Variedade de mandioca entusiasma agricultores do nordeste paraense
A principal vantagem da Maniçobeira está na colheita, que pode ser feita até seis vezes por ano, enquanto a mandioca, apenas uma.
A oportunidade de diversificar a produção de mandioca chega aos campos do Pará, com a variedade de maniva batizada como Maniçobeira, cultivada pela primeira vez na comunidade dos Remédios, em Santo Antônio do Tauá, nordeste paraense. O projeto, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri), em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) pretende multiplicar o material para o plantio em outras áreas, aproveitando o grande interesse dos agricultores da região pela Maniçobeira.
Um Dia de Campo no projeto de propagação da Maniçobeira foi realizado nesta quarta-feira, 6, com a presença do secretário de Estado de Agricultura, Andrei Castro, técnicos da Sagri e Emater, pesquisadores e agricultores. O objetivo foi divulgar o grande potencial da variedade e o que já se conhece da Maniçobeira, a partir da observação do plantio. As diferenças da nova cultivar para a mandioca comum vêm entusiasmando os agricultores, que já pensam em ter na propriedade uma roça de mandioca e outra de maniva.
Descoberta por acaso no quintal de uma dona de casa em Santo Antônio do Tauá, a Maniçobeira chamou a atenção pela grande quantidade de folhas e pouca raiz. Logo despertou o interesse das pequenas fábricas de maniva pré-cozida para o preparo de um dos mais tradicionais pratos típicos do Pará, a maniçoba. Em 2010, o técnico da Emater Ailson Cardoso buscou a parceria da Sagri para fazer o plantio de propagação da variedade e distribuir o material aos agricultores da região. “Precisamos agora da pesquisa para conhecer melhor a variedade”, diz Ailson.
A principal vantagem da Maniçobeira está na colheita, que pode ser feita até seis vezes por ano, enquanto a mandioca, apenas uma. Isso se deve ao grande poder de regeneração da biomassa, a cada poda aumenta o volume de folhas. O agricultor José Wilson Souza, que cedeu um hectare de seu terreno para a realização do projeto, já fez três colheitas neste ano. A venda para as fábricas de maniva pré-cozida rendeu 800 reais, enquanto Aluísio Pinheiro, que já fez a colheita anual da mandioca comum, ganhou apenas 400 reais. O rendimento de folhas da Maniçobeira pode chegar a 18 toneladas por ano e o da mandioca não passa de 10 toneladas.
A retirada das folhas da maniçobeira é mais fácil e rápida, não tem o cheiro forte característico da mandioca porque tem menos ácido cianídrico. O tempo de cozimento também é menor, enquanto a maniva da mandioca cozinha de cinco a sete dias, a da Maniçobeira exige apenas dois dias, o que representa uma economia de gás.
O pesquisador João Tomé Farias Neto informou que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já aprovou para este ano uma proposta de estudo das características físico químicas das folhas da Maniçobeira. A pesquisa vai definir, por exemplo, o teor de proteína, de ácido cianídrico e de fibras da variedade. O Instituto Paulo Martins, de gastronomia, já fez o teste de palatabilidade do produto e comprovou o sabor diferenciado da maniçoba feita com as folhas da Maniçobeira.
O Dia de Campo encerrou com a degustação de maniçoba, durante a qual o secretário Andrei Castro falou da importância do projeto para o desenvolvimento da cultura da mandioca, que tem expressiva representação na economia paraense e na agricultura familiar do Estado. Anunciou que vai disponibilizar uma patrulha mecanizada para facilitar o preparo das áreas de plantio da maniçobeira em Santo Antônio do Tauá, município cuja economia depende 60% da agricultura.
Fonte: Agência Pará.
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