Pará: Terras indígenas Munduruku estão contaminadas pelo Mercúrio aponta pesquisa da Fiocruz

image_pdfimage_print

Pesquisador projeta que caso nada seja feito, impactos podem ser sentidos pelos próximos cem anos.

Estudo realizado pela Fiocruz revelou níveis alarmantes de contaminação por mercúrio em indígenas Munduruku de Jacareacanga, interior do estado. A pesquisa analisou peixes de seis estados e dezessete municípios da região amazônica e associou o avanço das atividades ilegais de garimpo, com os elevados níveis de mercúrio detectados nos pescados da região. O Pará aparace como o quinto mais afetado pela ação do garimpo ilegal com 15,8% de contaminação.

Pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz), da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e de outras instituições parceiras, analisaram amostras de pescado dos principais centros urbanos da Amazônia. “Este é o primeiro estudo que avalia os principais centros urbanos amazônicos espalhados em seis estados. Ele reforça um alerta para um assunto já conhecido, mas não resolvido, que é o risco à segurança alimentar na região amazônica gerado pelo uso de mercúrio na atividade garimpeira. É preocupante que a principal fonte de proteína do território, se ingerida sem controle, provoque danos à saúde por estar contaminada”, ressalta Decio Yokota, coordenador do Programa de Gestão da Informação do Iepé.Os resultados da pesquisa revelam que 21,3% dos peixes que chegam às famílias amazônidas estão com número de contaminação superior ao recomendado pela Organização para Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO/WHO) e pela Agência de Vigilância

Sanitária brasileira (ANVISA). Todos os estados excedem o limite de segurança, com destaque para Roraima com 40,0% e Acre com 39,9%, que apresentaram os maiores níveis de contaminação.

No ParáEntre os municípios paraenses onde foram coletadas amostras, a capital do estado aparece com 8,57% dos peixes analisados com níveis de mercúrio acima do limite admitido pela Anvisa para comercialização de pescados no Brasil. Em Belém, foram analisados 70 peixes de 24 espécies. Outros municípios como Itaituba e Altamira aparecem com 21,13% e 13,95% de peixes com presença de mercúrio respectivamente, seguidos por Oriximiná com 14,8% e Santarém com 7,14%.O estudo aponta que entre os estados da região amazônica, Amapá e Pará são os que registram menor índice de contaminação por mercúrio nas amostras coletadas, com 11,4% e 15,8%, respectivamente. Em todo o estado do Pará foram 393 peixes de 47 espécies analisados.

Mais vulneráveis

O levantamento ainda aponta os grupos mais suscetíveis aos riscos da ingestão constante do alimento contaminado pelo mercúrio. Segundo a pesquisa, mulheres em idade fértil estariam ingerindo até 9 vezes mais mercúrio do que a dose indicada e crianças de 2 a 4 anos até 31 vezes mais do que a dose recomendada.De acordo com o pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz e coordenador da pesquisa, Paulo Basta, a tendência é que gestantes e idosos sintam mais a curto e longo prazo. “As sequelas vão variar de acordo com o momento da vida que o cidadão for exposto e o nível de exposição… as pessoas que são mais vulneráveis ao adoecimento são as mulheres e os idosos”, afirma.

O especialista lamenta a falta de dados sobre o número de perdas e impactos em decorrência da contaminação do mercúrio na região e reforça que a partir da pesquisa surgem novos índices. “Só recentemente que as estatísticas oficiais do sus, pelo departamento de informática do sus, o DataSus, passaram a contabilizar os casos e registros que já temos”, pontua.

Para Basta, apenas uma estratégia integrada entre diferentes setores seria capaz de solucionar o problema. “As ações começam pelo Ministério da justiça nas terras indígenas em garantir que os invasores do território, as pessoas que estão realizando garinpo de forma ilgeal sejam retiradas de lá, em tese a justiça precisa garantir que essas pessoas não voltem, é preciso pensar programas que garantam segurança alimentar das comunidades afetadas”, explica. Ainda menciona a criação de centros de acolhimento específicos e a capacitação de profissionais de saúde. “Nossa experiência de campo revela que os profissionais de saúde não têm nenhum conhecimento em
relação a contaminação por mercúrio… precisam ser treinados para reconhecer uma pessoa com sinais sugestivos de contaminação”, defende.

Um futuro preocupante

“Se o garimpo for interrompido hoje, a partir de amanhã não tem mais nenhum garimpeiro no território, ninguém mais usa mercúrio, nenhuma atividade ilícita, e não houver nenhuma ação de remediação por parte do governo o mercúrio vai ficar contaminado o solo por cerca de 100 a 120 anos”, projeta o especialista. Segundo ele, mesmo com a interrupção do garimpo, sem estratégias de recuperação e tratamento intensos e constantes, o prejuízo ainda pode durar por muito tempo.

Fonte: O Liberal e  Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 07/02/2024/09:04:36

Notícias gratuitas no celular

O formato de distribuição de notícias do Jornal Folha do Progresso pelo celular mudou. A partir de agora, as notícias chegarão diretamente pelo formato Comunidades, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp. Não é preciso ser assinante para receber o serviço. Assim, o internauta pode ter, na palma da mão, matérias verificadas e com credibilidade. Para passar a receber as notícias do Jornal Folha do Progresso, clique no link abaixo e entre na comunidade:

*     Clique aqui e acesse a comunidade do JORNAL FOLHA DO PROGRESSO

Apenas os administradores do grupo poderão mandar mensagens e saber quem são os integrantes da comunidade. Dessa forma, evitamos qualquer tipo de interação indevida. Sugestão de pauta enviar no e-mail:folhadoprogresso.jornal@gmail.com.

Envie vídeos, fotos e sugestões de pauta para a redação do JFP (JORNAL FOLHA DO PROGRESSO) Telefones: WhatsApp (93) 98404 6835– (93) 98117 7649.
“Informação publicada é informação pública. Porém, para chegar até você, um grupo de pessoas trabalhou para isso. Seja ético. Copiou? Informe a fonte.”
Publicado por Jornal Folha do Progresso, Fone para contato 93 981177649 (Tim) WhatsApp:-93- 984046835 (Claro) -Site: www.folhadoprogresso.com.br   e-mail:folhadoprogresso.jornal@gmail.com/ou e-mail: adeciopiran.blog@gmail.com

%d blogueiros gostam disto: