Santarém e oeste do Pará vivem epidemia de acidentes de trânsito

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Herbert Moreschi, diretor do HRBA, alerta sobre o quadro caótico e trágico deixado pela violência do trânsito.

A sociedade tem que se mobilizar para reverter o quadro caótico e trágico deixado pela violência no trânsito, essa é a opinião do Diretor Geral do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), Hebert Moreschi, sobre o aumento de vítimas de acidente de trânsito em Santarém e Região Oeste do Pará.

De acordo com ele, anualmente, cerca de 1.200 pessoas passam por procedimentos cirúrgicos na área de ortopedia, traumatologia, e também neurocirurgia, vitimadas de acidentes de trânsito, no Regional.

“Hoje nós vivemos uma situação de caos. Santarém, assim como a região Oeste do Pará, vive uma epidemia de acidentes automobilísticos, e principalmente motociclísticos. São milhares de pessoas vitimadas mensalmente, que acabam ocupando leitos hospitalares, e o pior, essas pessoas são saudáveis, pessoas que não deveriam estar no hospital. Então, isso liga, o ‘Maio Amarelo’ vem nos dar um alerta, se a sociedade não se mobilizar, nós teremos uma verdadeira situação irremediável. Por isso, iniciativas como essa vem agregar ao trabalho dos hospitais, dos órgãos de trânsito e das forças de segurança, a todas as pessoas e órgão oficiais engajados nesta causa, contribuem com esse trabalho. Se nós não nos mobilizarmos, a situação estará fora de controle, em breve”, afirmou Moreschi, que participou na terça-feira(2), da abertura da Campanha ‘Maio Amarelo’.

O diretor HRBA, foi o representante da área da saúde no evento. Ele citou dados que mostram o desafio diário do serviço público de lidar com pacientes em situações diversas por conta de acidentes de trânsito. “Hoje considero os acidentes automobilísticos e, principalmente motociclísticos, como o principal problema de saúde na região. O paciente vitimado de um acidente acaba retirando a vaga de outros que poderiam ser assistidos”. De acordo com ele, a maioria das vítimas de acidente está na faixa etária de 18 a 35 anos. “Pessoas que não deveriam estar ocupando um leito de hospital, porque deveriam estar vivendo ativamente em sociedade, cuidando de suas famílias. Só modificaremos essa realidade com uma série de atividades paralelas. Temos as voltadas à conscientização e as incisivas de controle de trânsito. Somando isso, acredito que podemos mudar esse cenário, que acaba congestionando o sistema de saúde”, aponta.

Hebert Moreschi ainda foi enfático ao afirmar que o sistema não estaria preparado para uma demanda que aumenta a cada ano. “O caso de acidente de trânsito é algo incontrolável, que não obedece a estatísticas. Se pegarmos os últimos dez anos, o crescimento [de vítimas de acidentes] foi em mais de três mil por cento. Nenhuma patologia cresce nesse sentido. Então, os hospitais de uma forma geral, não estão preparados para lidar com a questão do trânsito. Tem que se trabalhar prevenção e controle”, finalizou.

ESTATÍSTICAS: Em 2016, o Pará registrou mais de 27 mil acidentes de trânsito, com 17.749 feridos e 1.409 mortos, segundo o Departamento de Trânsito do Estado (Detran). Em Santarém, conforme dados da Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT), foram registrados 793 acidentes, com 23 mortes. A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) apontou que 4 mil pessoas deram entrada no Hospital Municipal de Santarém vítimas do trânsito, incluindo acidentes e atropelamentos. As estatísticas são crescentes. Para tentar mudar esse quadro, ao longo de todo este mês será realizado o movimento mundial “Maio Amarelo”, com o tema “Minha escolha faz a diferença”. A ação é em favor da conscientização da sociedade em busca de um trânsito seguro.

O Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, realiza o projeto contínuo “Direção Viva” desde o ano passado, com ações de educação voltadas para a conscientização sobre os prejuízos dos acidentes de trânsito. A iniciativa é realizada em todas as unidades públicas de saúde no Estado do Pará, gerenciadas pela Pró-Saúde. Este mês, o HRBA realiza o “Direção Viva” em conjunto com o “Maio Amarelo”.

