Oficializado como candidato à Presidência, Ciro ataca Lula e Bolsonaro em convenção: ‘polarização vulgar’

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Ciro Gomes discursa na convenção nacional do PDT, que o oficializou a candidato à Presidência   (Foto: Sergio Dutti/Agência O Globo)

Presidenciável foi oficializado como postulante na disputa ao Planalto na convenção nacional do partido. Sem siglas aliadas, escolha de vice ficará para depois

Oficializado como candidato à Presidência pelo PDT, o ex-ministro Ciro Gomes usou seu discurso na convenção nacional do partido, nesta quarta-feira, para atacar o presidente, Jair Bolsonaro (PL), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Comparando os dois, o pedetista os acusou de ameaçar um país com uma “polarização vulgar, personalista e odienta”.

Em terceiro lugar nas pesquisas — mesma posição em que estava nas outras três vezes que foi formalizado como candidato na disputa presidenciável —, Ciro aparece atrás apenas de Lula e Bolsonaro, por ordem, que juntos somam mais de 75% das intenções de voto.

— O Brasil vive a pior crise de sua história e dois dos principais responsáveis por ela estimulam uma polarização vulgar, personalista e odienta, um alimentando o outro, um agredindo moralmente o outro, reduzindo tudo a uma trágica e ridícula disputa pessoal — disse Ciro no evento que o oficializou na disputa ao Planalto por unanimidade entre os 280 delegados da sigla.

O discurso de uma hora de Ciro foi dividido em três partes. A primeira foi para agradecer o apoio do partido e de seus correligionários, fazendo menção aos pré-candidatos aos governos nos estados — ele, porém, evitou mencionar pedetistas que se alinharam à Lula nos últimos meses, como o senador Weverton Rocha, que concorre ao Executivo do Maranhão.

Depois, Ciro criticou duramente Lula e Bolsonaro, críticas que deram a tônica de seu discurso. O pedetista afirmou que os dois repetem o mesmo modelo econômico que teria levado a um “déficit financeiro e social”. Em suas palavras, “esquerda e direta foram cúmplices”

— Esta postura de Bolsonaro e Lula não é apenas uma zombaria com o destino do povo brasileiro como também uma séria ameaça de que o caos possa tomar conta do país — disse Ciro, que completou: — Por seus erros, Lula parece ter saído da prisão para aprisionar o Brasil em uma camisa de força. Por sua má índole, Bolsonaro, que chegou ao poder pelo voto, quer usar o voto para destruir as eleições e a própria democracia.

Por fim, Ciro usou a parte final de seu discurso para falar sobre suas propostas caso seja eleito. O pedetista defende o fim da reeleição e afirmou que acabaria com o orçamento secreto no primeiro dia de seu mandato. Além disso, afirmou que vai propor as reformas que pretende fazer, entre elas a tributária, logo nos primeiros meses de um eventual governo.

As críticas a Lula também estiveram presentes em discursos de aliados de Ciro durante o evento. Nos últimos meses, pedetistas foram assediados pelo PT para darem palanque ao ex-presidente. Embora não tenha feito menção direta à ofensiva petista, o presidente do PDT, Carlos Lupi, foi enfático em seu discurso:

— Esse partido não é nem será puxadinho de ninguém.

Além de Weverton, que compareceu rapidamente à convenção antes de voltar ao Maranhão, o pré-candidato ao Rio pelo PDT, Rodrigo Neves, também fez acenos a Lula, mas acabou recuando após pressão do partido. O postulante ao Palácio Guanabara subiu no palanque do pedetista nesta tarde e foi elogiado por ele em seu discurso.

Seguindo com as críticas a Lula, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, escolhido para concorrer ao governo do Ceará, o que colocou em xeque a aliança com o PT no estado, fez menção à carta ao povo brasileiro, lançada na campanha vitoriosa do petista em 2002 ao Planalto:

— Não será uma carta ao povo brasileiro de rendição ao mercado financeiro [que vai resolver a eleição] — disse Claúdio, que também afirmou: — Não vamos entrar nessa conversinha furada de que o jogo está resolvido.

Já a vice-presidente do PDT, Miguelina Vecchio, alfinetou pedetistas que se aproximaram de Lula e contrariam a orientação do partido:

— Eu fico indignada quando eu vejo um companheiro nosso fazer o “L” — disse fazendo referência ao gesto frequentemente feito pelos apoiadores de Lula — E por que não fazer o “C” de Ciro Gomes? Eu fico indignada quando um deputado não vota com a orientação do partido. Quem não gosta do “C”, a porta da rua é serventia da casa.

