Belém 407 anos: Moradores falam das riquezas de sabores, aromas e cores da metrópole da Amazônia
Complexo Feliz Lusitânia inclui o forte do presépio, primeira edificação de Belém — Foto: Oswaldo Forte / O Liberal
Como forma de comemorar o aniversário da metrópole, o g1 ouviu quatro belenenses de áreas representativas e simbólicas da cidade: Culinária, Natureza, Arquitetura e Cultura.
A ‘Cidade das Mangueiras’, fundada em 12 de janeiro de 1616, a partir do desembarque de Francisco Castelo Branco na foz do rio Guajará, completa nesta quinta-feira 407 anos. A primeira capital da Amazônia celebra nesta data mais de quatro séculos de histórias e encantos.
Belém chega neste 12 de janeiro de 2023 como uma cidade única em inúmeros sentidos. A metrópole da Amazônia oferece aos seus 1,5 milhão de habitantes um passeio no passado, mas sem perder de foco a perspectiva de futuro.
As igrejas centenárias, os parques pulsantes de biodiversidade, a gastronomia de encher de desejo os olhos e a boca e, sobretudo, a cultura do seu povo são as principais marcas da cidade do grande filósofo Benedito Nunes.
Como forma de comemorar o aniversário da metrópole rica em sabores, aromas e cores, o g1 ouviu quatro cidadãos de áreas representativas e simbólicas da cidade: Culinária, Natureza, Arquitetura e Cultura.
Os depoimentos dos envolvidos não apenas retratam sua relação com o que fazem, mas mostram sobretudo o amor por características indispensáveis ao que é Belém do Pará na atualidade.
Culinária
Caroço de açaí. — Foto: Getty Images via BBC
Falou em Belém, pensou em açaí. Na terra do “Ouro Roxo”, iguarias para aguçar o paladar não faltam: tacacá, pato no tucupi, maniçoba, filhote, castanha-do-Pará, bolinho de pirarucu, arroz paraense, caranguejo, pupunha, bacuri, etc. A lista, que aparenta não ter fim, revela a riqueza gastronômica da cidade, coroada com o título mundial de ‘Cidade Criativa da Gastronomia’, título concedido pela Unesco em 2015.
O mercado do Ver-O-Peso, cartão postal da cidade, é um dos locais que reúne o que há de mais especial da culinária belenense. Reginaldo Leão Júnior tem 37 anos e trabalha vendendo comida no local há mais de duas décadas.
Entre os itens vendidos por ele estão filhote, dourada, camarão e o famoso peixe frito com açaí. O cozinheiro diz que sempre gostou de trabalhar com comida e que sua relação com o Ver-o-Peso é muito forte.
“Nossa culinária é uma das melhores do Brasil e do mundo. Temos por aqui a castanha-do-Pará, a pupunha e outras tantas comidas variadas. São coisas nossas, da nossa cultura”, afirma.
Ele, que trabalha junto com a esposa, diz que não trocaria seu local de trabalho por nada. O principal motivo seria a paisagem natural que o local tem.
“É uma coisa linda, divina poder trabalhar na beira do rio, às margens da baía do Guajará. Poder ver diversidade, ver tudo’, diz Reginaldo Júnior.
Para os 407 anos de Belém, o cozinheiro tem como pedido um Ver-o-Peso mais cuidado pelo poder público.
“Todos nós temos que cuidar da nossa cidade”, deseja.
Natureza

A cidade erguida às margens da baía do Guajará e do rio Guamá não nega sua ligação com o meio ambiente. Cercada de belezas naturais, Belém mantém vivos os traços da fauna e flora amazônica.
Parques, bosque, jardim botânico, ilhas e inúmeras praias dão forma à paisagem urbana contemporânea. As mangueiras, plantadas no século XX por Antônio Lemos, também são marcas da Belém de ontem e de hoje.
Os rios, que servem de fonte de renda para muitos habitantes, delimitam grandes belezas naturais, como as ilhas. Em Belém, elas são de vários tamanhos e preservam diferentes estilos de vida.
Janete Costa mora na ilha do Combu, localizada entre o Furo do Benedito e o Rio Guamá. Assim como Mosqueiro, Outeiro e Cotijuba, o Combu é uma das principais ilhas da cidade.
“A ilha é uma parte diferenciada de Belém. Hoje não trocaria minha ilha tranquila pela agitação da cidade”, afirma.
Moradora há mais de 50 no Combu, Janete diz que os principais benefícios de morar em um lugar assim são a natureza, a tranquilidade e a paz.
Perguntada se o avanço da urbanização vem prejudicando a calmaria do lugar, a moradora diz que sim, mas faz uma ponderação.
“Já tivemos mais tranquilidade, mas hoje temos modernidade. E isso nos ajuda no nosso dia a dia”, diz.
Arquitetura

