Cerveró alugava apartamento de R$ 7,5 mi a menos de R$ 4 mil

Segundo denúncia do MPF, imóvel foi comprado com dinheiro de propina e pertencia ao próprio ex-diretor da Petrobras

Rio – Uma cobertura duplex num dos pontos mais valorizados da Rua Nascimento Silva, em Ipanema, na Zona Sul do Rio; dois andares inteiros, sem vizinhos, com piscina, vaga de garagem e vista para a Lagoa Rodrigo de Freitas. Preço do aluguel: R$ 3.650. Parece irreal, mas foi esse o valor que o ex-dirigente da Petrobras Nestor Cerveró, um dos presos na Operação da Lava-Jato, pagou em média durante cinco anos, até meados de 2014, para ocupar um imóvel com essas características numa das regiões mais nobres do Rio. Foi essa discrepância nos valores que chamou a atenção do Ministério Público Federal (MPF), que na terça-feira ofereceu mais uma denúncia contra o ex-diretor da área Internacional da Petrobras.

De acordo com a denúncia, Cerveró não desembolsou mais que R$ 50 mil ao ano em aluguel. Ainda segundo MPF, em 2012 ele chegou a pagar em média menos que R$ 1 mil por mês para ocupar o apartamento avaliado em R$ 7,5 milhões, valor muito abaixo do mercado. Fontes de imobiliárias, no entanto, avaliam que na verdade o valor de aluguel desse imóvel é bem menos camarada, e pode chegar a cerca de R$ 30 mil. O metro quadrado na região não sai por menos de R$ 35 mil em áreas cobertas, e R$ 20 mil nas descobertas. Assim que desocupou o prédio de número 351 da Rua Nascimento Silva, em meados de 2014, o valor do aluguel subiu para R$ 18 mil.

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Em setembro de 2014, durante depoimento à CPI Mista que investigou irregularidades na estatal, Cerveró foi questionado sobre o imóvel. Na ocasião ele disse que pagava cerca de R$ 8 mil de aluguel, e deixou o prédio após ‘ficar desempregado’. O imóvel na verdade, pertence a uma offshore do Uruguai criada pelo próprio ex-diretor da Petrobras para lavar dinheiro. O apartamento está em nome de uma subsidiária brasileira da empresa, que segundo o MPF foi criada apenas para a compra do apartamento.

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A sede da Jolmey do Brasil Administradora de Bens LTDA, que não possui empregados e nem investimentos no país, fica numa casa abandonada em Saquarema, na Região dos Lagos. Os procuradores agora querem a desapropriação do imóvel, que custou R$ 1,5 milhões e passou por uma reforma de cerca de R$ 700 mil que foi supervisionada pelo próprio ex-diretor da estatal.

Além de Cerveró, o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, e o uruguaio Oscar Algorta, que ajudou ex-diretor na operação no país vizinho, foram denunciados por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Todas as negociações para a compra do imóvel foram feitas por email e por telefone nos primeiros seis meses de 2008. Após a reforma, o apartamento foi alugado para Patrícia Cerveró, mulher do ex-diretor.

Bem diferente de seu atual endereço, a carceragem da Polícia Federal em Curitiba, o ex-diretor não tinha do que reclamar. O apartamento, com direito a piscina e vaga de garagem, ocupa dois andares inteiros do prédio na rua que foi imortalizada numa música de Chico Buarque. São 11 apartamentos divididos em sete andares, de acordo com a administração do edifício: duas unidades por andar e a cobertura, que ocupa dois andares inteiros.

Discreto, moradores contam que o ex-diretor não era do tipo que gostava de socializar:

‘Eu lembro dele, mas não tinha contato nenhum. Ele morava aqui com a mulher e os filhos, mas não falava com ninguém’, conta uma moradora sem se identificar.

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Um funcionário, que também preferiu não se identificar, contou que lembra de Cerveró, mas afirmou que tinha pouco contato. Segundo ele, o ex-diretor sempre chegava com um motorista à noite. Nos finais de semana ele preferia viajar. Pouco sabem dizer sobre o interior do apartamento, já que nenhum funcionário sequer entrou no local na período que ele morou por lá.

Doação de imóveis após denúncias

Cerveró deixou o imóvel após a divulgação de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas. O GLOBO revelou que Nestor Cerveró e a então presidente da Petrobras, Graça Foster, doaram imóveis a parentes após estourar o escândalo, já que no dia da denúncia o Tribunal de Contas da União (TCU) analisava um possível bloqueio dos bens dos envolvidos.

O ex-diretor da estatal doou três apartamentos a parentes em 10 de junho, 45 dias antes de o TCU determinar o bloqueio de seus bens e de mais nove gestores da Petrobras. Um apartamento na Rua Prudente de Moraes foi para Raquel Cerveró; outro apartamento no mesmo prédio a Bernardo Cerveró; e um apartamento na Rua Visconde de Pirajá, também a Bernardo Cerveró. Na época, o advogado dele, Edson Ribeiro, afirmou ao GLOBO que a doação dos apartamentos aos filhos do ex-diretor da Petrobras não tiveram o objetivo de dissimular a propriedade dos bens, diante da possibilidade de bloqueio, o que acabou ocorrendo no mês seguinte.

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Fonte: ORMNews.

Publicado por Folha do Progresso fone para contato Cel. TIM: 93-981171217 / (093) 984046835 (Claro) Fixo: 9335281839 *e-mail para contato: folhadoprogresso@folhadoprogresso.com.br generic zoloft during pregnancy buy zoloft india zoloft online