Cunha depõe no Conselho de Ética e nega ter contas bancárias no exterior

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Em depoimento no Conselho de Ética, o presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha, do PMDB do Rio, voltou a negar hoje que tenha contas no exterior. Cunha responde a um processo por quebra de decoro, acusado de mentir à CPI da Petrobras, no ano passado, sobre o dinheiro que ele tem na Suíça.

De volta à Câmara pela primeira vez, depois de ter sido afastado do mandato pelo Supremo Tribunal Federal, Eduardo Cunha chegou usando o broche de deputado, recebeu cumprimentos, chamou aliados para conversa e determinou como seria o ritmo do depoimento.

“Estou à disposição de vossas excelências para poder esclarecer os pontos específicos e referentes a representação. Obviamente eu vou me ater a responder apenas aquilo que se trata da representação, porque não vou dar curso a nulidade”.

Eduardo Cunha abriu o depoimento pedindo a impugnação do relator, deputado Marcos Rogério, do DEM. Repetiu que é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por causa de disputas políticas. Lembrou que foi espontaneamente a CPI da Petrobras onde afirmou, em março do ano passado, que não possuía contas não declaradas no exterior. Motivo pelo qual Cunha responde a processo por quebra de decoro parlamentar, por suspeita de ter mentido a respeito do patrimônio, processo que para Cunha tem nulidades.

Ele afirmou que não faltou com a verdade na CPI e voltou a usar o argumento de que os recursos depositados num trust, uma entidade jurídica usada para administrar bens fora do país, não pertencem a ele.

“Não existe nenhum elemento de prova que eu seja titular, proprietário de patrimônio, dono da conta, possa movimentar conta. Eu não detenho conta”.

Para contrapor a afirmação de Cunha de que ele não seria dono dos recursos depositados no Trust, o relator perguntou sobre as transferências feitas para pagar gastos do cartão de crédito da mulher de Eduardo Cunha, a jornalista Claudia Cruz.

Marcos Rogério: vossa excelência e sua família conseguiram, em vida, gastar com cartões de crédito no exterior. A conta de vossa esposa tem como garantidor que ou qual conta garante os repasses o custeio a essa conta da sua esposa?.

Eduardo Cunha:  não efetuei gastos de conta minha ou de qualquer outra natureza que não fossem gastos de cartão de crédito de dependente do cartão de crédito de titularidade da minha esposa. Da conta dela que está declarada nesse momento no Banco Central e que efetivamente ela tem a conta na esposa física e nunca se negou isso.

O Jornal Hoje mostrou em outubro do ano passado, com exclusividade, documentos que o Ministério Público recebeu da Suíça que, segundo os investigadores, comprovam que Eduardo Cunha tem contas naquele país. Entre os documentos, estão fotos do passaporte, de quatro contas bancárias abertas na Suíça por Cunha, para ele, a esposa e a filha. O relator questionou Cunha.

Marcos Rogério: ao encaminhar a documentação, a autoridade suíça expressamente afirma que as contas são de vossa excelência. Razão pela envia os documentos ao Brasil.

Eduardo Cunha: o fato do Ministério Público abrir um procedimento investigação não significa que eu pratiquei o ato ilícito e nem significa que eu seria culpado a qualquer procedimento investigatório. O procedimento investigatório é para investigar eles não transferiram a atribuição da culpa.

Um parecer do Banco Central apontou que Cunha manteve recurso no exterior sem declarar. Cunha também foi questionado sobre essas movimentações. Marcos Rogério também citou delação premiada do empreiteiro Ricardo Pernambuco Junior, que afirmou ter pago propina a Eduardo Cunha referente a obras num porto do Rio de Janeiro.

Cunha se irritou. “Eu não tenho nada a ver com nenhuma dessas contas citadas pelo senhor Ricardo Pernambuco e desafio a provar”.

Eduardo Cunha se recusou a responder várias perguntas que para ele não estavam relacionadas a representação ou que tem ligação direta com a Lava Jato, e ouviu do deputado Nelson Marchezan Júnior que deveria renunciar ao mandado.

“Vossa excelência a permanecer na presidência mesmo que suspenso está fazendo um mal a esta casa, está fazendo um mal ao governo e está fazendo mal a nação brasileira. Seria oportuno que vossa excelência renunciasse até porque se vossa excelência continuar a exercer a suas influências e o seu poder com seu grupo parlamentar aqui dentro da casa, vai chegar o momento que o STF vai entender pela sua prisão. Então a bem de todos, renuncie, deputado Eduardo Cunha, à presidência da Câmara dos Deputados”.

Eduardo Cunha repetiu em depoimento que não podia ter declarado o patrimônio depositado num Trust porque, segundo ele, os recursos foram doados ao Trust.

Ele negou que tenha manobrado para impedir o andamento do processo no Conselho de Ética, um dos motivos que levaram a Procuradoria-geral da República a pedir que o Supremo Tribunal Federal o afastasse do mandato.

Eduardo Cunha está falando ao Conselho de Ética porque hoje termina o prazo para a coleta de provas e de depoimento de testemunhas dentro do processo que pede a cassação do mandato dele. A partir de amanhã, o relator, Marcos Rogério, tem até dez dias úteis para preparar um parecer sobre a representação.
Por Gioconda BrasilBrasília, DF
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