Polícia investiga parto que resultou nas mortes de grávida com suspeita de Covid-19 e de bebê no Pará

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Ana Beatriz da Silva Souza, 33 anos. — Foto: Arquivo Pessoal

Prefeitura de Ulianópolis diz que apura o caso, que também foi registrado pela Polícia Civil. Família cobra respostas.

A morte de uma mulher grávida, com suspeitas de Covid-19, e do bebê dela no Hospital Municipal de Ulianópolis, região sudeste do Pará, virou investigação policial. Mas os óbitos, que ocorreram em fevereiro deste ano, continuam sem respostas, segundo a família.

A Prefeitura diz que também apura o caso. Por telefone, o secretário de Saúde do município, Adonias Corrêa da Silva, informou nesta segunda (5) que está sendo feita uma apuração por meio de sindicância. Ele afirmou, ainda, que a secretaria só deve se posicionar sobre o assunto após confirmar todos os fatos.

O caso foi registrado no dia 1º de março na delegacia de Polícia Civil, segundo a mãe da vítima, Ana Gleide Rodrigues da Silva. Ela afirmou que a filha, Ana Beatriz da Silva Souza, de 33 anos, morreu no dia 22 de fevereiro deste ano, após dar entrada no Hospital Municipal de Ulianópolis no dia anterior. Ela estava no oitavo mês de gestação. A Polícia fez registro como fatos atípicos.

Segundo o relato prestado à autoridade policial, Ana Beatriz deu entrada no Hospital Municipal no dia 21 de fevereiro, às 17h40, apresentando sintomas de febre e gripe e, ao chegar, acabou sendo levada para indução de parto normal. Segundo a família, não viram triagem sendo feita.

A mãe dela, Ana Gleide da Silva, conta: “Eu sou de Bom Jardim, Maranhão, mas estou aqui porque para cuidar do resguardo dela. Então levei ela pro hospital, por conta da febre e da gripe, fiz a ficha dela, fiquei sentada e ela entrou pra consultar, sem estar em trabalho de parto, mas eles entraram com ela e, meia hora depois, disseram pra eu e o esposo dela ir para casa porque o médico induziu ela ao parto por causa da Covid-19”.

Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, por volta das 18h15 uma enfermeira disse que Ana Beatriz foi induzida ao parto, pois estava com suspeita de Covid-19. Em seguida um teste foi realizado, apontando resultado negativo, segundo o que a equipe médica comunicou à família.

“Era 19h30 quando nos ligaram pedindo para levar roupa do bebê e cobertor para a minha filha, ‘que o bebê estava nascendo’. Chegando lá, uma técnica de enfermagem disse já tinha nascido. Ficamos na recepção, deram 20h, 21h, sem respostas. Por volta das 23h, aí nos falaram que ela estava evoluindo para parto, com 7 centímetros de dilatação. Eu estranhei. Eles responderam que tinha ocorrido um engano”.

Em seguida, de acordo com o boletim médico, eram 3h quando um médico apareceu falando que iria iniciar o parto e que estava esperando o anestesista chegar.

“‘Vou fazer uma cerasiarana porque ela está perdendo muito sangue e vai perder o útero,’ ele me disse. Mas eu avisei que ela era alérgica a alguns medicamentos e ele insistiu na cirurgia de parto”.

Às 4h30, o anúncio do óbito foi feito, causado segundo o médico por parada cardíaca após cesárea de urgência. De acordo com as certidões registradas, Ana Beatriz morreu às 2h40; e o bebê nasceu às 3h38. O óbito não teve hora registrada. A família questiona a paciente não ter sido transferida.

“O que eu quero é Justiça e que isso não aconteça com outras mães. Minha filha tem mais duas crianças, que dependiam dela para tudo. Ela vivia para manter a família. Por que não transferiram ela? Ela entrou no hospital andando, bem, não estava cansada, não tinha problema nenhum ela ir para outro hospital”, afirma a mãe Ana Gleide.

O que diz a prefeitura

No último dia 4 de março, a prefeita Kelly Destro (MDB) publicou um vídeo nas redes sociais confirmando que foi aberta uma sindicância, “composta por membros que irão investigar todos os fatos”. Segundo ela, “o fato deve ser considerado nunca como número ou estatística” e que “a perda de dois entes queridos é um peso incontestável e uma dor imensurável”.

Segundo a prefeitura, o hospital registrou nos dois últimos meses 180 internações, 37 partos e 3 óbitos. Ela afirmou ainda que o hospital “presta serviço de qualidade, com profissionais qualificados”.

Por Taymã Carneiro, G1 PA — Belém

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