Ecoturismo em Belém: experiências sustentáveis conectam visitantes da cidade à floresta amazônica
Vista aérea do Mangal das Garças, jardins paisagísticos com torre de observação ribeirinha e lagoas. Importante ponto turístico de Belém do Pará, — Foto: Getty Images
Turismo ecológico cresce na capital paraense e impulsiona pequenos negócios da bioeconomia
Com rios, florestas e uma biodiversidade única, Belém tem se consolidado como um dos principais destinos de ecoturismo na Amazônia. A escolha da cidade para sediar a COP30, em novembro de 2025, ampliou a visibilidade internacional do turismo sustentável na região, e impulsionou a procura por experiências de imersão na natureza e na cultura local. Na Ilha do Combu, um dos destinos mais procurados pelos visitantes, a produtora Izete Costa, a famosa Dona Nena, que recebeu o ministro da França, Emmanuel Macron, ano passado, já observa um crescimento no interesse dos visitantes.
“O turismo tem sido fundamental para que as pessoas conheçam a origem do que consomem. Quando vêm até aqui, elas não compram apenas um chocolate, mas uma história. Veem como o cacau é cultivado, conhecem as famílias envolvidas e isso muda a percepção sobre a Amazônia”, conta a produtora, que há quase duas décadas transformou a plantação de cacau de sua família em um negócio rentável e sustentável.
O Filha do Combu, fábrica de chocolates artesanais comandada por Dona Nena, é procurado por quem busca por ecoturismo e bioeconomia na capital paraense. No espaço, os visitantes podem acompanhar a trilha do chocolate na floresta nativa, conhecer o processo artesanal de produção e degustar variedades que vão de barras tradicionais a bombons recheados com ingredientes típicos da floresta. O negócio emprega mais de 20 pessoas da ilha.
Com a expectativa de crescimento no turismo devido à COP30, Dona Nena projeta um aumento expressivo na visitação da fábrica, que já recebe cerca de 120 mil visitantes por ano. “Nos meses de alta temporada, podemos receber até 16 mil turistas por mês. É um movimento que pode fazer a diferença para os pequenos produtores da região”, destaca.
Para chegar à Casa de Chocolate Filha do Combu, o visitante deve se dirigir ao Terminal Hidroviário Ruy Barata, localizado na Praça Princesa Isabel, no bairro da Condor. No local, é possível comprar os bilhetes para embarque nas lanchas das cooperativas que fazem a travessia até a ilha. As partidas começam a partir das 9h e a passagem custa R$ 10 por trecho (ida e volta totalizando R$ 20). Durante a travessia, de cerca de 15 minutos pelo rio Guamá, já é possível apreciar a paisagem amazônica. Ao chegar, basta solicitar ao barqueiro para desembarcar diretamente na fábrica de chocolate Filha do Combu. Também é possível agendar um passeio direto com a empresa Filha do Combu, pelo telefone (91) 99388-8885.
Turismo de base comunitária na Amazônia
A experiência do turismo de base comunitária se estende a iniciativas como a Casa Ygara, um espaço cultural que resgata e valoriza a identidade dos povos ribeirinhos. Localizada na mesma ilha, a Casa Ygara oferece vivências como a imersão na produção do açaí, do cacau e do camarão, além de banhos de ervas tradicionais.
“Aqui, o visitante não apenas conhece a Amazônia, ele vivencia nossas tradições, aprende sobre o manejo sustentável do açaí, do cacau, do camarão, e participa dos nossos banhos de ervas, que são passados de geração em geração”, explica Iracema Nascimento, proprietária da Casa Yara.
E o turismo tem trazido impactos positivos para a economia local, afirma. “O aumento das visitas tem permitido que mais famílias se envolvam com o turismo e encontrem novas formas de gerar renda sem precisar sair do território. Isso ajuda a manter nossa cultura viva e a floresta em pé”, conclui.
A procura pelo turismo sustentável cresceu nos últimos anos, e a Casa Ygara já observa um aumento no fluxo de visitantes desde o anúncio da COP30. “Estamos recebendo muitas delegações, além de turistas estrangeiros. Nosso espaço entrou no roteiro de alinhamento para a conferência e tem sido um dos pontos mais visitados da ilha”, destaca Iracema.
“O turismo tem sido um instrumento de transformação para a comunidade. Mostramos como empreender no lugar onde vivemos, resgatamos tradições que estavam se perdendo e compartilhamos a essência do povo ribeirinho”, finaliza. Para chegar ao local, basta comprar a passagem de barco no mesmo Terminal Hidroviário, que dá acesso à Ilha do Combu, na Praça Princesa Isabel, e solicitar ao barqueiro o desembarque na Casa Ygara.
Parques urbanos são refúgios ecológicos
Além das ilhas, Belém também oferece opções de turismo ecológico em áreas de preservação dentro da cidade. O Parque Estadual do Utinga, um dos principais destinos da capital paraense, registrou em 2024 um número recorde de visitantes, com mais de 470 mil pessoas. O espaço oferece trilhas ecológicas, passeios de bicicleta, rapel, bóia-cross e tirolesa, além de atividades aquáticas no Lago Água Preta, que serão ampliadas para a COP30.
“Queremos que o Utinga continue sendo um exemplo de como áreas protegidas podem promover lazer, educação ambiental e sustentabilidade”, destaca Nilson Pinto, presidente do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio). Para este ano, estão previstas melhorias na infraestrutura do parque, incluindo um novo centro de visitantes e revitalização de trilhas.
Outro destino de destaque é o Mangal das Garças, um dos cartões-postais da cidade, onde os visitantes podem observar aves amazônicas, borboletas e iguanas em um ambiente de conservação. Já o Bosque Rodrigues Alves, uma área verde de 15 hectares no meio da cidade, abriga espécies nativas da flora e fauna amazônica, funcionando como um pequeno pedaço da floresta dentro do centro urbano. O Museu Paraense Emílio Goeldi também integra essa rede de espaços voltados à educação ambiental e receberá quatro novas exposições e feiras indígenas durante a COP30.
Turismo sustentável e COP30
Empresas locais de ecoturismo já preparam novos roteiros e serviços para o aumento da demanda com a COP30, quando são esperados cerca de 60 mil visitantes na capital paraense. A MonoTour Belém, por exemplo, já registrou um aumento na procura antecipada de pacotes e estima um crescimento de até 70% na demanda em relação a 2024.
“Estamos estruturando roteiros que incluem gastronomia, cultura e imersão na noite paraense. O objetivo é garantir experiências que valorizem os pequenos empreendimentos e fortaleçam a economia local. Estamos apostando que esse momento de holofotes internacionais para nossa cidade faça o turismo decolar”, destaca Raquel do Carmo, sócia-proprietária da agência especializada.
O desafio, para ela, é garantir que esse crescimento ocorra de forma planejada e respeitosa com o meio ambiente e as populações tradicionais. “O turismo ecológico precisa ser um vetor de desenvolvimento sustentável e não um risco para as comunidades. Queremos que a COP30 seja uma grande oportunidade para consolidar Belém como referência em turismo sustentável na Amazônia”, conclui Raquel.
Fonte: Daleth Oliveira, de Belém, para o Um Só Planeta e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 08/02/2025/09:03:28
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