Prefeito de município do Pará chama padre e trabalhadores rurais de ‘vagabundos’; religiosos reagem

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Gestor municipal teria ficado insatisfeitos por declarações feitas durante o movimento Grito do Excluídos. Padres lamentaram o tom usado pelo prefeito(Foto:Reprodução)

Os atos do dia 7 de Setembro terminaram com um rebuliço envolvendo a Prefeitura e membros da Igreja católica de Alenquer. Insatisfeito com declarações proferidas durante o Grito dos Excluídos, o prefeito da cidade, Heverton dos Santos Silva, conhecido como Tom Farias, chamou um padre e membros do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de “bando de vagabundos”. A declaração pode ser vista em vídeo que circula nas redes sociais e também em imagens publicadas pela própria Prefeitura. O padre ofendido, José Boeing, respondeu às declarações do gestor, assim como o titular da Paróquia de Santo Antônio, padre Manuel Lopes Rodrigues.

As declarações do prefeito foram dadas na noite de terça-feira (7). “Agora há pouco alguns de vocês puderam presenciar o movimento fracassado. Quando eu falo fracassado é porque é o movimento de pessoas responsável pelo caos que o município vinha passando na gestão passada. Foi a paróquia, o Sindicato, que apoiaram o ex-prefeito corrupto do município, então eles que são responsáveis”, disse Tom Farias, referindo-se ao Grito dos Excluídos, realizado horas antes e que contou com a participação de José Boeing. “O padre deveria orar por essa cidade, por esse país, e não ficar causando intriga”, completou o prefeito.

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Em outro momento do discurso, o gestor foi mais duro. “Esse sindicato vai ter que engolir, esse padre vai ter que orar, vai ter que rezar… esse bando de vagabundos, porque é isso que eles são”.

Segundo Aldemara Ferreira, coordenadora do Grito dos Excluídos, o movimento apresentou demandas de cobranças nas esferas federal, estadual e municipal. Por isso, os participantes pararam em frente à Prefeitura cobrando algumas dessas demandas, como a recuperação de escolas, dos ramais que dão acesso aos polos escolares, iluminação pública e mais transparência nas licitações, entre outros. Para ela, o atual prefeito se sentiu constrangido com as cobranças.

Procurado pelo Grupo Liberal, o padre José Boeing informou que tem 30 anos de sacerdócio, 20 anos como advogado dos movimentos sociais e mantém um trabalho ligado aos direitos humanos. É organizador do Gritos dos Excluídos no município desde a primeira edição, em 2006. Segundo o religioso, ao passar em frente à Prefeitura, os manifestantes aproveitaram para reivindicar pautas como participação popular, alimentação, saúde, trabalho, moradia e renda.

“Foi quando eu utilizei a palavra (falando) que a prefeitura tem obrigação de trabalhar com merenda escolar, a qual, pela lei, 30% deve ser contratada jjunto aos trabalhadores da agricultura familiar do município. Essa foi minha fala, nunca uma agressão à pessoa do prefeito. Para minha surpresa, ao ouvir os áudios, vi que usam expressões como ‘esse padre’ e ‘bando de vagabundos’”, respondeu.

“Não sei qual a intenção do prefeito, ele não ouviu o que eu falei e deve ter ido no impulso. É lamentável, porque acho que ele não tem uma boa assessoria, ou tem resquício do grupo desde que o Farias (padrinho político do atual gestor) era prefeito”, completou José Boeing.

O pároco da Paróquia de Santo Antônio, Manuel Lopes Rodrigues, disse que é importante chamar a atenção da sociedade para assuntos com os quais ela não está de acordo. “É uma missão do evangelho trabalhar por aqueles que não têm voz. Evidente que nenhum administrador gosta que falem mal, mas é evidente que se nós dizemos que apesar dos esforços do novo prefeito, as coisas não vão bem, ele precisa ser suficientemente esperto para fazer as coisas andarem”.

 

Ainda segundo o religioso, o Grito foi um ato simples, mas uma manifestação legítima. Ele explica que a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) pede que a Igreja promova o Grito dos Excluídos.
“Não havia necessidade de haver esse tipo de agressão”, diz o pároco. “É lamentável que nossos políticos não sejam capazes de escutar uma crítica construtiva sem partir para a agressividade, que não ajuda em nada”, completou.

O Grupo Liberal entrou em contato com a assessoria da Prefeitura e aguarda uma resposta sobre o assunto.

O Liberal
08.09.21 18h40

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