Caetano Veloso diz que extinção do Ministério da Cultura é ‘retrógrada’

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Foto-Denis Balibouse / Reuters

O cantor Caetano Veloso publicou um artigo neste domingo no jornal O Globo onde classifica a decisão do governo Temer de extinguir o Ministério da Cultura como “retrógrada”. O MinC virou uma Secretaria subordinada ao Ministério da Educação, que está sendo comandada por Mendonça Filho, do Democratas.

Caetano diz que não faz parte na onda de comemoração que parte da população brasileira adotou com o afastamento da presidente Dilma Rousseff e o começo do governo interino de Michel Temer.

“Parece que há quem queira festejar. Eu, neste primeiro momento do governo Michel Temer, só tenho mesmo é uma grande queixa a fazer: a extinção do MinC é ato retrógrado. Depois de já haver, oportunisticamente, desistido de diminuir o número de ministérios, Temer, premido pela má repercussão da notícia, voltou a fazer o que a maioria dos brasileiros, acertadamente, quer: enxugar a máquina administrativa, na crença de que, assim, faz economia e livra-se do toma-lá-dá-cá. Na verdade, o peso econômico é pífio e as escolhas dos novos ministros não apontam para um critério técnico e meritocrático. Seria uma beleza se um presidente peemedebista nos livrasse do vício da distribuição “política” de cargos. Mas nossa oficialidade não vive de belezas.”

O cantor baiano alerta que o “desfazimento” do MinC é negativo e destaca que só o ex-presidente Fernando Collor de Mello, destituído do seu cargo em 1992, tentou fazer algo parecido. “Só Collor o tinha tentado antes, com tétricos resultados. O Ministério da Cultura mostrou-se necessário ao Brasil”, afirmou.

Caetano Veloso destacou no texto todos os pontos pioneiros que o Ministério da Cultura tinha introduzido no Brasil, como os direitos autorais no ambiente digital.

“Somos (ou tínhamos sido) pioneiros na luta em defesa dos criadores, que se viram sem saber o quê, como, quanto e quando receberão pela divulgação de sua obra em plataformas de streaming. A Diretoria de Direitos Intelectuais (DDI) do MinC vinha se tornando um “think tank” especializado nesses assuntos. Sem falar na situação do audiovisual, que se tornou uma atividade superavitária”

Ele também criticou o ponto de vista de parte da sociedade que vê o MinC como máquina de dinheiro para os artistas brasileiros, principalmente pela Lei Rouanet.

“Sei que os maluquinhos habituais vão repetir que os artistas famosos brasileiros vivem do dinheiro do Estado, que querem mais, que são dependentes do governo. Repetirão todas as bobagens que têm dito sobre a Lei Rouanet e demonstrarão todo o ressentimento pelo que filmes, peças, canções, escritos, desenhos, edifícios, estátuas, performances, instalações, criações artísticas em geral representam quando atingem multidões ou íntimas sensibilidades. Não. Eu digo NÃO.

Caetano afirmou que “não sou dependente do governo” e disse que só vai rever sua opinião se o novo governo der provas concretas de que pode manter os avanços na Cultura dos últimos anos. Sem isso, afirma Caetano, “não quero nem saber de festa.”

Por  HUFFPOST BRASIL

 

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