Após 10 votos, votação sobre Código Florestal fica empatada no Supremo

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Julgamento de cinco ações que contestam o documento, principalmente a previsão de anistia a desmatadores, é adiado para a próxima quarta-feira
O Código Florestal, que dispõe sobre a preservação e a exploração ambientais, foi alterado em 2012(foto: Étore Medeiros/CB/D.A Press )
O Supremo Tribunal Federal (STF) adiou para a próxima quarta-feira a decisão sobre a legalidade do Código Florestal, alterado em 2012, que dispõe sobre a preservação e a exploração de áreas ambientais. Até agora, há empate entre 10 ministros. Falta o voto do decano, Celso de Mello, para decidir o que muda na lei. Enquanto isso, alguns pontos seguem indefinidos.

De acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), já é possível apontar alguns pontos que a maioria dos ministros declarou inconstitucionais. Casos de lixões e instalações para a realização de competições esportivas estaduais, nacionais e internacionais em áreas de preservação.

Outros itens estão empatados entre serem ou não constitucionais, como a anistia de multas a produtores rurais que desmataram irregularmente e a dispensa de recomposição de reserva legal.

No dia 21, a ministra Cármen Lúcia acompanhou o voto do relator, Luiz Fux, em grande parte, mas divergiu, por exemplo, em relação à anistia. Segundo ela, os agricultores continuam sujeitos a punições em casos de descumprimento das leis.

Ontem, Luís Roberto Barroso também se posicionou contrário ao perdão, assim como Marco Aurélio Mello, Edson Fachin e Ricardo Lewandowski. Durante a votação, Lewandowski citou um artigo do Correio Braziliense, assinado por Adriana Bernardes, intitulado “Águas de março”, que fala sobre a crise hídrica. Ele demonstrou preocupação quanto aos rumos do desmatamento no país. Já Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Dias Toffoli e Gilmar Mendes julgaram a favor da anistia.

Toffoli considerou inconstitucional a permissão para que a compensação sobre o desmatamento possa ocorrer em outra área, no mesmo bioma. Segundo ele, deve ocorrer apenas no mesmo ecossistema.

Nurit Bensusan, coordenadora adjunta do Programa de Direito e Política do ISA, afirma que o novo código beneficia infratores. “Caso a anistia seja julgada constitucional, é como se estivesse premiando essas pessoas que não respeitam as leis. Se for julgada inconstitucional, quem desmatou entre 2008 e 2012 terá de pagar multa e recompor uma área maior que a Alemanha”, ressalta.

Ela também contesta a compensação ambiental, que possibilita a um proprietário que desmatou além do permitido comprar outro terreno preservado e mantê-lo intacto como forma de reparar a perda que promoveu em sua terra.

As questões foram levantadas por quatro ações diretas de inconstitucionalidade e uma ação declaratória de constitucionalidade.

O ministro Gilmar Mendes foi o único a julgar improcedente todas as quatro ações e procedente a ação declaratória de constitucionalidade. Ele ressaltou que, em relação ao meio ambiente, a legislação anterior estava distanciada da realidade e não era aplicada. A elaboração do novo código, na visão dele, foi um “processo de convergência para restaurar um mínimo de normatividade”.

“Caso a anistia seja julgada constitucional, é como se estivesse premiando essas pessoas que não respeitam as leis. Se for julgada inconstitucional, quem desmatou entre 2008 e 2012 terá de pagar multa e recompor uma área maior que a Alemanha”
Nurit Bensusan, coordenadora do ISA

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ISA Ingrid Soares – Especial para o Correio

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