Castanha: do Pará, do Brasil ou da Amazônia? Qual é o nome do fruto que tem o Amazonas como maior produtor?
Castanha-do-brasil é rica em selênio. — Foto: Rafael Rocha/ Embrapa
Disputa sobre o nome da castanha reflete a história e a diversidade de sua produção na região Amazônica, com diferentes denominações ganhando força ao longo dos anos.
A castanha é uma das riquezas naturais mais conhecidas do país, com destaque para sua produção na região Norte. Porém, quando se trata do nome correto do fruto, surgem dúvidas: seria castanha do Pará, do Brasil ou da Amazônia? Para esclarecer, o g1 conversou com Davi Leal, historiador e especialista no tema, que respondeu a essas questões sobre esse tesouro brasileiro, com o Amazonas sendo atualmente o maior produtor.
🍃🌰 O debate sobre o nome da castanha chamou a atenção nas redes sociais neste fim de semana, após o ator manauara Adanilo participar do programa É de Casa, da Globo, exibido no sábado (4).
Durante a atração, ele ensinava a receita de uma tapioca caboquinha, prato típico da culinária amazonense, que leva banana-da-terra, queijo coalho, tucumã e castanha-da-amazônia, como ele mesmo mencionou.
No entanto, a apresentadora Talitha Morete, surpresa, corrigiu o ator, afirmando que o fruto é conhecido na região Sudeste como castanha-do-Pará.
“É do Pará, é da Amazônia, é do Brasil… tem um monte de nome”, brincou o ator, ao ser questionado no programa.

Horas após a repercussão do debate sobre o nome do fruto na TV, a ex-BBB paraense Alane se manifestou nas redes sociais para defender o nome pelo qual o fruto é amplamente conhecido, especialmente em seu estado.
“Amo castanha do PARÁ”, publicou a 21ª eliminada do reality.
Em um vídeo, a dançarina disse: “É ‘castanha-do-Pará’. Estou falando o óbvio, porque às vezes o óbvio precisa ser dito. Não é ‘castanha-do-Brasil’, não é ‘castanha-da-Amazônia’, é muito simples: P – A – R – Á”, soletrou.
No entanto, apesar de ser uma nomenclatura popularmente aceita, a questão não é tão simples como parece. Embora muitos ainda chamem o fruto de ‘castanha-do-Pará’, atualmente um decreto brasileiro oficializa o nome Castanha do Brasil.
Além disso, o historiador e pesquisador Davi Leal, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), argumenta que o nome mais correto seria “Castanha da Amazônia”, devido à sua origem e à produção predominante na região.
O historiador explicou que a castanha frequentemente foi associada a uma localidade específica, onde era processada ou transportada. No entanto, essa associação não se sustenta, pois a produção ocorre em toda a região amazônica.
“No século XIX, a castanha passou a ser chamada de castanha do Pará, pois a produção vinda do interior da Amazônia seguia para Belém. Já no século XX, desde a década de 1930, a Associação Comercial do Amazonas defendeu a utilização dos nomes ‘castanha do Brasil’ ou ‘castanha da Amazônia”, destacou o professor.
Davi Leal explicou que a associação do nome ao estado do Pará remonta à época em que a região do Amazonas fazia parte da Província do Pará. Além disso, no século XVIII, a castanha chegou a ser chamada de “Castanha do Maranhão”, devido aos portos de exportação do fruto.
“Chamar de Castanha do Pará reforça a identidade do estado, mas não faz justiça à história, pelo menos não completamente. Até 1850, o Amazonas fazia parte da Província do Pará, ou seja, éramos paraenses. Quando nos separamos, compartilhamos muitos hábitos culturais com toda a região”, esclareceu.
Dilemas culturais
O engenheiro de alimentos Albert Lopes, que desenvolveu uma pasta à base de castanha da Amazônia, compartilhou que enfrentou dilemas culturais durante a pesquisa do produto. Ele destacou a importância cultural da castanha tanto no Amazonas quanto no Pará. Para evitar a exclusão dos produtores da região, optou por usar o nome ‘castanha da Amazônia”.
“Percebi que associar a castanha a apenas um local pode gerar conflitos, como a apropriação cultural, fazendo com que outros estados produtores se sintam excluídos e limitando a origem do produto”, pontuou.
Um levantamento do Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), mostrou que o Amazonas foi o maior produtor de castanha do Brasil em 2022, com uma produção de 14.303 toneladas. O estado ocupa essa posição desde 2016, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os municípios amazonenses com maior produção anual de castanha incluem:
- Humaitá: 6.500 toneladas,
- Boca do Acre: 1.112 toneladas,
- Codajás: 700 toneladas.
O estudo também trouxe dados sobre outros principais estados produtores de castanha:
- Acre: 9.145 toneladas, ocupando o segundo lugar.
- Pará: 8.807 toneladas, em terceiro lugar.
Mas afinal, qual é o nome correto?
A nomenclatura da castanha reflete a história e a complexidade de sua produção na região amazônica. E recentemente, o termo “castanha-da-Amazônia” tem ganhado força, refletindo a ampla produção e a origem geográfica do fruto.
Portanto, não há uma única forma “correta” de nomear a castanha. Cada termo tem uma origem e contexto que representa diferentes aspectos de sua história e produção.
O mais importante é reconhecer o valor cultural e econômico desse tesouro da região Norte, independentemente do nome que se escolha. O consumidor tem a liberdade de adotar o nome que mais ressoe com a sua percepção e a riqueza dessa iguaria brasileira.
Fonte: g1 AM e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 06/01/2025/07:49:20
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