Interpol busca por dinamarquesas acusadas de sequestrarem os filhos
(Foto Reprodução) -A Interpol procura por duas mulheres dinamarquesas que fugiram para o Brasil com seus filhos e foram vistas na ilha de Mosqueiro, distrito de Belém. Os pais das crianças acionaram a Justiça em busca do paradeiro dos filhos.
A defesa de uma das mães alega que a fuga da Dinamarca ocorreu porque a mulher sofria, junto com os dois filhos, violência dos ex-maridos. “O sistema dinamarquês impõe a todo custo a guarda compartilhada dos filhos, mesmo com denúncias de abuso sexual e violência contra um dos responsáveis. Há documentos da União Europeia condenando essa lei, pedindo que a Dinamarca revise a medida porque ela viola a convenção da criança”, explica Luanna Tomaz, advogada, no Brasil, de Angelina Maalue Avalon Mathieses.
Quando a Angelina começou a denunciar os abusos, essas denúncias não foram apuradas e ela começou a ser muito criticada. Essas situações de abuso se ampliavam tanto com ela quanto as crianças, agressões verbais, físicas e assédio financeiro”
Luanna Tomaz, advogada de Angelina Avalon
“Quando a Angelina começou a denunciar os abusos, essas denúncias não foram apuradas e ela começou a ser muito criticada. Essas situações de abuso se ampliavam tanto com ela quanto as crianças, agressões verbais, físicas e assédio financeiro”, relata a advogada, que mantem contato com Angelina desde dezembro de 2016.
Angelina é mãe de Aia Sofia com Peter Alexander Lawaetz, e também de Leonardo, cujo pai é Vladimir Valiant Todorovski. Após acusar Peter de agressão, e Vladimir de ter abusado sexualmente da enteada, os Angelina passou por testes psicológicos, assim como os dois ex-maridos.
O laudo feito por psicólogos concluiu que Angelina tem sérias limitações em suas competências de mãe. A Justiça dinamarquesa decidiu que Aia Sofia deveria ficar com Peter Alexander Lawaetz, e que aguarda de Leonardo deveria ser de Vladimir Valiant Todorovski enquanto o processo tramitasse na Justiça. Mas, antes mesmo de sair a decisão, Angelina desapareceu com os filhos.
A outra mãe dinamarquesa, Lisbeth Markussen, também denuncia que fugiu com os filhos por sofrer agressões. “Lisbeth ainda não encontrou em contato comigo, mas eu gostaria muito de ajuda-la, porque ela está ainda mais desassistida que Angelina”, diz Tomaz.
A fuga
Para viajar ao Brasil, Angelina e Lisbeth partiram de carro pelas estradas da Europa e atravessara vários países. Lisbeth foi primeiro, em julho de 2015. Pegou um avião em Viena e passou pela República Dominicana, seguiu até o Peru e, por fim, até o Acre, por onde entrou no Brasil. Já Angelina fugiu depois, em março de 2016. Cruzou o Atlântico até a Guiana e, de lá, por Roraima.
Elas se encontraram em Manaus e decidiram vir juntas para Belém. A viagem foi feita de barco e durou cinco dias. As duas decidiram se estabelecer na ilha de Mosqueiro, localizada a 72 km de Belém, um balneário com 28 mil habitantes.
Angelina e Lisbeth procuraram uma região da ilha que tivesse pouca gente morando. O refúgio delas foi na praia de Marauh, onde se hospedaram em uma pousada de frente para o rio. Na pousada, elas se identificaram como holandesas, disseram que eram irmãs, e que vieram ao Brasil para escrever um livro.
Moradores que tiveram contato com as duas disseram que Lisbeth era um pouco mais reservada, enquanto Angelina e os filhos logo conquistaram a simpatia da vizinhança.
Depois de dois meses sem notícias do filho, Vladimir contratou um detetive particular e foi seguindo a pista que os pais de Aia e Leonardo descobriram que Angelina estava no Brasil.
Detectou que um ex-padrasto dela havia transferido o dinheiro para Belém. Os pais decidiram vir até Belém acionar a justiça.
“Eu não me preocupo se Angelina vai ser presa, esse não é meu problema. Eu só quero as crianças de volta”, diz Vladimir.
Como o nome de Angelina já estava na lista de procurados da Interpol, e os filhos constavam como desaparecidos, a Polícia Federal passou a investigar o caso.
Imagens do circutio de segurança de um supermercado, datadas de 8 de dezembro de 2016, mostram Angelina fazendo compras junto com a família de um homem, Karl Henkel, que é alemão e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA). Depois das compras, ele sai com Aia. Logo em seguida, Angelina sai com Leonardo.
O professor tem uma casa de veraneio em Mosqueiro, onde Angelina chegou a morar por um tempo. Henkel prestou depoimento na Polícia Federal e disse que a última vez que tinha visto a dinamarquesa foi no fim do ano passado, em Belém. Ele afirmou que a conhecia, que ela fazia algumas traduções para ele. O professor foi procurado em Belém, mas não quis atender a reportagem.
Ilegal
Angelina está ilegal no Brasil porque já ultrapassou o prazo de 45 dias a que ela teria direito como turista. Em dezembro do ano passado, a Justiça Federal determinou a prisão de Angelina para que ela fosse deportada. Os policiais tinham a informação de que a dinamarquesa estaria em uma casa em Mosqueiro, próxima a uma área de floresta, mas ela não foi encontrada.
Quando os policiais estiveram em Mosqueiro, procurando Angelina, Lisbeth decidiu ir embora. A reportagem passou um mês apurando o caso, procurando as duas foragidas. Após anunciar que a reportagem seria exibida, uma advogada de Angelina no Pará nos procurou. A dinamarquesa não quis ser filmada e aceitou apenas falar pelo telefone, rapidamente.
“Estamos bem, saudáveis. Estou dando aula às crianças, já que elas não podem ir à escola ainda”, disse Angelina, que afirmou ter provas de que Aia e Leonardo eram vítimas de violência. “Nós temos muitas evidências de abuso e isso mostra que eu preciso proteger meus filhos”, diz.
A advogada brasileira desclassificou o laudo feito na Dinamarca, que indicou problemas em Angelina. “Foi uma avaliação extremamente frágil, a Angelina chegou a conversar poucas vezes com a profissional”.
A defensora disse que já ingressou com uma ação na Justiça para impedir a prisão da dinamarquesa e que vai dar entrada em um pedido de refúgio para que ela possa ficar no Brasil
“Seria uma medida de exceção para uma mulher que está com crianças. Determinar a prisão dela é uma situação de violação aos direitos humanos e o Estado brasileiro precisa garantir a proteção dessa mulher”, diz Thomaz.
Do G1PA
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