Sem vice nem coligações

Sem ainda ter apoio de outros partidos, o PDT não oficializou ninguém para a vaga de vice na chapa de Ciro. Os membros da sigla votaram e aprovaram para que a escolha de quem ocupará o posto seja definida exclusivamente pela Executiva nacional. Da mesma forma, também aprovaram para que as coligações fiquem a cargo dos dirigentes pedetistas, sem que precisem ser avalizadas pelo restante da legenda. Todas essas decisões ficarão a cargo de Lupi, conforme Ciro frisou no evento.

O mesmo aconteceu na última eleição, em 2018. Naquele ano, Ciro também não tinha um vice escolhido e tampouco partidos aliados na disputa presidencial. No último dia das convenções, a senadora Kátia Abreu (TO), filiada ao PDT naquele ano, foi escolhida como companheira do presidenciável na chapa ao Planalto. Naquele mesmo dia, o Avante também declarou apoio à candidatura do ex-ministro.

Desta vez, dirigentes do partido já admitem que podem estender o prazo para definir o vice e fechar as coligações até o dia 15 de agosto, prazo final para o registro das candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ciro foi oficializado candidato no primeiro dia do prazo para as convenções partidárias. O partido aposta que, uma vez consolidado no páreo, o pedetista tenha mais chances de atrair apoios.

Questionado quais siglas poderiam vir a endossar sua candidatura, Ciro afirmou que ainda aguarda resposta do PSD e do União Brasil. Em entrevista a jornalistas após a convenção, o pedetista afirmou que dirigentes de ambos os partidos pediram mais tempo ao PDT antes de fecharem as coligações. O candidato, porém, pondera que essa é uma questão “delicada”.

— Nós temos que ter humildade de atender a uma ponderação explícita dessas duas frações. Se não for elas todas, por companheiros que são nossos amigos e aliados antigos. Nós apoiamos Ronaldo Caiado, em Goiás, Mauro Mendes, no Mato Grosso. Acabamos de ganhar a eleição em primeiro turno em Salvador, um ano e meio atrás, com ACM Neto. E o Bivar é um amigo. Eles pedem que a gente não feche agora [as coligações] agora, porque ainda são tratativas — disse Ciro, que completou: — É delicado e nós somos transparentes [em relação as conversas].

Distribuição do fundo

A convenção também aprovou como será a distribuição do fundo eleitoral do PDT para os candidatos a deputado, seja federal ou estadual. Para eles, a faixa dos repasses vai variar entre R$ 5 mil a R$ 100 mil. O valores serão discutidos, segundo Lupi, diretamente entre os postulantes e os diretórios regionais. Já para candidatos nas eleições majoritárias — isto é, para Presidência, governos estaduais e senado —, o partido separou 40% dos R$ 253,4 milhões do fundo.

O presidente do partido justificou a diferença nos valores por ter candidatos com mais chance de vitória do que outros. Lupi afirmou ainda que aqueles que já tiverem mandato receberão acima do teto dos valores, embora ainda não tenha definido quantias.

— Você não pode tratar igual as pessoas diferentes, pessoas com potenciais diferentes — disse.

Ao todo, o partido terá 1.392 candidatos a vagas proporcionais, entre estadual e federal. A expectativa, de acordo com Lupi, é que o PDT faça uma bancada de 35 deputados na Câmara. Hoje, a legenda conta com 19 representantes na Casa.

O evento marcou a retomada do slogan “Prefiro Ciro”, lançado no ano passado, mas que perdeu espaço nas peças do candidato. Até então, a campanha vinha usando o lema “Rebeldia da esperança”, que deu tom ao lançamento do pré-candidatura do pedetista, em janeiro. A agora antigo lema, porém, foi lembrado na convenção ao ser tocado na abertura da cerimônia.

Ambos slogans são criações do marqueteiro João Santana, responsável por campanhas bem sucedidas do PT, como as da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, e de Lula, em 2006. Santana foi contratado pelo PDT no ano passado com um contrato no valor de R$ 250 mil por mês durante o período de pré-campanha.
Fonte:O GLOBO

Por:Jornal Folha do Progresso em 21/07/2022/08:30:08

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