Com 47 anos de carreira, Fafá de Belém é homenageada e se posiciona como voz ativa da Amazônia: ‘Quero falar pra essa gente que chega agora’

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Fafá de Belém é homenageada em festival que alia música e feminismo: “A Amazônia é feminina e temos que nos apropriar deste poder” — Foto: Divulgação

Com 15 milhões de discos vendidos e o título de embaixadora da Unicef na região amazônica, Fafá fala em entrevista ao G1: “ainda veem a Amazônia como uma Disneylândia, não um território a ser respeitado”.

A risada mais famosa do Brasil é a dela. Fafá de Belém é sinônimo de alegria. Uma das vozes mais importantes da música popular brasileira, a paraense leva no nome a identidade nortista. E vai longe.

Em quase 50 anos de carreira, tem mais de 15 milhões de álbuns vendidos, entre Brasil e Portugal. A cantora é também embaixadora da Unicef, na região amazônica, por ações contra a exploração e prostituição de crianças e adolescentes. Figura inigualável na cultura brasileira, Fafá é homenageada do Festival MANA, projeto que celebra o protagonismo da mulher na música, e participa de bate-papo online nesta terça-feira (30).

“Aos 47 anos de carreira, eu quero falar pra essa gente que chega agora. O Brasil é uma terra de cantoras, o poder do feminino aqui é enorme. Temos que estar próximas e não disputar espaço. Somos reais, cada uma de um jeito. E se não interagirmos e sermos sinceras entre nós…Temos que discutir, pensar, falar, discordar. A unanimidade é burra”, declara.

fafa2                              Fafá canta “Filho da Bahia”, seu primeiro sucesso nacional — Foto: Reprodução/TV Globo

Fafá ganhou reconhecimento nacional quando, em 1975, a música “Filho da Bahia”, cantada por ela, foi introduzida na trilha sonora da telenovela “Gabriela”, da TV Globo. Já gravou mais de 30 álbuns, entre CDs, DVDs e EPs, além de participações em coletâneas de sucesso e outros artistas. Além disso, possui cerca de 50 canções inseridas como temas de novelas e especiais de TV e soma uma série de shows e turnês nacionais e internacionais, com espetáculos em países como Itália, Espanha, Alemanha e, principalmente, Portugal.

Mulher de seu tempo

Fafá teve participação ativa no processo de redemocratização do Brasil, o que deu a ela o codinome de “Musa das Diretas”, por sua participação nos movimentos populares contra a ditadura militar. Fafá foi a única artista a participar de todos os comícios pelas Diretas Já, em prol do retorno à democracia. E continua atenta aos sinais de seu tempo.

fafa3                        Fafá foi a única artista a participar de todos os comícios pelas Diretas Já — Foto: Reprodução

“Eu prefiro ousar. Prefiro gravar um disco como ‘Humana’, um disco preto, cinza, sem decote, que para e se questiona como chegamos até este momento que enfrentamos no país. Prefiro assim que fazer um projeto de 45 anos de carreira e requentar coisas que eu já fiz. Eu tenho disco de rock n’roll e outro só cantando Chico Buarque. Eu posso ser tudo”, diz.

A amplitude da persona de Fafá engendra também um aspecto marcante que atravessa sua intimidade e se tornou algo forte na sua vida profissional: a fé mariana. Fafá está à frente da Varanda do Círio de Nazaré, a maior manifestação católica do mundo, convidando celebridades, teólogos, filósofos e personalidades públicas. Além disso, é a única artista no mundo a cantar para três Papas, a convite do Vaticano.

“Quando eu falo especificamente de varanda de Nazaré, que já tem 11 anos, eu levei muita pedrada. Mas eu sempre tive gente mais jovem perto dizendo: ‘vambora’, trazendo coisas novas, olhares novos. Eu estou aberta a todos esses movimentos”, comenta.

fafa6Uma das maiores artistas do país, Fafá de Belém já vendeu mais de 15 milhões de discos — Foto: Divulgação

Intérprete que já recebeu as maiores honrarias e premiações relacionadas ao mundo artístico de seu país, ela recebeu troféus de “Melhor cantora” e “Melhor Álbum”, categoria popular, ano 2016, do Prêmio da Música Brasileira. Em 2018 foi novamente indicada, categoria Melhor DVD. Suas canções extrapolaram fronteiras. Não faltam premiações internacionais a Fafá de Belém. Uma das mais importantes foi o recebimento da “Medalha do Turismo”, em 2011, honraria concedida pelo governo português.

Apesar da brilhante trajetória, Fafá revela que ainda enfrenta desafios para ser reconhecida. “Cresci profissionalmente no sudeste, que é muito preconceituoso posando de moderno. Foi muito complicado. Agora mesmo, por exemplo, eu vou fazer o especial do Roberto Carlos. Continuo sofrendo preconceito. Fui ler uma matéria a respeito: ‘foi fechado o casting do especial Roberto Carlos. Irão participar fulano, beltrano, ciclano e outros’. Eu não fui citada. Estou na leva ‘outros’. Quando só eu e Maria Bethânia gravamos no disco do Roberto. É sobre preconceito”, diz.

Embaixadora da Unicef na região amazônica, Fafá destaca a importância urgente da região protagonizar espaços nos debates culturais e políticos do Brasil.

“As pessoas ainda veem a Amazônia como uma Disneylândia, não como um território a ser respeitado. Parece que Amazônia é só um lugar para fazer foto. Nós só existiremos com força e poder quando formos ouvidos, quando nós falarmos, quando o povo ribeirinho falar”.

Música e feminismo

Além do painel “O canto da Amazônia que atravessou rios e mares”, com Fafá de Belém, o Festival MANA traz também outros cinco debates para a troca de experiências e o estímulo à formação de uma rede entre mulheres da música. Versando sobre tecnologia e interação, “Experiências imersivas – novos formatos para música”. Sobre comunicação em tempos de redes sociais, o painel “O futuro do artista é ser produtor de conteúdo?”. Haverá ainda o debate “O que a música da Amazônia tem a dizer pro Brasil e pro mundo”; além do painel sobre mulheres autoras de canções e, por fim, outro sobre “Imagem e Música: criação de um conceito artístico”.

Serviço

O Festival MANA segue até dia 2 de dezembro, com programação gratuita. Confira informações aqui.

Por G1 PA — Belém

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