Seca fora do normal em rios da Amazônia tem relação com El Niño e aquecimento do Atlântico Norte; entenda

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Estiagem faz lago secar em Manaus

Estiagem na região, que tem castigado milhares de moradores, deve se prolongar pelos próximos meses, atrasando o início da estação chuvosa, que começaria a partir de outubro.

A seca prolongada e “fora do normal” nos rios da Amazônia, que tem castigado milhares de moradores na região, está relacionada, segundo especialistas, à combinação de dois fatores que inibem a formação de nuvens e chuvas: o El Niño (que é o aquecimento do oceano Pacífico) e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte.

⚡ E o cenário não é animador: a previsão é de mais estiagem nos próximos meses, atrasando o início da estação chuvosa, que começaria a partir de outubro.

🚨 No estado do Amazonas, por exemplo, a Defesa Civil prevê uma seca recorde neste ano. Dos 62 municípios, 17 já estão em situação de emergência e 38, em alerta. O governo federal, em parceria com o local, criou uma força-tarefa para lidar com problemas como a navegação de embarcações prejudicada pelas áreas rasas dos rios.

Geralmente, setembro é o mês em que a seca é mais sentida na Bacia Amazônica. No entanto, neste ano, a situação está atípica, de acordo com os meteorologistas.
A seca está fora do normal e deve piorar nos próximos meses. O El Niño tem uma grande contribuição nisso, assim como a distribuição da temperatura das águas do Atlântico Tropical.
— Giovanni Dolif, meteorologista do Centro de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden)

Veja, abaixo, a situação dos rios do Brasil nos últimos 30 dias:

Situação dos principais rios brasileiros — Foto: Luisa Rivas / Arte g1
Situação dos principais rios brasileiros — Foto: Luisa Rivas / Arte g1

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), ligado ao governo federal, explica que, “apesar de o reflexo dos dois fenômenos ocorrerem em regiões diferentes da Amazônia, o aquecimento das águas do oceano desencadeia um mecanismo de ação similar sobre a floresta”. Ou seja, ambos reduzem as chuvas na região.

“O evento do Atlântico Tropical Norte está se somando ao El Niño. Dois eventos ao mesmo tempo são preocupantes. Tivemos isso entre 2009 e 2010, que foi a maior seca registrada na bacia do rio Negro nos últimos 120 anos”, afirma o meteorologista Renato Senna, responsável pelo monitoramento da bacia amazônica no Inpa.

Segundo Dolif, a última seca na região foi em 2016, justamente em decorrência do último El Niño, registrado em 2015 e 2016.

O que está acontecendo na Amazônia

Seca 2023: Lago do Aleixo secou em Manaus — Foto: Gato Júnior/Rede Amazônica
Seca 2023: Lago do Aleixo secou em Manaus — Foto: Gato Júnior/Rede Amazônica

🔥🌊 Atuação do El Niño:

De um lado, há o El Niño, que aumenta a temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial.
Esse fenômeno altera os padrões de ventos, umidade, temperatura e chuvas, em particular em regiões tropicais. No Brasil, se traduz em menos chuvas e aumento das temperaturas em parte das regiões Norte e Nordeste.

🔥🌊 Aquecimento do Atlântico Tropical Norte:

De outro lado do continente, há o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, que fica logo acima da linha do Equador e também inibe a formação de nuvens, reduzindo o volume de chuvas na Amazônia.

🚨 Combinação desses dois fatores:

Com a água dos oceanos mais quente, as correntes ascendentes carregam ar aquecido para a atmosfera. Esse ar segue até a Amazônia por meio de duas correntes descendentes, onde vai diminuir a chuva.
No caso do El Niño, o processo ocorre de leste para oeste – a partir do Pacífico. No caso do Atlântico, do norte para o sul.

“Esse ar mais quente atua inibindo a formação de nuvens e, por consequência, das chuvas”, afirma Senna, do Inpa.

Com isso, os níveis dos rios na região têm baixado de forma muito rápida.
Em alguns pontos do Amazonas, os rios estão com bancos de areia, o que dificulta o trajeto de embarcações, principal meio de locomoção entre comunidades da região, em velocidade normal e em segurança. Trechos dos rios Solimões e Amazonas vão receber serviço emergencial de dragagem para abrir caminho para a navegação, segundo o governo local.
Algumas cidades já registram problemas no abastecimento de água e falta de alimentos, provocada justamente pela dificuldade de locomoção das embarcações.
Além do impacto na população, a estiagem deste ano também tem resultado na morte de peixes, botos e outros animais.

Seca x eventos extremos

Uma nota conjunta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) aponta para um fim de ano (outubro, novembro e dezembro) mais seco na região Norte.

Segundo os órgãos, “a previsão indica o predomínio de condições mais secas do que o normal, com destaque para a região amazônica”.

No Sul do país, que tem sofrido com as enchentes, a expectativa é de chuva acima da média, conforme o mapa abaixo.

Previsão de chuva na região amazônica — Foto: Arte/g1
Previsão de chuva na região amazônica — Foto: Arte/g1

O impacto de eventos extremos, como as chuvas no Sul e, agora, a seca na Bacia Amazônica, foi citado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao participar da abertura de uma oficina sobre mudanças climáticas nesta quinta-feira (28).

“O que está acontecendo no Rio Grande do Sul e agora no estado do Amazonas é a demonstração em três dimensões de que os eventos climáticos extremos já estão nos afetando de forma assustadora e dramática”, afirmou.

 

Fonte: Mariana Garcia, Fernanda Calgaro, g1/ Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 28/09/2023/16:16:54

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