A eterna capital dos cabanos tem em cada parcela da cidade traços de muita história. Em Belém, o passado está em constante conversa com o presente. Quem visita o complexo do Ver-o-Peso, a Cidade Velha e o Comércio faz uma visita ao período da fundação da cidade.
As marcas da arquitetura urbana belenense servem muito mais do que demarcar um tempo histórico. São também elementos essenciais para entender a relação da população com a cidade.
Os casarões, os teatros do tempo áureo do ciclo da borracha e outras obras icônicas da cidade – algumas das quais vindas das mãos do famoso arquiteto Antônio José Landi – evidenciam a riqueza da metrópole da Amazônia.
A arquiteta e urbanista Karina Vidal Moriya é diretora de muitos desses espaços, a exemplo do Palacete Facióla, casarão histórico localizado na Avenida Nazaré. Belenense há mais de 40 anos, ela diz se sentir contente em poder contemplar o patrimônio histórico diariamente.
“Só posso dizer que sou uma grande felizarda, pois além de trabalhar com a cultura paraense, eu desfruto do patrimônio histórico no meu dia-a-dia. Vejo o quanto o patrimônio cultural da capital é vivo e vivido”, afirma a diretora.
Segundo Karina, a arquitetura histórica belenense retratam não apenas o período da Belle Époque, mas também o modernismo e a arquitetura contemporânea da capital.
“É bonito ver o Theatro da Paz, as nossas igrejas, as nossas praças, as edificações ecléticas, os clubes e demais prédios da arquitetura moderna, o Mangueirão, o Parque do Utinga, etc”, descreve.
A arquiteta também destaca a importância da preservação do patrimônio urbano de Belém por todos, sejam moradores ou turistas.
“Se outras edificações tão representantes para a nossa história forem preservadas, veremos que Belém não é a cidade do ‘já teve’. Ela ainda tem uma beleza única e que deve ser vista por todos os cidadãos, sejam eles turistas, sejam eles os seus moradores”, enfatiza.
Cultura

A junção dos traços culturais dos povos indígenas, europeus e africanos resultaram em características únicas do cidadão belenense, que vão desde o modo de falar aos aspectos religiosos.
Por exemplo, na música, a riqueza está presente em elementos do carimbo, nas festas de aparelhagem e em festas típicas da região. Nas artes, a cultura de cinema de rua segue viva com o Cinema Olympia, considerado o cinema mais antigo em funcionamento no país.
A capital do Pará também é o ponto de encontro da maior manifestação religiosa católica do Brasil: o Círio de Nossa Senhora de Nazaré. A procissão é reconhecida como patrimônio cultural imaterial pelo Iphan e como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.
A festa religiosa, que reúne mais de 2 milhões de pessoas de Belém, é composta por vários elementos. A Guarda de Nazaré, que protege a Imagem da Santa é um deles.
Renato Neves faz parte há 12 anos da Guarda de Nazaré e vê o Círio como a mais pura expressão de fé e devoção do povo paraense.
“Poder vivenciar isso tudo isso na cidade em que nasci é uma dádiva. Muitas pessoas que vêm todos os anos para o Círio querem poder morar aqui”, comenta.
Para ele, Belém é um verdadeiro caldeirão de manifestações culturais em todos os sentidos e aspectos.
“Crescemos aprendendo que o Círio é a representação máxima da cultura, tanto material como imaterial, reconhecido por toda a comunidade católica e não católica. O que explica o tamanho de sua realização”, afirma.
O atual coordenador da Guarda de Nazaré destaca que o Círio transcende a questão religiosa.
“[A procissão] representa a esperança, o amor e a crença de um povo abençoado por uma celebração tão intensa de sentimentos e significados na vida de cada um”, afirma. (Com informações de Marcus Passos, g1 Pará — Belém).
Jornal Folha do Progresso em 12/01/2023/09:19:41
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