Dia Internacional da Alfabetização: no Pará, 3 mil estudantes estão retomando os estudos pelo EJA
Foto:Reprodução | O assunto ganha ainda mais destaque nesta segunda-feira (8), quando é celebrado o Dia Internacional da Alfabetização, data que reforça a importância do processo de alfabetizar nos primeiros anos da infância e lembra do combate ao analfabetismo na vida adulta
Quando aprender a ler e escrever parece um sonho distante, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) surge como oportunidade para transformar realidades.
No Pará, mais de 3 mil estudantes que não tiveram acesso à escola na idade certa estão hoje em processo de alfabetização, segundo dados da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
O assunto ganha ainda mais destaque nesta segunda-feira (8), quando é celebrado o Dia Internacional da Alfabetização, data que reforça a importância do processo de alfabetizar nos primeiros anos da infância e lembra do combate ao analfabetismo na vida adulta.
Atualmente, a rede estadual de educação oferta o EJA em 591 escolas, sendo 152 de ensino fundamental e 439 de ensino médio, por meio do Pacto pela Superação do Analfabetismo e Qualificação da Educação de Jovens e Adultos (EJA), garantindo a adesão dos 144 municípios paraenses.
O programa conta com 252 turmas, em 83 cidades paraenses, com apoio do Ministério da Educação (MEC), que financia bolsas, material didático e alimentação. A meta, de acordo com a Seduc, é chegar a 750 turmas até 2026.
Para quem não teve a oportunidade de estudar na infância e na juventude, o acesso à educação, embora seja um direito garantido a todos, acaba se tornando um sonho a ser conquistado. É o caso da servente Maria do Socorro.
Aos 63 anos, ela cursa a 1ª etapa do ensino médio do EJA na Escola Estadual Maroja Neto, em Belém. E, segundo ela, apesar de já ter alcançado muitas conquistas ao longo da vida, um desejo que ainda nutria era aprender a ler e escrever.
“Eu sempre gostei de estudar, mas não tive como dar continuidade aos estudos, porque precisei trabalhar desde cedo para terminar de criar os meus irmãos. Deixei de estudar quando eu ainda era criança. Eu tinha mais de 40 anos quando decidi retomar os meus estudos.
A minha família me deu apoio, os professores que me acompanham e me acompanharam dando assistência também.
Hoje, já leio e faço palavras cruzadas. Na sala de aula, pratico leitura também”, comenta Maria do Socorro, moradora da Águas Lindas.
Oportunidade
Para Maria do Socorro, que estuda no período da tarde na mesma escola em que trabalha como servente, cada conquista é motivo de alegria. “Eu estou aprendendo a ler e já estou escrevendo também. Tem sido um avanço muito bom.
Já aprendi muito”. “Antes, eu ia para a igreja, chamavam todo mundo para ler em determinado momento, mas como eu não sabia ler, começava a chorar. Ficava com vergonha. E foi por isso que eu voltei a estudar. Para pegar os ônibus, na rua, eu já sabia qual era o meu por conta das letras grandes”, diz.
A oportunidade de voltar a estudar também tem ajudado o estudante João Guilherme Silva, de 15 anos. Ele precisou pausar os estudos porque passou por diversas mudanças de cidade, o que contribuiu para que não desse continuidade na época certa.
Cursando a quarta etapa do EJA do ensino fundamental, ele pretende terminar os estudos e se tornar Policial Militar. “Voltei a estudar há cerca de uns três, dois meses. Está sendo um pouco difícil a adaptação, mas tem sido muito bom para mim”, relata o jovem.
“Eu já sabia ler e escrever. E, agora, estou reforçando disciplinas como Geografia, Matemática e Inglês, que eu estava com dificuldade. Não quero parar por nada, quero seguir meus estudos e ir em frente. Fiquei mais de três meses sem estudar. Gosto muito de estudar Física e Geografia”, acrescenta João Guilherme, que mora no bairro da Pedreira.
Didática
A diretora da Escola Maroja Neto, Ana Miranda, destaca que a diferença da EJA para o ensino regular está na metodologia, pois, diferente do ensino regular, precisa-se ter um olhar diferenciado. Segundo a gestora, os estudantes estão há muito tempo fora da escola por razões como trabalho, gravidez e outras situações de injustiça. “Os alunos do EJA voltam sentindo um desejo de melhorar a sua vida, de progredir. Muitas vezes, em busca de aprender a ler, escrever, assinar seu nome, até mesmo interagir econversar”, observa.
Já o professor da rede estadual Adolfo Franco, de Matemática, considera o trabalho na EJA gratificante por permitir o contato com pessoas de diversas idades, desde jovens que retornam aos estudos até idosos.