Para a abertura do “Maio Amarelo”, foram realizadas duas programações na terça-feira, 2/5. De manhã, a Câmara Municipal de Santarém realizou uma sessão especial sobre o tema. À noite, a cerimônia aconteceu no auditório da Faculdade da Amazônia (Unama) e reuniu autoridades e especialistas no assunto. “Com os trabalhos de educação na escola, a gente vai reduzir esses números de acidentes, que trazem um prejuízo muito grande para a saúde do município e do Estado”, afirma o presidente da Câmara, Antônio Rocha (PMDB).

Anualmente, no Brasil, ocorrem mais de 43 mil óbitos e cerca de 200 mil vítimas são hospitalizadas, segundo dados do Ministério da Saúde. A imprudência é a principal causa dos acidentes. “Os acidentes automobilísticos e, principalmente, motociclísticos se tornaram um grande problema ou, talvez, o mais grave problema de saúde pública da nossa região. Por isso, o ‘Maio Amarelo’ vem com o objetivo de alertar a sociedade sobre a importância do engajamento de todos nessa luta. Não é um problema exclusivo dos hospitais que recebem os pacientes acidentados”, diz o diretor-geral do Hospital Regional, Hebert Moreschi.

O custo total das vítimas de acidentes de trânsito, no Brasil, chega a quase R$ 56 bilhões por ano, incluindo despesas com o socorro, leitos dos hospitais, medicamentos, indenizações, entre outros. “Os números são crescentes. Muitos pacientes acabam ocupando um leito hospitalar e tirando a vaga de pacientes de outras patologias. Além disso, a maioria das pessoas acidentadas está em idade produtiva e, por um acidente, acaba não podendo mais exercer suas funções na sociedade. Nós temos que mudar esse cenário, estamos com estatísticas terríveis. O ‘Direção Viva’ é parceiro de diversas entidades aqui em Santarém para tornar o trânsito da nossa região mais humano e confiável”, destaca Moreschi.

O médico ortopedista do HRBA, Emmanuel Silva, diz que os acidentes de trânsito representam um grave problema para o presente e futuro. “Nós estamos enfrentando uma guerra e essa guerra não começou abruptamente, ela vem mostrando, a cada ano, infelizmente, uma legião de jovens mutilados que são o pior indício do futuro de um país jovem como o Brasil”, finaliza.

SESSÃO ESPECIAL MARCA A ABERTURA DO “MAIO AMARELO” EM SANTARÉM: Após o feriado prolongado, a Câmara Municipal de Santarém deu início, na manhã de segunda-feira (02), ao movimento “Maio Amarelo” no Município. O evento contou com a participação de entidades e instituições que atuam direta e indiretamente nas questões de trânsito, e foi organizado em parceria com a Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT). O autor do requerimento foi o vereador Alysson Pontes (PSD). Ele observou que o Município tem registrado muitas ocorrências de acidentes automobilísticos, o que estaria gerando demanda para a saúde. “Maio Amarelo é uma iniciativa mundial. Hoje o trânsito é comparado a uma guerra civil porque mata inúmeras pessoas e deixa outras com sequelas”, ressalta.

Pontes ainda garantiu que as ações parlamentares dele deverão priorizar uma parceria com o Poder Executivo por meio da SMT, para desenvolver projetos relacionados à educação no trânsito. “Legislativo, Executivo, entidades e escolas se unem nesta sessão para depois encaminharem propostas. O verdadeiro objetivo é transformar essa realidade e diminuir as mortes por imprudência”.

O presidente da Comissão de Transportes, Alaércio Drogamil (PRP), enfatizou que o alto índice de acidentes de trânsito no Município “é uma preocupação desta Casa. Os números são alarmantes no País, e Santarém não está diferente”. Ainda segundo ele, os dados em relação a acidentes em Santarém são maiores que os apresentados nacionalmente em números proporcionais. O parlamentar ressaltou que a Comissão de Transportes tem analisado diversos projetos que visam a uma melhor mobilidade urbana, consequentemente, minimizem os problemas no trânsito santareno.  “Nós temos alguns trabalhos da legislatura passada e da atual. Um deles é o da ‘Zona Azul’. Esperamos que ele seja aprovado logo, e o município o implemente o mais rápido possível”, concluiu.

