.
No meio da multidão, a berlinda com a imagem de Nossa Senhora, protegida por uma corda, iluminou os fiéis por todo o trajeto. O sacrifício era visível em cada rosto, mas o desejo de chegar até o fim falava mais alto. O sono parecia não existir diante da distância a ser percorrida. No trajeto, homenagens feitas por famílias e instituições públicas. No 8º Batalhão de Engenharia de Construção (8º-BEC), teve distribuição de mingau e em algumas casas, frutas, água e até geladinhos para saciar a sede dos peregrinos. Quem não caminhou teve a oportunidade de ajudar.

Caminhada há 20 anos (Foto: Adonias Silva/G1)
Foram muitas as demonstrações de carinho a padroeira Nossa Senhora da Conceição. Casas enfeitadas, fogos de artifício, faixas nas cores azul e branca. O que não faltou foi criatividade. Na porta de casa, famílias montaram uma espécie de altar decorativo para ver a Santa passar. Entre os devotos, aqueles que tiveram a oportunidade de caminhar pela primeira vez na romaria e outros reviveram a experiência que a cada ano só aumenta. O trajeto de pouco mais de 10h foi longo, cansativo e exaustivo, mas para os fiéis, possui significados importantes, além do fato de caminhar.
Para uns, é uma forma de agradecimento a Santa e para outros, o pagamento de uma promessa. A aposentada Terezinha Silva, 67 anos, participa da Caminhada há 20 anos. Ela viajou cedo até Mojuí para participar da romaria. “Para mim é um momento mais emocionante, onde eu lembro os meus familiares e de todas as pessoas amigas. Todos os anos eu consigo chegar até o fim. No dia em que eu não puder mais, é porque ela não quer que eu caminhe com ela e já vou esperar ela lá na Matriz. A fé faz a gente chegar lá. Não sinto nenhuma dificuldade, não como nada também, só tomo um pouquinho de água todo tempo até chegar”, afirma.

anos da Caminhada (Foto: Adonias Silva/G1)
E há ainda quem realize a caminhada somente por devoção a Nossa Senhora, um gesto de amor e carinho, marcado também pela emoção. A estudante Rayne Paula, 21 anos, contou ao G1 que há 10 anos caminha de Mojuí a Santarém. “O que me faz caminhar é a fé a Nossa Senhora. Nós sempre fazemos pedidos e também agradecimentos. A gente faz esse sacrifício, caminhado esses trinta e sete quilômetros para ela. Hoje estou agradecendo pela minha faculdade. Estou me formando esse ano em radiologia e é uma graça que eu alcancei por intermédio dela. Todos os anos consigo ir até o fim”, relata.
Alguns ficaram pelo caminho por dificuldades em caminhar e até problemas respiratórios, segundo Bombeiros. Outros porque as forças não foram mais suficientes. Além do preparo físico para suportar a maratona, os participantes tiveram ainda que ter muita força mental para chegar até o fim. Passava de 00h30 de domingo (4) quando a Berlinda chegou a BR-163. Em outro trecho da estrada, pessoas paravam para descansar e massagear as pernas para continuar a batalha. Por volta de 5h20 a berlinda passou próximo ao viaduto da Av. Fernando Guilhon. Teve fogos e chuva de papel picado por alguns instantes.

Os primeiros a concluírem a caminhada chegaram por volta das 4h na igreja Matriz. A imagem chegou pontualmente às 6h30 no elevado da Praça Matriz e foi recebida com festa e alegria pelos caminhantes. Olhando de perto, parecia que as forças dos fiéis estavam de fato se esgotando, como se já não tivessem resistência para tanto sacrifício. Na chegada, a sensação de dever cumprido, um momento marcado pela emoção em caminhar outra vez ao lado de Maria. Mais que uma demonstração de fé, a Caminhada de Maria representa doação, entrega, que vai além dos limites do corpo.
Por Adonias SilvaDo G1 Santarém
“Informação publicada é informação pública. Porém, para chegar até você, um grupo de pessoas trabalhou para isso. Seja ético. Copiou? Informe a fonte.”
Publicado por Jornal Folha do Progresso, Fone para contato 93 981177649 (Tim) WhatsApp:-93- 984046835 (Claro) E-mail:folhadoprogresso@folhadoprogresso.com.br