Prefeita usou dinheiro público para mandar matar jornalista

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Ela usou R$ 20 mil da Secretaria de Saúde para encomendar assassinato de jornalista

Apontada como mandante do assassinato do jornalista Maurício Campos Rosa, 64, dono do jornal “O Grito”, a prefeita afastada de Santa Luzia, Roseli Ferreira Pimentel (PSB), agora é acusada pela polícia de desviar dinheiro público, cerca de R$ 20 mil, para contratar os executores do crime, ocorrido em agosto do ano passado.

Nesta segunda-feira (11), a Polícia Civil esclareceu as circunstâncias da execução da vítima, que estaria extorquindo dinheiro da então candidata à reeleição, cobrando para não divulgar “podres” dela e para não mudar a linha editorial do jornal em desfavor da suspeita – o valor exigido não foi revelado pela corporação.

Segundo o delegado César Matoso, responsável pelas investigações, a polícia chegou ao nome de Roseli a partir do relato de uma testemunha, do mesmo grupo político dela. “No começo da campanha para o cargo de prefeito, o jornal ‘O Grito’ tinha uma linha editorial favorável à indiciada. No entanto, com o passar do tempo, a motivação do fato (crime) se deu por chantagem da vítima, que cobrava valores em dinheiro da então candidata. Nós não temos detalhes de quais seriam essas ameaças”, disse.

Segundo o delegado, o dinheiro usado para pagar o homicídio foi desviado por meio de uma complexa manobra contábil. Os cerca de R$ 20 mil foram garantidos em uma nota emitida pela Secretaria Municipal de Educação, supostamente destinada à compra de mamão, que seria servido na merenda escolar. Porém, o recurso foi compensado pela Secretaria Municipal de Saúde.

Amigos? A ordem de Roseli para assassinar o jornalista foi destinada a Alessandro de Oliveira Souza, o Leleca, que era amigo de Maurício, chegou a morar por um tempo na sede do jornal e foi o responsável por atrair a vítima até a porta de sua casa, no bairro Frimisa, onde ocorreu a execução. Leleca também era o responsável por fazer a ponte entre a prefeita e o jornal.

Maurício foi assassinado com cinco tiros, um no pescoço e quatro nas costas, em 17 de agosto de 2016. Leleca ligou para o amigo e o convidou para um encontro. Ele e outros dois homens foram presos na última quinta-feira, mesmo dia em que Roseli foi detida.

O jornalista foi socorrido na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) em Santa Luzia. De lá, ele foi transferido para o Hospital Risoleta Tolentino Neves, em Belo Horizonte, onde passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.

A vítima era separada e deixou uma filha adolescente, que tem 15 anos. “Foi um ano de investigação intensa. Eu vi as lágrimas nos olhos da filha do Maurício. Chegamos a ouvir várias pessoas, inclusive adversários políticos apontados pela própria Roseli”, afirmou o delegado.

Cassada. O mandato de Roseli Ferreira Pimentel já havia sido cassado cinco vezes, mas ela continuava no cargo por força de liminares. A prefeita só foi afastada por ter sido presa.

Servidores também são indiciados

Além dos indiciados pelo homicídio, cinco pessoas foram indiciadas por peculato. Entre elas, a tesoureira da prefeitura na época, Mônica Maria Lara Augusto Rocha, por desvio de verba. Foi indiciada também a servidora municipal Kelly Valéria Luiz de Oliveira, que retirou os pertences da vítima – dinheiro, carteira e roupas – e enviou ao gabinete da prefeita a mando dela. Os outros são Tarick Elias Bruck Campos, Alessandro de Oliveira Souza e Leonardo Lúcio Morais, que é policial militar. Se condenados, a pena varia de dois a 12 anos de prisão.

O chefe da Sala de Imprensa da Polícia Militar, major Flávio Santiago, afirmou que a corporação acompanha a investigação e, se for comprovado o envolvimento do militar, tomará as providências necessárias. (CC / Aline Diniz)

Trama começou três dias antes

O assassinato de Maurício Rosa foi tramado três dias antes do crime, quando Leleca combinou o crime com Paulo César Florindo de Almeida, 28. “Localizamos na conta de Paulo César R$ 11 mil. Como todos negam o crime, não sabemos quanto cada um ganhou”, disse o delegado César Matoso.

Almeida, que está foragido, teria contratado Gustavo Sérgio Soares Silva, o Gustavim, e David Santos Lima, o Nego. Ambos estão presos.

Defesa. O advogado da prefeita Roseli Ferreira Pimentel, Marcelo Leonardo, disse que sua cliente se encontrou três vezes com a vítima, mas não detalhou as circunstâncias. “Ela o conhecia porque todo mundo da cidade o conhecia”, afirmou.

Segundo ele, Roseli nega participação no homicídio. Sobre o suposto desvio de verba, ele alegou que os esclarecimentos já foram prestados em inquérito, que isentou Roseli de responsabilidade.

Fonte: O Tempo.
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