Real resiste às turbulências externas, mostra Dieese

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Trajetória de vinte anos da moeda é pontuada pelas crises internacionais
Nesta terça-feira (1º), faz 20 anos que as cédulas e moedas do real entraram em circulação no País, em lugar do cruzeiro real, na razão de R$ 1,00 para CR$ 2.750,00. Com a substituição da moeda, a reforma monetária do Plano Real estava completa. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) do Pará analisou o comportamento dos principais indicadores sócio-econômicos do Pará e do País, relativos aos preços, desempenho econômico, emprego, renda e negociações coletivas durante o período. De acordo com o Dieese, nos anos de 1994 e 1995, foram observados resultados bastante positivos em vários campos: drástica redução da inflação, aceleração da economia, redução das taxas de desemprego, desconcentração da renda e redução da pobreza, principalmente após a elevação do salário mínimo, em maio de 1995, através de um aumento real superior a 22%.

No entanto, assinala, a fase de prosperidade foi interrompida por sucessivas crises internacionais, com repercussão no Brasil, na forma de fuga de capitais. É o caso da crise mexicana, em 1995; da crise asiática, em 1997, que atinge Tailândia, Coréia, Indonésia e Hong Kong; e da crise russa, em agosto de 1998.

‘’Para evitar a fuga de capitais, o governo brasileiro promove, a cada crise, uma elevação drástica da taxa de juros, numa tentativa de segurar os investimentos estrangeiros no País, manter a política de sobrevalorização do real e conter a saída de reservas internacionais. Essas medidas têm repercussões negativas sobre a atividade econômica e ocasionaram sucessivos aumentos no patamar de desemprego no país’’, conta o supervisor do Dieese Pará,  Roberto Sena.

A insuficiência da política de manutenção das reservas fez com que o governo articulasse um acordo com o FMI e países desenvolvidos, visando impedir o ataque à moeda nacional. Contudo, destaca o Dieese, o acordo, que submeteu o Brasil ao controle do FMI não impediu o colapso da política cambial, que culminou, em janeiro de 1999, numa maxidesvalorização da moeda, pondo fim à chamada “âncora cambial” do Plano Real, ou seja, à manutenção de uma taxa de câmbio sobrevalorizada, como indutora da estabilização interna dos preços. Inicia-se, dessa forma, a construção de uma nova “âncora” da estabilização, através da política monetária orientada por metas inflacionárias, taxa de câmbio flutuante e por compromissos com um forte ajuste fiscal.

Em 2001, a crise da economia argentina e, posteriormente, em 2002, as incertezas associadas à condução da política econômica do governo que seria eleito, levam a novas desvalorizações acentuadas do câmbio. A absorção dessas desvalorizações repercute em pressões inflacionárias que, por sua vez, vão corroer o poder aquisitivo dos salários. No final de 2002, a inflação volta a se acelerar e aumentam as incertezas quanto aos rumos da política econômica a serem seguidos pelo governo saído das eleições presidenciais, observa o Dieese.

A taxa de inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, calculado pelo IBGE) atinge, em maio de 2003, 20,5% em 12 meses. O governo volta a elevar as taxas de juros e a aumentar o arrocho fiscal. O resultado é uma reversão da taxa de inflação, mas com consequências perversas sobre o nível de atividade econômica, refletidas na queda do PIB em 0,2% no ano.  O quadro recessivo começa a mudar a partir de 2004, com os sinais positivos de crescimento do PIB naquele ano, em torno de 3,5%.

Até o início dos anos 2000,  o desemprego cresceu de modo acentuado nos principais centros urbanos, inclusive no Pará. Esse crescimento ocorreu, sobretudo, porque a geração de postos de trabalho foi insuficiente para absorver o volume de pessoas que passam a integrar a força de trabalho. Esse processo é acompanhado de queda da renda, sobretudo dos trabalhadores com salários mais elevados. Do ponto de vista das negociações, evidenciam-se as dificuldades enfrentadas pelo movimento sindical para negociar a manutenção do poder aquisitivo dos salários.

‘’De 2005 até agora, tivemos momentos de altas e de quedas na economia, principalmente em 2008 e 2009 e também em 2011 e 2012, em função da crise econômica internacional’’, assinala Roberto Sena. Em 2010, recorda, com o fim da crise econômica de 2008 e 2009, o País mostrou o melhor desempenho da economia nacional com crescimento do PIB em torno de 7,00% e uma geração recorde de empregos formais de cerca de 2,5 milhões de postos de trabalhos. ‘’Esta situação também foi vivenciada pelo Estado em termos de crescimento econômico como na geração recorde de empregos formais’’, garante Roberto Sena.

Em 2010, foram gerados em todo o Pará quase 60 mil postos de trabalhos formais. Em 2011, com a nova crise internacional, a economia nacional  teve resposta  muito ruim crescendo apenas  2,7%  e o número de empregos gerados ficou na casa dos 2 milhões de postos de trabalhos. No Pará, mesmo com os problemas da crise os empregos continuaram crescendo, mas em ritmo menor do verificado em 2010, atingindo cerca de 56 mil postos de trabalhos, situação parecida foi verificada em 2012.

No ano passado, a crise internacional se ampliou ainda mais  e seus reflexos bateram fortemente sobre a economia de todo o Pais. O crescimento do Brasil ficou em torno de 1,00% e em termos de geração de empregos só foi gerado cerca de 1,5 milhões de postos de trabalhos formais. O Pará  também sentiu os impactos da crise: a geração de empregos  formais em 2013 foi de cerca de 30 mil postos de trabalhos.

Para 2014, as previsões, pelo menos até agora,  são de crescimento da economia brasileira entre 1,8% e 2,00 %,  com isso  também  se estima aumento da geração de postos de trabalhos no Pará e Brasil.

Fonte: ORMNews.

Publicado por Folha do Progresso fone para contato Cel. TIM: 93-81171217 e-mail para contato: folhadoprogresso@folhadoprogresso.com.br

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