Ao menos 6 lideranças populares já foram assassinadas no Pará

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Lideranças de povos indígenas em protesto realizado em Brasília para denunciar invasões de terras e protestar contra a morte de Paulo Paulino Guajajara, Guardião da Floresta na Terra Indígena Arariboia, em novembro de 2019 (Foto:MATHEUS W ALVES/FUTURA PRESS/AE)

Para a Comissão Pastoral da Terra, assassinatos de lideranças indígenas, no Maranhão, acendem alerta todos os movimentos e defensores de direitos humanos

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) aponta que ao menos 6 lideranças populares foram assassinadas no Pará. O levantamento é deste ano e ainda é informal. Os dados só costumam ser compilados e publicados ao final de cada ano.

Com os assassinatos de dois caciques Guajajara, no Maranhão, somados a outros homicídios, há uma preocupação generalizada entre membros de movimentos sociais, representantes de povos tradicionais e defensores dos direitos humanos ou do meio ambiente

Padre Paulinho Silva, um dos coordenadores da CPT no Pará, manifesta muita preocupação com as mortes de Firmino Praxede Guajajara (Terra Indígena Cana Brava) e Raimundo Belnício Guajajara (Terra Indígena Lagoa Comprida), no sábado (7). Para ele, o principal risco continua sendo o discurso de desprezo a movimentos sociais do presidente Jair Bolsonaro e de muitos membros do Governo Federal e parlamentos.

A lentidão nas investigações e falta de proteção a pessoas ameaçadas apenas piora o medo.

Além dos dois caciques Guajajara, Paulo Paulino Guajajara, outro líder indígena, foi assassinado dentro da Terra Indígena Araribóia, também no Maranhão. Foi atacado por invasores durante emboscada. Laércio Souza Silva Guajajara acabou alvejado no braço e nas costas, mas sobreviveu.

No dia 2, indígena Humberto Peixoto, do povo Tuiuca, do Amazonas, que trabalhava na Cáritas Arquidiocesana, foi espancado. O indígena morreu neste sábado (7). O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) vêm denunciando a violência contra povos tradicionais internacionalmente.

Bolsonaro sempre é responsabilizado por dar voz e razão a entes que sempre foram apontados como promotores da violência no campo: grileiros, mineradoras, grandes empresas do agronegócio e madeireiros.

No Pará, a última vítima da violência no campo não foi indígena, mas está num rol de grupos em risco permanente. Foi Márcio Rodrigues dos Reis, de 33 anos. Ele foi assassinado em uma vicinal, entre os municípios de Anapu (onde era um líder camponês) e Pacajá.

Ele era uma das principais testemunhas em favor de padre Amaro, considerado vítima de falsas acusações, que resultaram na prisão dele, em março do ano passado. Márcio foi preso três vezes, mas liberado por falta de provas. Estava ameaçado de morte e teve de deixar Anapu, onde vivia com a família, por mais de um ano.

“Em decorrência de tanta violência no campo, que não é de hoje e inclui não só trabalhadores rurais, mas povos tradicionais, movimentos sociais, defensores dos direitos humanos e do meio ambiente, as mortes das lideranças Guajajara, no Maranhão, colocam todos os movimentos num clima de apreensão.

As vidas de líderes camponeses e indígenas estão à mercê de um poder destruidor de direitos constitucionais. A violência está institucionalizada e gera muitas formas de morte, como ser expulso de casa e viver sob ameaça”, comenta Paulinho.

Paulinho afirma que as instituições que deveriam prevenir essa violência estão sendo sucateadas e tendo o trabalho dificultado.

Quanto aos programas de proteção, considera que não são ideais, pois retiram as vítimas de casa, não desarticulam as fontes de ameaça e obstruem a atuação política das lideranças.

O coordenador da CPT no Pará reforça que os programas deveriam proteger as pessoas onde elas residem e trabalham.

“É uma das muitas formas de morrer. As ameças de expulsão, judicializadas ou não, ameças de morte. A quantidade de líderes mortos é um termômetro da insegurança que vivemos. E a maioria dos pedidos de proteção são julgados muito lentamente. O clima é de medo e incerteza permanentemente.

Esses ataques deveriam servir para fazer a sociedade reagir à essa violência. Só em Anapu, desde a morte da missionária Dorothy Stang, em 2005, 20 camponeses já foram assassinados. Além do Maranhão, houve morte de indígenas no Amazonas”, lembra Paulinho.

No ano passado, dois casos foram muito emblemáticos no registro de mortes por conflitos no campo. Em dia 12 de março de 2018, Paulo Sérgio Almeida Nascimento foi assassinado em Barcarena. Ele era segundo tesoureiro da Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama), organização que denunciou vazamentos das bacias de rejeitos da empresa Hydro-Alunorte.

Em 15 de abril de 2018, Nazildo dos Santos Brito, 33 anos, líder quilombola da comunidade Turê III, entre os municípios de Tomé-Açu e Acará, foi outra vítima. Assim como Paulo, ele vinha sendo ameaçado por denunciar crimes ambientais na região.

Neste ano, um dos casos no Pará foi da coordenadora regional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Dilma Ferreira Silva. Ela foi assassinada, no dia 22 de março.

No mesmo ataque, morreram Claudionor Costa da Silva, 42 anos (marido de Dilma), e um homem identificado como Hilton Lopes, 38 anos. O caso ocorreu em Tucuruí.

Por:Victor Furtado

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