Recuperação de pacientes de covid-19 passa de 50% no Pará

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Téo Araújo reencontra a família após receber alta do HPSM Humberto Maradei Pereira (Guamá). É um dos mais de 1 mil pacientes recuperados. (Foto:Ivan Duarte / O Liberal)

Os números ainda não são os mais animadores e a crise de atendimento em saúde está longe do fim. No entanto, é preciso lembrar que dá para melhorar e que algumas pessoas estão melhorando.
Victor Furtado, com informações da Agência Pará

A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) divulgou, na tarde desta terça-feira (28), que há um total de 2.262 casos positivos de covid-19, a doença causada pelo coronavírus sars-cov-2. Agora a boa notícia: descartando os lamentáveis 129 óbitos, mais de 50% dos pacientes já estão recuperados. Ou por terem tido alta hospitalar ou por já não apresentarem mais os sintomas e se sentirem bem novamente. São 1.118 pessoas podem que comemorar e representam uma esperança para muitas outras.

É óbvio que isso não representa a solução dos problemas que a pandemia causou. Os hospitais e unidades de pronto atendimento (UPAs) seguem lotados e muita gente não consegue atendimento. É possível que a subnotificação de casos positivos seja enorme — a estimativa é de que, no Brasil, para cada diagnóstico de covid-19, há 10 que não entram para as estatísticas —, mas também muito mais gente pode estar se recuperando e que não se sabe ainda.

Quando, principalmente, um paciente que estava em estado grave se recupera e deixa as unidades de terapia intensiva (UTI), os médicos fazem festa nos hospitais. O leitor pode ter certeza: jornalistas não ficam felizes em dar notícias ruins. Cada novo caso positivo ou óbito angustia os profissionais da imprensa também.

As notícias positivas, de casos recuperados, são muito melhores de se divulgar na situação atual. Como o caso de Jackson Braga, de 48 anos, que deixou a UTI do hospital de retaguarda Dom Vicente Zico após uma semana internado com covid-19. Ou Teo Araújo, que deixou a UTI do hospital de pronto socorro municipal Humberto Maradei Pereira (Guamá). Só que para fazer a população cumprir o próprio papel preventivo e fazer o poder público tomar novas medidas, é preciso lembrar sempre, com as notícias ruins, que a pandemia ainda está em curso e que é preciso se cuidar ao máximo possível.

Em meio aos dados diários de novas mortes e novos casos confirmados, é importante lembrar que há pessoas se recuperando e que, eventualmente, esse cenário assustador e deprimente vai melhorar. Para isso, a população precisa fazer a própria parte. Cada gesto conta sim. Ficar em distanciamento social temporário — é temporário e uma hora não vai mais ser tão necessário — é uma das melhores medidas preventivas. É a principal recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), maior autoridade do planeta no setor.

Outra coisa que deve ser lembrada, para amenizar as tensões da população: há diversos cientistas e pesquisadores se esforçando ao máximo, em todo o mundo, para encontrar tratamentos e vacinas contra o coronavírus. Com o distanciamento social temporário, se ganha tempo até as soluções mais concretas e definitivas serem descobertas e aplicadas. Correr para as farmácias para comprar medicação que requer receita — cloroquina, hidroxicloroquina e antibióticos como azitromicina — é um risco. Automedicação é risco. E nada de ingerir ou injetar desinfetante. Isso é uma insanidade que pode ser letal.

Repouso, alimentação e hidratação podem ajudar e muito as pessoas com os sintomas mais brandos a se recuperar. O ciclo da doença é, em média, 15 dias. Alguns sintomas podem ser piorados ou mesmo sentidos de forma psicológica. Sim, isso é possível. A angústia e a ansiedade geram alguns sintomas e reações ruins no organismo. Podem baixar a imunidade também. Há canais para atendimento psicológico online. Alguns até gratuitos. Isso pode ajudar quem estiver passando por estresse intenso, medo, ansiedade e tristeza.

corona2Jackson Braga (à direita) comemorou a alta do hospital Dom Vicente Zico, após ser internado com covid-19. Ele e a família desejam força e esperança aos demais pacientes e familiares. (Comus / Prefeitura de Belém)

Entre os recuperados está o professor de música da Fundação Carlos Gomes, Harley Bichara, de 40 anos. “Eu só tenho a agradecer a Deus e ao sistema de saúde pública estadual pela minha recuperação. Precisamos valorizar os profissionais de saúde e de apoio do Hospital de Campanha de Belém, todos foram excelentes, atenciosos e dedicados comigo”, agradeceu.

O técnico de sistema de resfriamento, Michel Silva, 40 anos, é hipertenso e ex-fumante. Também se recuperou. Os primeiros sintomas, como febre e irritação na garganta, começaram no início do mês e persistiram, mesmo após fazer uso de medicação. “Apresentei falta de ar e passei dois dias internado na UPA da Sacramenta, mas continuava com a respiração muito ruim e fui transferido para o Hospital Abelardo Santos. Fiquei internado em UTI, mas não precisei ser intubado”, conta. Teve alta no sábado.

“Só posso agradecer a Deus por ter me dado mais uma oportunidade de vida ao me encaminhar para o Abelardo. As pessoas que trabalham lá salvaram a minha vida. Todos os profissionais eram atenciosos e faziam de tudo por mim, desde os cuidados com a alimentação, os exercícios pulmonares, até tentar me animar e me dar força para lutar pela minha vida”, concluiu Michel, que alugou um quarta enquanto termina de se recuperar. Enfrenta a saudade da família, mas vai preservá-la.

Por:Victor Furtado, com informações da Agência Pará

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