Novo governo conservador da Suécia extingue Ministério do Meio Ambiente
Romina Pourmokhtari foi nomeada para o comando da agenda ambiental no novo governo sueco, mas pasta perde independência e passa a integrar o Ministério de Negócios e Energia (Foto:JONATHAN NACKSTRAND/AFP
Pasta passa aintegrar o Ministério de Negócios e Energia em nova composição do Gabinete, liderado pelo premier recém-eleito Ulf Kristersson
O novo governo conservador da Suécia, eleito pelo Parlamento na segunda-feira com apoio da extrema direita, anunciou o fim do Ministério do Meio Ambiente na formação do Executivo. Críticos apontam o movimento como um indicativo das políticas que estão no horizonte da gestão e podem ameaçar as metas ambientais do país, amplamente visto como uma liderança global em questões climáticas.
Desde 1987, o país nórdico tem um ministério separado para tratar dos temas ligados ao meio ambiente. Esse legado agora é posto em xeque depois de o primeiro-ministro Ulf Kristersson decidir que a nova responsável pela agenda ambiental, Romina Pourmokhtari, de 26 anos, se reportará ao Ministério de Negócios e Energia, sob comando da vice-primeira ministra Ebba Busch.
A mudança preocupa a oposição sueca, agora liderada pelo Partido Social-Democrata, que comandava o governo antes das eleições gerais de setembro, e especialistas da área.
— É lamentável, mas não me surpreende, pois os planos do governo indicam um desmantelamento da política ambiental — disse Mikael Karlsson, pesquisador da Universidade de Uppsala, ao jornal Dagens Nyheter. — Seus subsídios ao alto consumo de eletricidade e combustíveis fósseis estão em desacordo com os fundamentos da política ambiental em vigor nos últimos 50 anos.
O governo de Kristersson é fortemente dependente da extrema direita dos Democratas Suecos, único partido no Parlamento que não apoia o objetivo de zerar até 1945 as emissões líquidas de gás carbônico, que provoca o aquecimento do planeta. Parlamentares anti-imigração também se opuseram às ambições da Suécia de ser um modelo em matéria de mudança climática.
A Suécia ficou atrás apenas da Dinamarca no Índice de Desempenho da Mudança Climática, ranking global que avalia as políticas climáticas em 60 países, publicado em novembro do ano passado. O maior país nórdico liderou a lista nos quatro anos anteriores.
As metas climáticas da Suécia ajudaram a impulsionar a chamada “revolução industrial verde” no Norte do país, que desfruta da abundância de energia hidrelétrica. Ali, a empresa sueca Northvolt AB começou a fabricar baterias de veículos elétricos para as maiores montadoras da Europa e duas siderúrgicas estão se preparando para iniciar a produção em larga escala de aço sem uso de fósseis.
Em contrapartida, os Moderados, partido de Kristersson, e as outras legendas de sua coalizão afirmam que o aumento da produção de energia nuclear é a chave para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O porta-voz para política climática dos Democratas Suecos, Martin Kinnunen, disse que os anos em que usinas nucleares eram fechadas “vão acabar agora”. Ele afirmou que o partido “vigiará de perto para que isso se torne realidade”.
A aliança quadripartite que concordou em formar o novo governo na semana passada disse que procuraria baixar os preços dos combustíveis, em parte reduzindo a porcentagem de biocombustíveis que tem que ser misturada ao gás e ao diesel para o nível mínimo exigido pela União Européia.
Isso tornaria mais difícil atingir a meta de reduzir 70% das emissões dos transportes até 2030 e também poria o novo governo em desacordo com uma indústria emergente de biocombustíveis que está investindo fortemente no uso de fontes renováveis.
Fonte:O GLOBO /Por Niclas Rolander, Bloomberg — Estocolmo
Por:Jornal Folha do Progresso em 20/10/2022/07:05:53
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