Escola em Primavera está há 45 anos sem reforma

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Grupo de alunos fez uma foto com guarda-chuvas dentro da sala de aula, que quando chove alaga devido as inúmeras goteiras

Uma foto irônica postada nas redes sociais foi a maneira encontrada pelos alunos da sala 2002, do 2º ano do Ensino Médio, da Escola Estadual Manoel Lobato, para chamar atenção da sociedade sobre o descaso com que o Governo do Estado tem tradado a educação do município de Primavera, nordeste do Pará. Semana passada, um grupo de alunos fez uma foto com guarda-chuvas dentro da sala de aula, que quando chove alaga devido as inúmeras goteiras.

Após várias tentativas de conversa com a direção da escola e com a Secretaria Estadual de Educação, os alunos fizeram um protesto na pacata cidade de Primavera, na última sexta-feira, mas como não obtiveram respostas, resolveram mostrar sua insatisfação ao mundo através da internet. “Já estamos cansados de tanta conversa e reuniões. O problema na escola não é de hoje, ele vem acontecendo há muito tempo e ninguém resolve. Fizemos uma manifestação em frente ao colégio, mas nada foi feito, por isso mandamos a imagem para os meios de comunicação, que ironicamente acabou ganhando repercussão nacional”, explicou o aluno Kleverton Reis, 18.

45 anos sem reforma

A escola de ensino fundamental e médio, que hoje abriga 1.300 alunos nos turnos da manhã, tarde e noite, foi construída há 45 anos, e segundo a direção nunca houve uma reforma completa, a ponto de resolver o caos na infraestrutura do prédio. “Os problemas aqui são muito mais sérios do que a foto mostra. O que os alunos fizeram foi uma banalização com o descaso da estrutura precária que nós temos. Há dois anos, foi feita uma reforma, que só fez uma maquiagem no problema. Eles trocaram algumas telhas e colocaram umas portas, que atualmente estão todas quebradas. Fizeram uma pintura, e só. Oficialmente essa reforma nem foi realizada, pois a diretora passada não assinou nenhum documento de entrega”, esclareceu Lijeane Smith, diretora da instituição.

Após a obra mal feita, as portas das salas de aula estão quebradas, as telhas estão afastadas umas das outras e muitas estão quebradas, os banheiros não possuem descargas, o esgoto próximo à copa está a céu aberto, os ventiladores queimados, as lajotas soltas, as paredes rachadas, os quadros brancos destruídos, as cadeiras quebradas, além da quadra de esporte com o piso oco, sem cobertura e rodeada de mato com mais de um metro de altura.

O aluno Carlos Eduardo Monteiro, 11, costuma jogar futebol, mas lamenta a falta de estrutura para a prática do esporte. “É muito ruim jogar bola aqui. Tem muito sol, e o chão da quadra não presta. O mato aqui em volta está cheio de lagartos, e algumas plantas que dão coceira, sem falar nos buracos para colocar a rede de vôlei que fede muito”.

Além da construção do prédio ser inadequada, a fiação elétrica é totalmente comprometida, e já ocasionou vários danos para a instituição. “O nosso maior medo é da rede elétrica, ora ou outra tem queimado ventiladores e lâmpadas. Já fomos procurar os bombeiros, mas eles têm outras prioridades que não são os alunos. Temos medo que acabe pegando fogo a escola, já que em janeiro o ventilador na copa pegou fogo”, argumenta a diretora. A servente Maria José da Silva, que é responsável por fazer a merenda no turno da manhã estava na copa na hora do acidente. “Foi um susto, do nada o ventilador começou a pegar fogo e ficamos desesperadas. Os alunos começaram a jogar água, e só por isso, o fogo parou, já que não temos nenhum extintor de incêndio”, contou.

Do próprio bolso

De acordo com os alunos, até uma lâmpada já caiu na cabeça de uma menina, que até hoje sofre com dores constantes. “Os ventiladores queimam todos e as salas ficam muito quentes, o pior é quando chove, as lâmpadas ficam piscando e apagam. Teve um dia que uma caiu e machucou uma aluna que estava embaixo dela”, disse o aluno José Augusto.

Para tentar amenizar a situação, a diretora compra as tomadas e lâmpadas que queimaram com a oscilação da energia. “Eu faço de tudo para melhorar a estrutura. Além de ser diretora, eu sou professora desses meninos, e tiro do meu próprio bolso para comprar as coisas”, falou a diretora.

Segundo a direção, vários pedidos de reformas já foram feitos à Secretaria de Educação do Estado, mas eles sempre adiam as datas. “A escola tem feito pedido de reforma há oito anos, e a Seduc diz que estamos na grade de revitalização. Primeiro eles disseram que ia ser em junho, agora já passaram o prazo para agosto.

Até a desativação do banheiro, que eles fizeram ao lado da copa que dá um mal cheiro, foi quebrado pelo porteiro, para não esperarmos pela Estado”, argumentou. O professor de espanhol e língua portuguesa, Elcinei Alexandre, disse que já foi feito um repasse de verba para a reforma da quadra de esporte pelo Governo Federal, mas que a Seduc não repassa o dinheiro para fazer as obras, alegando que faltam empresas para licitação.

Em nota curta, a Seduc informou de foram simplória, sem solução para os problemas graves e urgentes, que “a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Manoel Lobato, do município de Primavera, não está entre as escolas de um primeiro lote de reformas previstas pela secretaria”.

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