“Assassino não pode ser ídolo”: mulheres protestam contra Bruno no Operário; vídeo

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Protesto Bruno goleiro operário

Tinha torcida fazendo batuque, foguetório e bandeira flamejando. Pagode e rasqueado tocando. Churrasquinho, pastel e cerveja à venda. Guarda Municipal controlando o trânsito e muita gente chegando, na noite desta terça (21), para a disputa Operário e Poconé, no Estádio Municipal de Várzea Grande, o “Dito Souza”. O jogo abriu a 1ª rodada do Campeonato Mato-Grossense 2020. E, além de todo cenário já esperado em um jogo qualquer, teve também protesto. Um grupo de mulheres quebrou o protocolo festivo do futebol e também fez barulho, com um carro de som e batuques. No entanto para denunciar o feminicídio.

(Foto:Dayanne Dallicani)
(Foto:Dayanne Dallicani)

Manifestantes afirmam que não são contra o futebol ou o Operário de VG, mas rejeitam a contratação do goleiro Bruno, condenado a 20 anos, por matar e ocultar o corpo de Eliza Samúdio, em 2010. Ela era ex-namorada dele e mãe do filho, um menino, o Bruninho, hoje com 9 anos.

O grito de protesto era #Bruno não!

“Não desejo esse exemplo educacional para nossas crianças”, diz a presidente do Conselho Estadual da Mulher de Mato Grosso, Gláucia Amaral. A entidade já tinha emitido nota rechaçando Bruno no futebol, na condição de ídolo. “Aqui tem uma festa, senhoras e senhores, não somente uma segunda chance, a ressocialização, da qual somos a favor, é outra coisa, aqui tem é visibilidade, jogos nacionais, não é ressocialização, é fazer de conta que o feminicídio pode ser superado com facilidade e ele, rapidamente, vai retomar todo o glamour da vida que ele tinha”.

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Pedro acompanha campeonato mato-grossense: contratação não se justifica por 2 motivos

Pedro acompanha campeonato mato-grossense: contratação não se justifica por 2 motivos(Foto:Dayanne Dallicani)
Pedro acompanha campeonato mato-grossense: contratação não se justifica por 2 motivos(Foto:Dayanne Dallicani)

Ela destaca que um atleta tem que ser modelo.

“Se você for em outros países, o atleta tem que estar na escola, tem que ser exemplo, tem que trabalhar. (E em outros esportes, como) No UFC, por exemplo, é contrato rompido se bater na mulher”, diz Gláucia.

A postura de vetar Bruno, segundo ela, tem que partir do clube esportivo. “Senhor Bruno tem todo direito de tentar retomar a vida, quem não deve aceitá-lo no time é o Operário”.

A advogada Luciana Serafim é uma das organizadoras do protesto. Diz que quando ouviu a notícia da contratação de Bruno se sentiu revoltada. “Quis externar essa minha revolta e meu repúdio nesta manifestação”.

Atleta tem que ser modelo: Gláucia Amaral, do Conselho da Mulher

(Foto:Dayanne Dallicani)
(Foto:Dayanne Dallicani)

No protesto, tinha homens também, como o professor Robinson Ciréia. Ele é da CUT, mas afirma que sua participação no ato é como cidadão. “Gosto de futebol, sou torcedor, é muito ruim ter um jogador que fez o que fez e ainda jogando bola. Uma pessoa que fez o que fez não pode ser ídolo”. O caminho para a ressocialização dele, na opinião dele, deve ser outro. Que busque outra profissão.

Mas nem todo mundo pensa assim e as opiniões, na porta do estádio, estavam divididas. A nutricionista Drielly Borba, de 27 anos,  chegou ao estádio com pai para o jogo. Logo de cara se disse contrária ao protesto das mulheres. “Me isento de opinião, não acho certo, nem errado. Apoio o esporte, então independente dele (Bruno) vir ou não, quero que o time ganhe”. Quanto ao crime que ele cometeu, diz que isso não a incomoda. “São duas coisas diferentes: vida profissional e vida pessoal”.

Pedro Ribeiro, 31, servidor público, gosta de futebo, é torcedor do Operário e acompanha o campeonato local. Segundo ele, a contratação não se justifica nem tecnicamente e nem moralmente. “Sou duplamente contra”.

Com muito sotaque, o varzea-grandense Roberto de Jesus, 57, diz que no Brasil tem um monte de assassinos de mulher e se fôssemos questionar todos eles ninguém faria mais nada da vida. “Sou a favor do Bruno”.

Visitando Mato Grosso, Ronaldo Barbosa, 52, de Rondônia, foi ao estádio com filho, neto e diversos familiares, para uma noite divertida de futebol. Ele também defende o Bruno. “O que ele fez na Justiça já pagou. Se não pagou, vai acertar com Deus, agora tem que trabalhar”.

Leonardo Castro, vice-presidente da Força Jovem, é Operário de coração, tanto é que tatuou o brasão do time no braço, estava batucando com cerca de 40 outros integrantes da torcida organizada. “Não vamos dar nenhum parecer oficial, nem postar nada, nem favorável, nem contra o Bruno, porque incondicionamente vamos apoioar o clube, é o clube acima de qualquer coisa para nós”.

Veja vídeo

Por:| RDNEWS – Keka Werneck

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