Funcionários de laboratórios apontam indícios de manipulação na divulgação de casos de Covid-19 no Pará

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Amostra sendo coletada no Pará para teste de Covid-19 — Foto: Reprodução/Agência Pará

Profissionais relataram ao G1 que, em 3 semanas, demanda de notificações quase triplicou em laboratório particular de Belém, mas os dados demoram a aparecer em boletins da Sespa. Secretaria informa redução da média móvel.

Profissionais de dois laboratórios particulares em Belém que acompanham a divulgação detalhadas dos casos de Covid-19 no estado afirmam que casos confirmados e repassados ao governo demoram a aparecer nos boletins diários da Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa). Segundo três funcionários ouvidos pelo G1, “há indícios de que os dados são manipulados para serem divulgados como de datas anteriores”.

Na última quinta (15), um dos laboratórios havia notificado 16 casos positivos, após exames feitos em domicílio, sem contar com coletas em hospitais. No boletim divulgado, saíram 13 infectados em Belém, somando notificações de 7 dias.

Os funcionários que trabalham diretamente com a testagem e notificação dos casos de Covid-19 relatam também que o fluxo de amostras aumentou, em média, 166,6% nas últimas três semanas.

A Sespa convocou coletiva nesta sexta para apresentar dados atuais da Covid-19 no estado, um dia após o Hospital Universitário João de Barros Barreto divulgar uma nota informando da suspensão de visitas e afirmando que houve “aumento no número de casos confirmados da doença no Pará” e “aumento de 280% do número de amostras em análise”. A secretaria aponta redução da média móvel de casos e mortes.

“A gente tinha um montante de cerca de 30 resultados por dia, e há três semanas agora são 80. E a gente prioriza informar dos casos positivos para não acumular, mesmo assim, eles não aparecem. Não é possível que com vários laboratórios no estado, os casos do dia sejam tão baixos”, afirma um dos funcionários, que preferiu não ser identificado.

O funcionário, que monitora os exames de PCR para o novo coronavírus, explica que teve treinamento pelo Laboratório Central, vinculado à Sespa, para utilizar o Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL), além do cadastro via E-SUS, ambos utilizados pelos laboratórios para notificações. Segundo o relato, os sistema costumam apresentar lentidão, problemas no login, e os profissionais precisam preencher formulários para notificar a secretaria via-email.

“Notificamos tanto PCR, quanto das sorologias, mas há muito tempo o sistema não permitia o acesso, dando erro no login e muitos estabelecimentos ficaram com notificações atrasadas por causa disso. Eles dizem que há outra forma de envio, por meio de ficha, mas seria necessário um profissional da saúde destacado somente para preencher com as informações necessárias. Mesmo assim, no nosso laboratório todo dia isso é feito, o que me espanta é que cada vez mais os números de casos crescem, e quando o boletim sai no fim do dia, não é possível que eles não tenham recebido”.

“Não tem como um estado tão grande, e tanta gente fazendo teste em Belém, como o Laboratório Central, o Instituto Evandro Chagas, eu duvido que eles não tenham esses casos”, afirma um funcionário.

Questionada sobre os relatos dos funcionários ouvidos pelo G1, a Sespa afirmou que o GAL é o sistema onde são cadastradas as amostras enviadas ao Lacen e que os laboratórios privados utilizam o E-SUS, que é de responsabilidade do Ministério da Saúde.

A secretaria disse ainda que a Universidade do Estado do Pará (UEPA) tem promovido testagens em massa em todas as regiões do Pará, a partir do inquérito epidemiológico, que já está na terceira etapa de execução e vai testar, ao todo, cerca de 27 mil pessoas.

Panorama

Nesta sexta, em coletiva em Belém, o diretor de Vigilância em Saúde da Sespa, Denilson Feitosa, apresentou dados atualizados da secretaria e de como está a situação dos hospitais que tiveram perfil exclusivo para tratamento da Covid-19 e que agora estão voltando aos atendimentos anteriores, como os hospitais de campanha de Castanhal e de Castelo dos Sonhos, em Altamira, no sudoeste do estado.

“Há uma queda substancial de casos e óbitos que tem acontecido desde fim de maio, logo após o pico, e desde então utilizamos a metodologia que é a variação da média móvel em 14 dias”, afirmou. Ainda segundo Feitosa, no último boletim divulgado foi informada diminuição de 90% no número de casos e de 74% nas mortes, de acordo com média móvel comparada com a de 14 dias atrás.

O diretor afirmou que os números por dia podem variar, pois “a todo momento chegam notificações e portanto será cadastrado novo caso no dia em questão”.

“Mesmo adicionando casos anteriores, não existe mudança no comportamento da curva”, afirma o diretor.

Por Taymã Carneiro, G1 PA — Belém

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