‘Lula era o comandante máximo do esquema de corrupção’, diz MPF

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SÃO PAULO. O coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, disse nesta quarta-feira que o ex-presidente Lula era o “comandante máximo do esquema de corrupção identificado na Petrobras durante seu governo. O ex-presidente negou a acusação em redes sociais. Na coletiva, o procurador afirmou que o esquema tinha como propósitos a manutenção da governabilidade, a perpetuação dos partidos no poder e o enriquecimento ilícito dos envolvidos.
— Hoje o MPF acusa o sr. Luiz Inácio Lula da Silva como o comandante máximo do esquema de corrupção identificado na Lava-Jato — disse Dallagnol, que também se referiu ao ex-presidente como “maestro da orquestra concatenada para saquear os cofres da Petrobras e outros órgãos públicos” e “grande general do esquema de corrupção” descoberto pela Lava-Jato.
De acordo com Dallagnol, Lula recebeu R$ 3,7 milhões em propina da empreiteira OAS, uma das beneficiárias do esquema de corrupção na Petrobras, aplicados em um apartamento no Guarujá (SP) — que Lula devolveu depois que o caso veio à tona — e no armazenamento de itens do ex-presidente depois que ele deixou o Planalto
Para embasar a denúncia, o procurador citou o poder de decisão do ex-presidente para nomear postos de alto escalão, sua proximidade com pessoas acusadas na Lava-Jato e com o PT, além do depoimento de políticos que relataram o conhecimento de Lula sobre o esquema de corrupção. No entanto, não informou se eles apresentaram mais provas de envolvimento do ex-presidente com os crimes, além do relato testemunhal.
O coordenador da Lava-Jato relembrou as semelhanças entre o caso do mensalão e o esquema de pagamentos de propinas na Petrobras para apresentar o que chamou de “propinocracia”, um governo que, de acordo com o procurador, é regido pelo pagamento de vantagens indevidas.
Segundo Dallagnol, os investigadores não desejam recuperar a Ação Penal 470 (do mensalão) para definir a responsabilidade de Lula naquele caso, mas a título de mais uma prova. Para o procurador, após a divulgação do esquema do mensalão, Lula não poderia mais alegar desconhecer outro esquema que funcionava de forma semelhante.
— Dessa vez, Lula não pode mais dizer que não sabia de nada — disse.
Segundo ele, a conclusão sobre o envolvimento de Lula no esquema de corrupção descoberto pela Lava-Jato não leva em conta a história do ex-presidente ou da qualidade de seu governo:
— O MPF não está julgando aqui quem Lula foi ou é como pessoa. Não estamos julgando quanto o seu governo foi ou não foi bom, o quanto ele fez ou não fez pelo povo brasileiro. O que o Ministério Público faz aqui é imputar a ele a responsabilidade por crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro, em um contexto específico, afirmando qual é a medida de sua responsabilidade com base em evidências – afirmou Deltan.
O procurador disse que a mesma ressalva se aplica ao PT:
— Não se julga aqui a adequação de sua visão de mundo, sua ideologia, mas avalia sim se a agremiação se envolveu, por meio de seus diversos prepostos, em crimes específicos.
Para a Lava-Jato, embora não se possa dizer que todos os apadrinhados que assumiram cargos públicos arrecadaram propinas, é possível “afirmar que existia um sistema com este objetivo, o qual abarcava seguramente diversos cargos públicos”, segundo Deltan Dellagnol.
— Só o poder de decisão de Lula fazia o esquema de governabilidade corrompida viável. (O ex-presidente) nomeou diretores para que arrecadassem propina. Sem o poder de decisão de Lula, esse esquema seria impossível.
Dallagnol citou os depoimentos do ex-senador Delcídio do Amaral,
Para o procurador, “evidências apontam que Lula enriqueceu ilicitamente com o esquema de corrupção, o que demonstra que tinha, mais do que conhecimento, um papel central” no esquema de corrupção montado na Petrobras. Ele cita reformas feitas pela OAS em um triplex que seria destinado ao ex-presidente no Guarujá, mas foi devolvido depois que o caso veio à tona.
Lula, a mulher dele, dona Marisa Letícia, e mais seis pessoas foram denunciadas nesta quarta-feira por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do edifício Solaris, no Guarujá. Também foram denunciados o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, e os ex-diretores da OAS Paulo Gordilho (responsável pela compra de móveis planejados para a cozinha do apartamento), Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira.

O GLOBO

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