Última noite do Festival de Parintins tem ‘retomada’ Kaá-Eté do Caprichoso e Garantido ‘boi do Brasil’

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Caprichoso e Garantido na última noite do Festival de Parintins — Foto: Arthur Castro e Patrick Marques

Neste ano, o Caprichoso defendeu o tetracampeonato com o tema “É tempo de retomada”, enquanto o Garantido busca seu 33° título com “Boi do Povo, boi do povão”.

A última noite do 58º Festival de Parintins se transformou em um grandioso ato de celebração e resistência cultural, com o Caprichoso apostando na força da floresta com o espetáculo “Kaá-Eté — Retomada pela vida” e o Garantido encerrando com o vibrante “Boi do Brasil”, reafirmando a potência popular do Bumbá da Baixa da Xanda.

O Festival de Parintins é uma das maiores manifestações culturais do Brasil, realizado anualmente na ilha de Parintins, no Amazonas. Durante três noites, os bois Caprichoso e Garantido protagonizam um espetáculo de cores, música, dança e tradição amazônica no Bumbódromo – uma espécie de arena, diante de mais de 120 mil pessoas. Misturando arte, religiosidade, crítica social e orgulho regional, o festival celebra a identidade do povo amazônida e encanta o país com sua grandiosidade e emoção.

Neste ano, o Caprichoso defende o tetracampeonato com o tema “É tempo de retomada”, enquanto o Garantido busca seu 33° título com “Boi do Povo, boi do povão”.

A retomada azulada pela vida

Alegoria do Caprichoso — Foto: Matheus Castro g1 AM
Alegoria do Caprichoso — Foto: Matheus Castro g1 AM

O Boi Caprichoso abriu a terceira e última noite do Festival de Parintins com o espetáculo “Kaá-Eté – Retomada pela Vida”, unindo força estética e espiritualidade para defender a floresta e os povos que nela vivem.

Iniciando o espetáculo, foi projetada a imagem de Chico Mendes no chão do bumbódromo. Logo em seguida, o boi Caprichoso surgiu em um ‘homem borboleta’ que tomou a arena e levou a galera azulada ao delírio.

Na última noite, o Caprichoso apresentou a lenda de Waurãga e os Wauã-Kãkãnemas. Segundo os saberes ancestrais, Waurãga é a deusa e guardiã da mata, chamada de “mãe de todas as mães desta mata”. Quando o território é violado por grileiros, madeireiros ou garimpeiros, ela desperta com olhar de fúria e aciona os Kãkãnemas, espíritos da floresta que habitam os corpos dos animais e travam uma batalha invisível contra os invasores.

Na galera, uma enorme ‘cobra grande’ ganhou vida, enquanto na arena o módulo alegórico revelou a cunhã-poranga Marciele Albuquerque, representando a mãe das mães. A toada ‘Turbilhão azul’, conduzida pelo levantador Patrick Araújo, fez uma verdadeira pororoca na arena.

Em seguida, o Caprichoso trouxe ao bumbódromo o ex-levantador de toadas Edilson Santana, que interpretou “Utopia Cabocla”. Ao fundo, surgiu a sinhazinha Valentina Cid, que evoluiu ao lado do Touro Negro da Amazônia.

A figura do seringueiro amazônico também foi homenageada pelo boi, reconhecendo em Chico Mendes o símbolo de uma luta que resiste até hoje. A filha do líder seringueiro, Angela Mendes, entrou no bumbódromo ao lado da faixa “Amazônia de pê”. O módulo alegórico ganhou os céus e trouxe o mapinguari e a porta-estandarte Marcela Marialva.

O amo Caetano Medeiros cantou e tocou charango, além de provocar o amo do boi rival.

No momento coreográfico, o espetáculo trouxe Yacuruna, o senhor das águas. Ser místico que habita o fundo dos rios e lagos, Yacuruna tem aparência híbrida e guarda as profundezas da Amazônia. De dentro dele surgiu a Mãe D’água, interpretada pela Rainha do Folclore, Cleise Simas.