E no dia a dia, pelo fato de as turmas terem estudantes com níveis de conhecimentos diferentes, é preciso adaptar a didática e metodologia de ensino. Atualmente, ele leciona para turmas do EJA de ensino fundamental, inclusive para estudantes que estão se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Mas, de acordo com o professor, sem deixar ninguém para trás: “O que tem de melhor de trabalhar no EJA é o fato de o aluno ter uma bagagem muito grande. A gente tem que buscar o que o aluno tem. Eu pego a matemática do dia a dia, é aquilo que o aluno traz para a escola e, em função disso, a gente vai construindo o conhecimento matemático. Percebemos, às vezes, que o aluno sabe resolver uma situação-problema. Ele só não sabe como aplicar a matemática em determinada situação. São aulas em que interagimos muito”.
“A educação, para mim, muda o mundo. Por meio da educação, todo mundo tem o direito de crescer. E quando entramos no EJA, vemos pessoas que já apanharam da vida, tiveram que parar os seus estudos para seguir uma outra vida. E que precisa retornar. Percebe o crescimento não só estudantil, como da própria pessoa. O EJA é importantíssimo. A gente socializa a pessoa de volta, além de dar um conhecimento maior para que ela tenha sonhos para o futuro”, completa o professor.
Programa
Em todo o estado, as matrículas para o EJA podem ser feitas diretamente com os alfabetizadores ou nas escolas da rede estadual e municipal. Mas, para além da alfabetização na Educação para Jovens e Adultos, o Programa Alfabetiza Pará é a principal ação do Estado para alfabetizar na idade certa. Instituída pela Lei 9.867, de 13 de março de 2023, a política pública, em regime de colaboração com os municípios paraenses, tem como objetivo alfabetizar todas as crianças até o final do 2º ano do Ensino Fundamental.
O programa se estrutura em três frentes essenciais: avaliação, formação e material didático complementar, articulando gestores, educadores, escolas e municípios, como aponta a Seduc. Dados do Ministério da Educação (MEC) mostram que, em 2024, o total de crianças que sabiam ler e escrever nos anos iniciais do ensino básico no Pará foi de 48%. E a meta estabelecida pelo MEC para 2025 é de 58%.
Mais do que mero conhecimento, a alfabetização traz oportunidades, como relata a dirigente da Diretoria Regional de Educação DRE Belém 4, Andréa Libório: “A Secretaria de Educação, com apoio do Governo Federal, vem trabalhando as formações dos professores e das direções para que a gente possa contribuir para a melhoria da educação e todo o trabalho diferenciado do EJA. Todo o trabalho diferenciado da EJA devolve a dignidade humana a todas essas pessoas, permitindo que escrevam seus nomes e se insiram verdadeiramente neste mundo”.
Município
Em Belém, dados da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Semec) apontam que, em 2023, apenas 48,2% das crianças do 2º ano estavam alfabetizadas. Diante desse cenário, foi firmado um Pacto Municipal pela Aprendizagem, envolvendo gestores, professores, estudantes e famílias em um esforço conjunto para assegurar direitos de aprendizagem com qualidade e equidade.
A alfabetização na rede municipal de Belém vem sendo desenvolvida em três eixos centrais: alfabetização na idade certa, garantindo que todas as crianças estejam plenamente alfabetizadas até o final do 2º ano do Ensino Fundamental; recomposição da aprendizagem, para atender estudantes que já ultrapassaram o ciclo de alfabetização, mas ainda apresentam dificuldades de leitura e escrita; e Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI), como instrumento de inclusão social, valorização da cidadania e abertura de novas oportunidades no trabalho, na cultura e na vida comunitária.
Na Educação de Jovens, Adultos e Idosos, entre 2022 e 2024, foram alfabetizados 3.357 estudantes em turmas da rede e também do Programa Brasil Alfabetizado. Em 2025, atualmente, seis turmas estão em andamento, atendendo 101 alfabetizandos. A meta estabelecida no PPA 2022–2025 é alfabetizar 11.036 pessoas até o final de 2025, ainda de acordo com a secretaria.
“Eu gosto muito de trazer a cultura paraense para dentro da sala de aula. Uso o açaí, o rio, as histórias de feira, as receitas que fazem parte do dia a dia. Isso aproxima o conteúdo da realidade deles e cria uma identificação. Além disso, trabalho com textos que eu mesmo produzo — poemas, bilhetes, contos, receitas e até textos imagéticos — porque assim consigo adaptar a linguagem e o tema para o universo deles”, detalha o professor Carlos Alberto Teixeira do EJA na Escola Municipal Comandante Klautau.
Em março deste ano, a Semec lançou o Programa Pró-Leitura Belém. Entre as principais ações da iniciativa estão: formação de professores e coordenadores pedagógicos; distribuição de materiais didáticos e recursos pedagógicos; aquisição de livros literários para atualização de bibliotecas e espaços de leitura; avaliações constantes de aprendizagem para orientar políticas públicas; atuação de professores em Espaços de Leitura; incentivo à participação das famílias no processo de formação de leitores.
Fonte:O Liberal/ Jornal Folha do Progresso e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 08/09/2025/07:08:01
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