Operação contra garimpo no AM deixou 9,5 mil alunos sem aula, aponta Defensoria

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Foto: Reprodução | Aulas foram suspensas em 62 escolas de Humaitá; Defensoria e Senado investigam impactos da operação.

Cerca de 9,5 mil alunos da rede municipal de Humaitá, no interior do Amazonas, ficaram sem aulas após a operação da Polícia Federal (PF) contra o garimpo ilegal no rio Madeira. O levantamento é da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), que alerta para prejuízos no aprendizado e sinais de abalo psicológico em crianças e adolescentes das comunidades ribeirinhas.

As ações, realizadas na semana passada com apoio de órgãos ambientais, resultaram na destruição de flutuantes, balsas e dragas usadas por famílias de garimpeiros. Na zona rural, 43 das 52 escolas suspenderam as aulas por uma semana. Na sede do município, todas as 19 unidades também paralisaram atividades por pelo menos dois dias.

A moradora Anne Mendonça, da Comunidade Paraisinho, disse que as filhas de 5 e 12 anos não frequentaram a escola durante três dias.

“Os pais ficam com medo. Eu sou mãe e morro de medo, porque, quando a Federal vem, eles explodem as balsas, fazem queimas. Isso fica na memória da criança”, relatou.

Segundo o defensor público Theo Costa, os efeitos ultrapassam a interrupção do calendário escolar.

“Alguns alunos deixam de frequentar a escola por vários dias depois, apresentando danos psicológicos sérios e queda no rendimento. Isso ocorreu em um momento crucial para a cidade, durante a aplicação do Avalia, preparatório para o Saeb”, explicou.

A secretária de Educação de Humaitá, Arnaldina Chagas, também demonstrou preocupação.

“O nosso aluno já apresenta prejuízo no rendimento escolar. E isso, tão próximo ao Saeb, previsto para outubro, pode comprometer os resultados”, afirmou.

Educadores reforçam que os impactos emocionais entre os alunos já são perceptíveis. A professora Martha Núbia, diretora da Escola Martha Macedo, disse que a rede tem tentado oferecer apoio, mas reconhece limitações.

“O tempo perdido não volta. Mesmo com o apoio da escola e das famílias, o impacto é profundo”, declarou.

A professora Aline Buzaglo contou que uma aluna de cinco anos desenvolveu sintomas físicos após presenciar uma operação.

“Ela começou a ter dor de cabeça, sonolência e vômitos constantes. Era uma criança muito avançada para a idade, já sabia ler no pré-2, mas depois de tudo isso está regredindo”, disse.

Diligência do Senado

As denúncias de abusos chegaram também à Comissão de Direitos Humanos do Senado (CDH), que iniciou uma diligência nos municípios de Humaitá e Manicoré para ouvir comunidades e autoridades locais. O pedido foi apresentado pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM) e contou com o apoio da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), presidente da comissão.

Segundo Plínio, a forma como a operação foi conduzida colocou famílias inteiras em risco.

“As imagens são estarrecedoras. Bombas, explosões, uma cidade em pânico. Trabalhadores que vivem do pouco que conseguem extrair sendo tratados como criminosos. Isso não pode se repetir”, disse.

Damares afirmou ter recebido relatos preliminares de conselheiros tutelares sobre violações de direitos de crianças e adolescentes.

“Relataram fatos terríveis. Não respeitaram os direitos das crianças, dos adolescentes e de outros cidadãos. Vamos levantar todos os abusos, elaborar um relatório da comissão e encaminhá-lo inclusive a organismos internacionais”, declarou.

O relatório da CDH deve ser concluído nesta sexta-feira (26) e enviado a órgãos federais e internacionais, com recomendações para prevenir novas violações.

Relatório da Defensoria

Paralelamente, a Defensoria Pública reforçou os atendimentos às famílias entre os dias 22 e 24, coletando vídeos, fotos e depoimentos de cerca de 300 pessoas em Humaitá. Equipes também visitaram comunidades como Ilha do Tambaqui, Santa Rosa e Laranjeiras. No Lago do Uruapiara, foram identificadas cerca de 600 famílias afetadas em 10 localidades.

De acordo com o defensor Ricardo Paiva, o material será usado para a elaboração de um relatório técnico que poderá embasar políticas públicas e ações judiciais contra a União.

“A partir desse relatório, vamos recomendar medidas aos órgãos públicos e, se necessário, ingressar com ações judiciais pedindo reparação. Também queremos mostrar ao Judiciário que futuras operações precisam ocorrer sem explosivos e sem gerar danos ao meio ambiente e à população”, afirmou.

O documento também deve orientar programas sociais da prefeitura e políticas de sustentabilidade e geração de renda na região. Em julho, a Defensoria criou o grupo de trabalho Teko Porã – Vida Digna, voltado para discutir os impactos das operações contra o garimpo no rio Madeira.

Em julho, a Defensoria Pública do Amazonas criou o Grupo de Trabalho “Teko Porã – Vida Digna” para discutir os impactos das operações contra o garimpo no rio Madeira.

 

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Fonte: G1 AM e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 27/09/2025/09:32:25

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