Reprodução no Xingu está prejudicada há dois anos, dizem indígenas que bloqueiam a Transamazônica

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Bloqueio no quilômetro 27 foi iniciado na segunda-feira e ainda não tem prazo para acabar (Foto:via redes sociais)

Manifestantes cobram maior vazão para peixes e comunidades impactadas por Belo Monte e mantêm fechamento da rodovia pelo quarto dia

A manifestação contra a Norte Energia, responsável pelo desvio da água da Volta Grande do Xingu para Belo Monte, que teve início na madrugada da última segunda (9), trancando a Transamazônica no quilômetro 27, recebeu, na tarde de quarta-feira (11), o reforço de um grupo de indígenas Juruna e completa o quarto dia de manifestações.

Com a participação de pescadores, ribeirinhos e agricultores organizados nos Núcleos Guardiões do Xingu, além de indígenas Curuaya e Xipaya, o ato exige a garantia de que a Volta Grande do Xingu (um trecho de 100 quilômetros que tem a maior parte do fluxo normal desviado para as turbinas da hidrelétrica) tenha liberada uma vazão que garanta a piracema em 2021.

De acordo com os manifestantes, há dois anos que a reprodução normal dos peixes não ocorre por falta de água e alimentos, uma vez que a flora na beira do rio também é fortemente afetada pela seca causada por Belo Monte. As informações foram divulgadas pelo Movimento Xingu Vivo para Sempre.
Ainda segundo o movimento, até o momento nem a Norte Energia nem outra instância federal deu qualquer retorno aos manifestantes sobre as reivindicações: uma vazão na Volta Grande do Xingu que garanta a piracema dos peixes, atualmente ameaçados de extinção, a partir de novembro de 2020, e que chegue a pelo menos 16 mil metros cúbicos por segundo nos meses de março e abril de 2021; a determinação definitiva de um hidrograma que garanta a sobrevivência do rio, da fauna, da flora e das comunidades beradeiras de acordo com dados científicos já existentes e, se necessário, estudos complementares e independentes.

As lideranças também pedem a constituição de um Comitê de Bacia com participação paritária das populações indígenas e beradeiras e da comunidade científica independente para decidir as políticas para a região do Médio Xingu no que tange os cursos d’água superficiais e de subsolo; o cumprimento de todas as condicionantes do licenciamento de Belo Monte, em especial a que determina o atendimento de pescadores e ribeirinhos atingidos pela hidrelétrica; e a suspenção da Licença de Operação da usina pelo Ibama até que todas as reivindicações sejam atendidas.
Ato ganhou reforço dos Juruna (via redes sociais)’Sem um fluxo normal, morreremos de fome’, diz pescadora
Na quarta-feira, chegou aos manifestantes a informação que estava em curso uma ordem de reintegração da Transamazônica. Mas, até o início da noite, não houve nenhuma notificação.

Ainda segundo os manifestantes, a decisão tomada em comum acordo entre os Núcleos Guardiões e os indígenas é de manter os protestos.“É uma articulação inédita depois da construção da usina.

É muito significativo, todos os povos da Volta Grande do Xingu juntos na luta pela vida do rio e da nossa gente. Estamos juntos nisso porque sabemos que sem a piracema, sem um fluxo normal de água, todos nós vamos morrendo de fome e perdendo tudo que temos”, disse a pescadora Sara Rodrigues, liderança do Núcleo Guardião da vila de Belo Monte do Pontal.

É muito significativo, todos os povos da Volta Grande do Xingu juntos na luta pela vida do rio e da nossa gente. Estamos juntos nisso porque sabemos que sem a piracema, sem um fluxo normal de água, todos nós vamos morrendo de fome e perdendo tudo que temos”, diz a pescadora Sara Rodrigues

Norte Energia diz estar à disposição para uma reunião

Em nota, divulgada na quarta-feira (11) à noite, a Norte Energia informou à população local e todos aqueles que de alguma forma dependem do acesso livre da BR-230 que, desde o dia 9 de novembro último, a rodovia encontra-se interditada por manifestantes na altura do Travessão 27.

Os manifestantes encaminharam pautas de reivindicação para serem discutidas com a Norte Energia.

“Parte dessas reivindicações não tem relação alguma com as obrigações da Usina Hidrelétrica Belo Monte, pois foram encaminhadas por comunidades que não estão situadas na área de influência do empreendimento”, informou.

“Com relação às pautas que dizem respeito às áreas onde há influência do empreendimento, particularmente os indígenas ribeirinhos, a Norte Energia está à disposição para agendamento de reunião, tendo como condição para tal a liberação prévia e total da BR-230”, disse a Norte Energia.

Por:Dilson Pimentel

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