O vice-líder do Governo na Casa também se posicionou a respeito do tema. Henderson Pinto (DEM) destacou que ainda é preciso mais empenho do poder público e das diversas entidades da sociedade para que sejam evitados acidentes e as mortes no trânsito do município. Ele salientou principalmente que a educação deve ser levada para as escolas e os lares santarenos, enaltecendo a participação de alunos no plenário.

OAB: A Subseção de Santarém da Ordem dos Advogados do Brasil foi representada pela advogada e policial militar reformada especialista em trânsito, Marnilza Moita. Ela destacou que é “louvável essa iniciativa da Câmara de levar à população o respeito, de você ser ator desse processo que é o trânsito, porque precisamos de mais campanhas, inclusive, colocar na pauta das escolas a educação no trânsito”. A advogada também observou que a imprudência é a principal causa de acidentes. “A imprudência de exceder a velocidade permitida; de dirigir quando não se está em condições; quando você deixa de fazer a conservação ideal do veículo. Às vezes a população quer reclamar por falta de asfaltamento, por melhoras de asfaltamento, mas são condições mínimas porque a maior causa de acidentes é a imprudência; o desrespeito”.

EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO: Como o principal foco da sessão especial era tratar da educação no trânsito, alunos de uma turma da Escola Estadual Álvaro Adolfo da Silveira foram convidados. O evento foi uma oportunidade de aprendizado para os estudantes. “Aí fora o trânsito é muito desrespeitoso com todo mundo: pedestres, ciclistas, motociclistas, e com essa sessão aprendi muito a respeitar o trânsito. Deveria ter sempre mais palestras, não apenas a nós, que fomos escolhidos da turma, mas a todos da escola”, enfatiza.

A advogada e professora de Direitos Humanos e Direito Constitucional da UNAMA, Mara Roberta Cardoso, esclareceu que o ‘Maio Amarelo’ precisa ser trabalhado constantemente. “A sociedade precisa estar envolvida e deverá refletir permanentemente sobre o assunto, pois muitas vidas são ceifadas no trânsito”.

A educadora enfatizou que a situação dos pedestres é preocupante, porque muitos não seriam orientados, e por falta de conhecimento dos direitos e deveres, acabariam provocando acidentes. “Quanto aos pedestres, o simples gesto de levantar as mãos ao pisar na faixa, alertar o condutor para que este pare o veiculo e deixe o pedestre passar, o movimento traz esta orientação para que a partir de agora todos saibam como proceder”. Ela ainda observou que em Santarém o pedestre não tem o hábito de alertar o motorista na faixa de pedestre, e essa falta de orientação estaria ocasionado inúmeros acidentes.

Mara Roberta afirmou que a mudança e a educação no trânsito dependem unicamente de um compromisso individual de cada cidadão. Ela ainda citou que a maioria dos acidentes ocorre por falta de atenção. “Ninguém sai de casa com intenção de matar o outro no trânsito, por isso atenção é fundamental, em um piscar de olhos o acidente acontece, nossos direitos asseguram a vida e devemos fazer valer este direito sendo responsáveis quando conduzimos um veículo, ou mesmo quando estamos na condição de pedestres”.

A advogada pediu aos presentes na sessão para que unam forças ao movimento e mudem a realidade do município que registra diariamente acidentes automobilísticos.

SOBRE A CAMPANHA ‘MAIO AMARELO’: O Movimento Maio Amarelo chama a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo. O objetivo do movimento é coordenar uma ação entre o Poder Público e a sociedade civil, além de propagar o conhecimento, abordando toda a amplitude que a questão do trânsito exige, nas mais diferentes esferas. A cor amarela refere-se ao sinal de trânsito, em que o amarelo significa atenção e alerta ao motorista, sendo assim o movimento acompanha o sucesso de outras ações, como o “Outubro Rosa” e o “Novembro Azul”, os quais, respectivamente, tratam dos temas câncer de mama e próstata.

O “Maio Amarelo” estimula atividades voltadas à conscientização, ao amplo debate das responsabilidades e à avaliação de riscos sobre o comportamento de cada cidadão, dentro de seus deslocamentos diários no trânsito. O movimento deseja fazer do amarelo, a cor da atenção pela vida.

Fonte: RG 15/O Impacto
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