Queima de lixo já causou 150 incêndios no Pará este ano, dizem bombeiros

image_pdfimage_print

Apesar de ser crime ambiental, população insiste em queimar lixo. Prática é bastante comum em Belém e afeta a vida de famílias, com prejuízos à saúde e riscos de incêndio.

“Meu filho tem asma e toda vez que a fumaça começa por aqui, ele fica muito ruim. Várias vezes já tive que correr com ele para o hospital”, relata a dona de casa Flávia da Silva, 28 anos, moradora da avenida Bernardo Sayão. Ela conta que já perdeu as contas de quantas vezes teve de socorrer o menino de cinco anos por conta da queima de lixo próximo da casa onde mora.

O Corpo de Bombeiro Militar do Pará registrou 1748 casos de incêndio em todo estado entre 1º de janeiro até esta quinta-feira (27) – deste total, pelo menos 150 envolvendo descarte de entulhos ou lixo.

Além dos prejuízos à saúde, com o calor intenso e a pouca chuva deste período de verão amazônico, o fogo no lixo e no entulho pode ganhar dimensões perigosas e se tornar uma ameaça, principalmente em pontos de despejo irregular próximos de áreas de mato ou casas de madeira, onde as chamas tendem a se alastrar rapidamente.

O autônomo Ricardo Gomes disse que não sabia que queimar lixo era crime, e por isso chegou a incendiar entulho no quintal de casa, mas prática quase resultou em tragédia. “O fogo se alastrou de uma forma assustadora e a minha luta passou a ser para conseguir apaga-lo, pois estava quase alcançando a minha casa”, conta o autônomo.

Segundo o Corpo de Bombeiros, as chances de incêndio aumentam em até 20% nesse período do ano, devido às condições climáticas, já que no verão amazônico as chuvas diminuem e com isso, materiais como madeira ficam mais secos. Além disso, os ventos fortes ajudam a propagar as chamas.

“As madeiras estão secas, os gramados, a vegetação também está seca e muitas vezes uma pequena fagulha, uma bagana de cigarro, alguma parte elétrica, isso pode dar início a uma propagação de incêndio”, alerta o coronel Alexandre Costa.

Crime pode ser inafiançável

De acordo com a Secretaria Municipal de Saneamento, despejar ou queimar entulho em local indevido é uma infração grave prevista no Código de Posturas do Município, no capítulo II, artigo 30. No ano passado o órgão fez um levantamento e encontrou cerca de 600 pontos críticos de despejo irregular de lixo. Ainda segundo a Sesan, quando o descarte é feito às margens de canais, além de infração, o ato pode ser considerado crime ambiental inafiançável, podendo resultar em detenção de 1 a 5 anos, mais multa.

A prefeitura de Belém informa que combate o problema realizando rondas por meio de equipes da Secretaria Municipal de Saneamento com apoio da Guarda Municipal. Segundo o órgão, o objetivo é identificar, flagrar e punir ocorrências de descarte de lixo e entulho na via pública e margens de canais. Carroceiros flagrados sujando a cidade têm a carroça apreendida. Do início do ano até este mês de julho, mais de 200 carroças foram apreendidas.

Queima prejudica obras de macrodrenagem

Entre as áreas em que a queima do lixo em pontos de despejo irregular estão causando graves prejuízos ao município, está a rua Coronel Luiz Bentes, no bairro do Telégrafo, onde a sujeira atrai muitos urubus e grande parte dela cai no canal do galo. Outros dois pontos são as sub-bacias 3 e 4 (avenida Bernardo Sayão e Canal da 03 de Maio). Há pontos de depósito irregular de lixo nas passagens São Domingos, João de Deus, 20 de Fevereiro e Rui Barbosa, além da Avenida José Bonifácio, onde a queima é feita sobre as aduelas, estruturas de aço e concreto usadas na obra para a drenagem das águas da chuva.

“Quando exposta ao calor intenso, a estrutura de aço e coberta por concreto pode expandir, e, assim, causar pequenos acidentes e lesões na pele”, explica a engenheira sanitarista Nádia Mokdci, esclarecendo que pode haver explosões aumentando os riscos para quem esteja próximo. Além disso, pode ocorrer dano à peça pela dilatação. “Cada metro de aduela custa aproximadamente R$ 23 mil ao município”, esclarece a engenheira.

Para tentar resolver o problema, engenheiros do Promabem convocaram uma reunião de emergência com a comunidade, mas houve pouca adesão. O líder comunitário e presidente da Comissão de Acompanhamento da Obra (CAO), Carlos Barbosa, diz que fiscaliza as obras diariamente e reforça com a comunidade a importância de cada morador recolher o lixo e descartar de forma correta. “Estou sempre conversando e alertando a comunidade nessa questão da queima irregular dos resíduos. Danificando uma peça dessas, vamos ter que esperar mais tempo pra obra ser concluída e não é isso que nós queremos”, ressalta.

Sociedade pode denunciar

A Sesan explica que qualquer pessoa pode denunciar o despejo irregular e a queima de lixo. Basta ligar para o 156 e dar o endereço do infrator, informando a rua principal, número da casa e as ruas transversais para melhor localização. Dependendo do teor da denúncia, ela é encaminhada à Delegacia Especializada em Meio Ambiente (Dema). A pessoa que denuncia não precisa se identificar.

Fonte: G1 PA.
“Informação publicada é informação pública. Porém, para chegar até você, um grupo de pessoas trabalhou para isso. Seja ético. Copiou? Informe a fonte.”
Publicado por Jornal Folha do Progresso, Fone para contato 93 981177649 (Tim) WhatsApp:-93- 984046835 (Claro)   E-mail:folhadoprogresso@folhadoprogresso.com.br

%d blogueiros gostam disto: