Da água para mesa: ostras da Amazônia conquistam mercado

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Comunidades do interior do Pará apostam na produção do molusco.

“Nossa vida mudou a partir do momento que fomos vistos pelo nosso trabalho e esforço. As marés nos dão base para o que precisamos e é delas que tiramos a nossa renda extra. Não imaginávamos que a produção de ostra vinha para mudar o pensamento e o paladar das pessoas.” É assim que o agricultor Tito Carneiro demostra seu carinho e orgulho pela nova atividade que desenvolve junto com a comunidade de Santo Antônio de Urindeua, a 25km do município de Salinópolis, nordeste paraense.

A Ostreicultura é uma prática que reúne paciência, tradição, sabedoria e cultivo. Afinal, cada semente de ostra demora mais ou menos seis meses para atingir a fase juvenil (a primeira e menor de todas). Trabalho árduo e nada simples. É como cuidar de um filho e ensiná-lo a se desenvolver. “No início foi muito difícil para a comunidade, perdemos muitas sementes, mas insistimos na produção e hoje, com a ajuda e incentivo do Sebrae, construímos um pequeno rancho onde recebemos as pessoas para comprar e degustar o molusco. Agora somos uma rede, uma família que cuida para se manter e evoluir”, diz radiante Maria José Santos, coordenadora da Associação dos Agricultores, Pescadores e Aquicultores do Rio Urindeua (Aspac), que conta com cem famílias beneficiadas.

A comunidade não abraça apenas essa produção, mas assim como a ostra, os mexilhões, siris, camarões já faziam parte do cardápio diário das pessoas que moram às margens das águas salgadas. Mas em decorrência da prática desregular e excessiva, o molusco foi se extinguindo. E foi a partir desse alarde que o Sebrae entrou em ação e uniu forças, junto com outras sete comunidades para criar a rede ‘Nossa Pérola’, que disciplina o trabalho dos 88 produtores e promove ações conjuntas, garantindo o cultivo e a comercialização do produto.

Ao contrário do que se via há algum tempo, bares e restaurantes do município de Bragança, nordeste do estado, e Belém começaram a se interessar e já consomem cerca de 14% do total do produto. Ou seja, a ostra já tem sua parcela de participação no cardápio de alguns estabelecimentos. “O nosso trabalho é divulgar o que comercializamos. Isso não deixa de ser um incentivo para os ostreicultores produzirem cada vez mais. O produto sempre esteve presente no meu restaurante, e com a demanda cada vez maior, tive que aumentar a quantidade. Hoje faço 30 pratos elaborados, graças a ostra de cultivo, e confesso, não existe satisfação maior”, disse Carlos Luiz Malicheschy, proprietário de restaurante em Salinópolis.

Entenda como funciona a Ostreicultura:

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A ideia de cultivar ostras em cativeiro surgiu em 2001, quando pesquisadores de universidades avaliaram o ambiente na comunidade de Nova Olinda, vila ligada ao município de Augusto Correa, no Pará, que lidera a ostreicultura. Segundo o Sebrae, só em 2016, a comunidade produziu mais de 157 mil ostras, o que representa 55% do molusco comercializado no Pará, gerando um faturamento de R$ 105 mil. E devido ao pioneirismo, um grupo de produtores recebe a visita constante de pesquisadores, ostreicultores de outros estados e turistas do Brasil inteiro. “A ostra tem um caráter econômico forte e a lucratividade é alta. Tem comunidades aqui que vão ter dois ciclos por ano. Isso não existe em lugar nenhum do mundo, só no estado do Pará”, afirma o gerente do Sebrae Caeté, Olavo Ramos Jr.índice

Com essa aproximação, muitos chefes de cozinha aproveitam para conhecer melhor o cultivo sustentável e saber mais sobre o molusco da Amazônia. “O diferencial é o sabor, já que é cultivada na Amazônia. Existe o tabu sobre o valor ofertado, mas temos que compreender que existe todo um trabalho, dedicação e tempo por trás disso. Agora podemos entender que o valor dela no comércio é honesto”, completa Roberto Satoshi, chefe de cozinha e proprietário de um renomado restaurante em Belém.

O ponto mais importante é que o cotidiano virou incentivo e a força em conjunto, aliada a muita dedicação, gerou trabalho para várias famílias. O Sebrae e as comunidades se uniram na formação de uma Rede que gera emprego, renda, satisfação e um único desejo: o desenvolvimento, das pessoas e da região.

Fonte: ORMnews.
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