Clã empoderado: os trunfos e desafios de Helder Barbalho e Jader Filho

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O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), e o ministro das Cidades, Jader Filho (Foto:Egberto Nogueira/Ímãfotogaleria; Filipe Bispo/Fotoarena)

No auge de seu poder, o senador Jader Barbalho (MDB-PA), 78 anos, foi governador do Pará duas vezes (1983-1987 e 1991-1994) e chegou a presidir o Senado em 2001.

Na Casa, o cacique paraense exerce seu terceiro mandato, enquanto na Câmara teve outros quatro. A trajetória política de Jader envolveu também escândalos. O paraense renunciou ao mandato em 2001 para evitar um processo de cassação e chegou a ser preso em 2002, por suspeitas de desvios na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

Atualmente, embora mantenha influência nos bastidores e no MDB, Jader tem tido atuação mais discreta do que em outros tempos. Como mostra reportagem de VEJA desta semana, o protagonismo político de seu clã tem sido retomado por dois de seus herdeiros: o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), e o ministro das Cidades, Jader Filho.

A visita do presidente Lula ao Pará, no fim de semana passado, confirmou o momento de alta dos Barbalho. Na passagem pelo estado, governado desde 2019 por Helder, Lula oficializou Belém como sede da COP 30, conferência da ONU para discussão de mudanças climáticas que ocorrerá em 2025.

O petista também participou, em Abaetetuba (PA), da entrega de novas unidades do Minha Casa, Minha Vida, retomado por seu governo sob o cobiçado Ministério das Cidades, comandado por Jader Filho.

Ao discursar na capital, Lula afagou os irmãos, filhos de Jader Barbalho com a deputada federal Elcione Barbalho, e disse que as articulações de seu governo para levar a cúpula do clima a Belém foram uma forma de compensar o Pará por não ter escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014. O petista anunciou investimentos em infraestrutura para preparar Belém à conferência.

Aos 44 anos, Helder Barbalho é visto no entorno de Lula como um aliado estratégico do presidente entre governadores. Reeleito em 2022 em primeiro turno, com 70,41% dos votos, maior votação naquele pleito, ele puxou o bom desempenho do petista no estado (52,22% no primeiro turno e 50,9% no segundo) e impulsionou ainda a eleição de um senador do PT, Beto Faro.

A máquina eleitoral do governador aglutinou uma aliança ampla na campanha, com partidos como PT, PSDB, Republicanos, PSD, PP, PDT, União Brasil, PSB e PTB, que agora lhe garantem maioria folgada para governar.

Em Brasília, o peso de Helder veio a partir da eleição de uma bancada de 14 deputados federais aliados, entre as 17 cadeiras em disputa, nove das quais ocupadas pelo MDB do Pará – o melhor desempenho no partido entre todos os estados. Além da presença do irmão no primeiro escalão, com sua bênção, a influência de Helder e dos Barbalho na capital ainda deve aumentar, com a virtual nomeação do deputado Celso Sabino (União-PA) ao Ministério do Turismo, com total apoio do clã. Com o passe valorizado, Helder passou a ser visto por aliados como um quadro promissor para a política nacional no futuro.

“Se for da vontade dele e do partido dele, acho que ele tem musculatura para fazer uma construção nessa direção, não sei se para 2026 ou 2030”, afirmou Sabino a VEJA.

Embora cogitado a voos maiores e bem-avaliado entre a população – em Belém, segundo o Paraná Pesquisas em junho, Helder tem 68,5% de aprovação e 27% de desaprovação –, o governador tem desafios em seu segundo mandato. A COP 30 traz holofotes sobre os históricos problemas ambientais do Pará, que desde 2006 lidera o desmatamento da Amazônia, segundo dados do INPE.

Em 2019, no primeiro ano da gestão do emedebista, a área desmatada avançou 52% em relação ao ano anterior (de 2 744 km² para 4 172 km²). O número chegou em 2021 a 5 238 km² e caiu a 4 162 km² em 2022. O garimpo ilegal também é problema. Reportagem de VEJA mostrou que só o município de Itaituba (PA) foi responsável por 81% do ouro ilegal escoado no país entre 2019 e 2020.

A gestão Helder ainda se vê às voltas com o desempenho pífio do Ensino Médio público no IDEB – o segundo pior do Brasil em 2021 e o pior em 2019, ao lado de Amapá, Bahia e Rio Grande do Norte – e uma situação difícil na segurança.

Embora tenha havido redução considerável nos dados de Crimes Violentos Letais Intencionais sob seu governo (de 47,58 casos a cada 100 000 habitantes em 2018 para 26,6 casos em 2021, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública), o Pará é o estado mais presente na lista dos 30 municípios com os maiores índices de Mortes Violentas Intencionais, entre 2019 e 2021. Sete cidades da lista são paraenses, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022.

Enquanto o principal nome do clã tem arestas a aparar em seu quintal, os Barbalho têm um dos seus, Jader Filho, no comando de uma máquina capaz de multiplicar ainda mais seu capital político. Trata-se do cobiçado Ministério das Cidades, com orçamento de cerca de 23 bilhões de reais e imensa capacidade de fazer “entregas”, ou seja, exibir resultados palpáveis ao eleitor, como os imóveis do Minha Casa, Minha Vida.

O programa de habitação popular, retomado por Lula, prevê a entrega de 2 milhões de moradias até 2026. “Quando um ministro do MDB desempenha bem, como Jader Filho, isso facilita a visibilidade do partido numa área muito visada”, diz o presidente do MDB, Baleia Rossi. Não por acaso, a indicação à pasta, que também se encarrega de setores como saneamento e mobilidade urbana e tem grande influência junto a prefeituras, foi disputada por partidos como PSB e PSOL. A escolha acabou nas mãos da bancada do MDB na Câmara, onde os paraenses são maioria. “Politicamente, só posso festejar que a relação com o governo seja respeitosa, próxima e cada vez mais estreita”, disse a VEJA o senador Jader Barbalho, patriarca do clã.

Com carreiras iniciadas sob o patriarca, os irmãos Barbalho, sobretudo Helder, representam a nova geração não só de um clã acostumado ao poder, mas também do MDB. O governador está entre uma safra de nomes jovens que o partido quer nacionalizar. “Estamos preparando líderes para o futuro. Helder, Simone Tebet, Renan Filho, entre outros, têm condições de protagonizar a política do país”, avalia Rossi, citando os ministros do Planejamento e dos Transportes, também filhos de antigos caciques do partido, o ex-senador Ramez Tebet (1936-2006) e o senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Fonte: João Pedroso de Campos e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 27/06/2023/09:52:26

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