Sobrevivente da 2ª Guerra Mundial, comerciante de 77 anos se recupera da Covid-19 no Pará: ‘ainda vou viver muito’

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Sobrevivente da 2ª Guerra Mundial, o comerciante Katsuhiko Migiyama se recupera da Covid-19 no Pará. — Foto: Arquivo Pessoal

Katsuhiko Migiyama teve alta na quinta (23) e foi encaminhado para enfermaria. À família, ele disse que quer se tornar bisavô.

Sobrevivente dos ataques aéreos na província de Kumamoto, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial, o comerciante Katsuhiko Migiyama, 77 anos, se recuperou da Covid-19 e teve alta na quinta (23) no Pará. Antes de ser internado no último dia 6 de abril, ele havia tranquilizado a família por telefone: “não é a minha hora, ainda vou viver muito!”.

A neta do paciente, Eiko Migiyama, conta que o avó apresentou dor no corpo e febre no dia 1º de abril e realizou exames de tomografia. Ele apresentou pneumonia viral com possibilidade do novo coronavírus, segundo ela. No dia 8, ele foi encaminhado para Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), onde foi entubado e sedado com respirador.

“Na quarta recebemos a notícia de que ele teria alta da UTI e seria transferido para enfermaria, já que não apresentava mais os sintomas. O médico até disse que acreditava que perderíamos ele, mas deu tudo certo”, relata.

Agora na enfermaria de um hospital particular, Katsuhiko está acompanhado de parente, recuperando a força, já que ficou debilitado devido ao tratamento.

Memórias da guerra

A infância de Katsuhiko foi marcada pelos bombardeios. Escondido junto à mãe, Masako Migiyama, ele sobreviveu em abrigo subterrâneo, enquanto o pai lutava na guerra.

Ele lembra que muitos amigos de infância tiveram sequelas, já que Kumamoto fica localizada a 77,86 km de Nagasaki, onde foram lançadas bombas atômicas.

“Quando havia bombardeio, meu avô conta que tinha medo e chorava muito. Por conta disso, até sugeriram que minha bisavó o matasse para que não descobrissem o esconderijo. Ela sempre pediu perdão por realmente ter considerado a ideia”, conta Eiko.

Como o pai de Katsuhiko morreu na guerra, ele mudou-se para o Brasil com a mãe e o padrasto, onde primeiro viveu em Manaus e depois Belém.

“Meu avô já foi agricultor, vendeu ovos, trabalhou em comércio e depois que teve o próprio negócio – uma mercearia”. O local, segundo a neta, sofreu inúmeros assaltos. “Em um deles, por volta de 1995, ele reagiu e levou um tiro. A bala está localizada até hoje próximo do abdômen”.

História inspira comunidade

Eiko conta, também, que a história do avô inspira a comunidade em que ele vive. A notícia de que ele havia contraído a Covid-19 gerou uma corrente de orações entre os moradores do conjunto. “Entre eles, havia budistas, espíritas, evangélicos, católicos e umbandistas. Todos estavam juntos. Foi um momento em que emocionou a todos da família”.

Ela disse que o comércio do avô funciona há 43 anos e que, nesse período, ele já fez muitas ações de solidariedade. “Já deu apoio à associação para o asfalto das ruas, distribui bombons no dia das crianças, tudo isso faz com ele se aproxime ainda mais de todos”.

Katsuhiko Migiyama é pai de cinco filhos e avô de seis. Segundo a família, ele sempre fala de levar os netos para o Japão e que ainda quer viver para se tornar bisavô.

Por Gil Sóter e Taymã Carneiro, G1 PA — Belém

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