Advogados e empresários alvos de operação foram denunciados por Renato Nery dias antes de assassinato em Cuiabá, diz polícia
Advogado Renato Gomes Nery, de 72 anos — Foto: Divulgação
Denúncia enviada à OAB-MT envolve irregularidades em uma disputa judicial de terras que teria a interferência de desembargadores. Uma operação deflagrada nesta quinta (28) apura o homicídio do advogado Renato Nery e o envolvimento dos alvos com o assassinto.
Os advogados e empresários investigados na Operação Office Crime, deflagrada nesta quinta-feira (28), foram denunciados pelo advogado Renato Gomes Nery cerca de 10 dias antes do assassinato do profissional, em frente ao escritório dele em Cuiabá. A denúncia enviada à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT) envolve irregularidades em uma disputa judicial de terras que teria a interferência de desembargadores.
Ao g1, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) informou que “todas as representações disciplinares apresentadas pelo advogado Renato Nery, assim como aquelas protocoladas contra o mesmo, correm seu curso normal, tramitando no Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da OAB-MT, respeitando o sigilo e o rito tal qual estabelece a legislação vigente”.
Segundo o delegado, a operação deflagrada nesta quinta tem como objetivo investigar o homicídio de Renato Nery e saber qual o envolvimento dos alvos com o assassinto. Desde a morte do profissional, em julho deste ano, ninguém foi preso.
“Coincidentemente os escritórios e os alvos eles estão na denúncia do Renato. Os alvos de hoje são alvos que o Renato denunciou, mas a investigação não partiu só da denúncia dele. Houve uma investigação mais complexa e resultou nos alvos de hoje. A gente não pode comentar muitos detalhes para não prejudicar a investigação, mas os alvos foram denunciados”, disse.
Ao todo, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão nos municípios de Cuiabá e Primavera do Leste, em endereços residenciais e escritórios de advocacia dos investigados.
Nas casas dos alvos, foram apreendidos computadores, aparelhos telefônicos, Sistema de Posicionamento Global (GPS), que podem ter sido instalados nos veículos dos investigados, duas armas de fogo, R$ 30 mil em espécie e barras de ouro.
Veja quem são os investigados:
- Antonio João de Carvalho Junior (advogado)
- Agnaldo Bezerra Bonfim (advogado)
- Gaylussac Dantas de Araujo (advogado)
- Cesar Jorge Sechi (empresário)
- Julinere Goulart Bastos (empresária)
O g1 entrou em contato nos telefones disponibilizados pelos advogados, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O g1 tenta localizar a defesa dos empresários citados.
Todos os advogados atuavam no mesmo escritório, segundo a polícia. Já os empresários eram casados e moravam em Primavera do Leste.
As medidas cautelares foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá (Nipo), após representação dos delegados da DHPP, que são responsáveis pela investigação.
Relembre o caso
Renato foi baleado quando chegava no escritório dele. Segundo a Polícia Civil, o atirador já estava esperando pelo advogado e, após atirar, fugiu do local em uma moto. Uma câmera de segurança registrou o momento em que Renato caminha até a porta do escritório, é atingido pelos disparos e cai no chão.
O delegado Bruno Abreu Magalhães disse que a perícia colheu informações no escritório da vítima e analisou imagens para tentar identificar o atirador. O celular de Renato também foi apreendido.
“É um caso de execução. Esse executor já estava esperando a vítima. Ele [advogado] sai do carro e quando chega próximo ao escritório é atingido”, disse o delegado.
O advogado morreu um dia após ser baleado. O corpo dele foi sepultado em Cuiabá, na manhã do dia 7 de julho. Familiares e amigos prestaram as últimas homenagens.
Fonte: Por g1 MT e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 28/11/2024/14:55:18
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