A noite foi encerrada com um ritual indígena de cura, protagonizado pelo povo Yawanawá, do Acre, e conduzido pelo pajé Erick Beltrão. Os integrantes realizaram o mariri, um ajuntamento circular de cantos e danças que abre caminho para o xamã entrar em transe e buscar a cura espiritual dos enfermos. A cena trouxe à arena a força coletiva da sabedoria ancestral, ressaltando que a cura da terra passa também pela cura do corpo, do espírito e da memória dos povos originários.

O Boi do Brasil é vermelho

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Boi Garantido e Sinhazinha Valentina Coimbra — Foto: Matheus Castro/g1 AM

O Boi Garantido encerrou a terceira e última noite do Festival de Parintins com o espetáculo “Garantido, o Boi do Brasil”, exaltando a cultura popular como potência de resistência e identidade.

A apresentação começou com uma grande celebração dos bois do Brasil. Em um momento vibrante comandada pelo levantador David Assayag, a arena do Bumbódromo se transformou no palco de um encontro simbólico com todas as manifestações de boi do país: Boi Calemba, Boi de Orquestra, Boi de Matraca, Boi de Folia, Boi de Mamão — cada um com seus ritmos, cores, sotaques e tradições.

O garrote vermelho e branco surgiu em uma alegoria com a apresentação dos diversos boi do Brasil e evoluiu para a galera. A alegoria também revelou a porta-estandarte Jeve Mendonça e a sinhazinha Valentina Coimbra.

Em seguida, o amo JP Oliveira homenageou o cantor e compositor amazonense Chico da Silva. A arena ‘avermelhou’ com a icônica toada ‘Vermelho’.

A arena também foi tomada pela presença encantada de Iara, a Deusa das Águas, a Rainha Lívia Cristina. Guardiã dos rios, igarapés e lagos, ela apareceu em forma híbrida, com cauda de peixe e corpo de mulher, para proteger os mananciais amazônicos daqueles que os ameaçam.

A cena trouxe também outras divindades das águas, como Janaína, Mariana e Iemanjá, que vieram celebrar e fortalecer o poder feminino da natureza, mas o módulo alegórico apresentou problemas para evoluir na arena, além de trazer partes inacabadas e quebradas.

Durante a apresentação do boi, o tripa oficial do Garantido, Denildo Piçanã, passou o comando do garrote para o filho Denisson Piçanã.

A apresentação também prestou homenagem às artesãs indígenas da Amazônia, reconhecendo nelas a força ancestral das mulheres que mantêm vivos os saberes de seus povos. O momento foi conduzido pela cantora Márcia Siqueira e revelou a ex-BBB e cunhã-poranga encarnada Isabelle Nogueira, que novamente se transformou na arena. Dessa vez em uma arara.

Por fim, o espetáculo encerrou com o ritual de cura Bahsese, do povo Tukano, do Alto Rio Negro. No centro da arena, os kumuã do pajé Adriano Paketá, especialistas da medicina espiritual, conduziram um rito ancestral de transcendência, utilizando tabaco, kahpi e paricá para acessar as forças do cosmo. Através da conexão com Buhpó, o “avô do mundo” e princípio ordenador do universo, a cura é buscada como equilíbrio entre corpo, espírito e natureza.

O Festival

A 58ª edição do Festival de Parintins acontece neste fim de semana e coloca em disputa os bois Caprichoso e Garantido, em um dos maiores eventos culturais do Brasil.

A cidade, localizada em uma ilha no Rio Amazonas, na divisa entre Amazonas e Pará, se transforma durante o festival: azul e vermelho tomam as ruas, as casas e o coração do povo.

Neste ano, o Caprichoso apresenta o tema “É tempo de retomada”, exaltando a força dos povos da floresta. Já o Garantido defende o tema “Boi do povo, boi do povão”, celebrando suas raízes populares.

As apresentações acontecem no Bumbódromo, com alegorias, toadas e encenações que celebram a cultura amazônica. Enquanto o Caprichoso busca o tetracampeonato, o Garantido quer voltar a vencer e conquistar seu 33º título.

A apuração ocorre na segunda-feira (30), quando será conhecido o grande campeão do festival. Ao todo, 21 itens — equivalente a quesitos — serão avaliados por dez jurados.

Fonte: g1/Jornal Folha do Progresso com informações da Polícia Civil de Castelo de Sonhos  e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 30/06/2025/13:11:46

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