Contagem regressiva para o fim da “Amplitude Modulada” no Brasil

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Até a Primeira Guerra Mundial, a Rádio AM era utilizada para transmissão de músicas e recados diversos (Cristino Martins)

Rádios AM sairão do ar até o segundo semestre deste ano, para saudosismo dos ouvintes mais antigos

A rádio AM possui uma atmosfera peculiar e carregada de poesia. O chiado, o som abafado e a locução mais lenta são apenas algumas das características que dão tom à singularidade das rádios de Amplitude Modulada. O Dia Mundial do Rádio, comemorado nesta quarta-feira, 13, é um momento propício para homenagear as rádios AM, já que muitas começam a migrar para a modulação em frequência e já deixam saudade nos locutores e ouvintes.

O início do século XX marca as primeiras transmissões da frequência. Mas até a primeira guerra mundial era utilizada para a circulação de músicas e recados diversos. Esse formato foi aperfeiçoado com a era de ouro do rádio. No Brasil, a emissora de Roquette-Pinto foi a responsável pelas primeiras transmissões AM.

Em 2013, o governo federal começou a estudar a possibilidade de migração dessas estações para a modulação em frequência. E isso se deve às interferências nos grandes centros urbanos e a produção cada vez menor de aparelhos com recepção de sinal AM. Fernando Arthur, gerente técnico da Rádio Liberal, explica que essa migração se tornou necessária

em decorrência da baixa qualidade e pouca evolução nos investimentos das rádios AM.

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Fernando Arthur, gerente técnico da Rádio Liberal, explica que essa migração se tornou necessária em decorrência da baixa qualidade e pouca evolução nos investimentos das rádios AM Fernando Arthur, gerente técnico da Rádio Liberal, explica que essa migração se tornou necessária em decorrência da baixa qualidade e pouca evolução nos investimentos das rádios AM (Claudio Pinheiro/ O Liberal)

“A rádio AM é mais difícil de se comercializar em virtude dos problemas técnicos. Por isso, nasce a necessidade de mudança, já que a modulação em frequência é mais limpa e de boa qualidade”, explica o gerente.

Em Belém, as cinco emissoras de rádios AM devem migrar para a FM até o final do primeiro semestre de 2019. E o sentimento já é de saudade por parte da veterana do rádio paraense, Heloísa Huhn, que há 40 anos está na atividade. Diante da experiência ela diz que com os advento das novas tecnologias a rádio AM começou a perder espaço para a venda de comercial, já que as novas mídias chegaram com imediatismo financeiro.

“Essa migração ocorre especialmente para atender o público usuário de novas tecnologias”, pontua. E sobre a saudade, a radialista diz que já começa a sentir, pois, em alguns meses, passa a comandar uma programação com novo formato e público diferenciado.

“A saudade que dá é de um público que vai ser privado de um som bem característico, pois a rádio AM tem o chiado e o ouvinte vai sentir falta desse som que é peculiar” acrescenta.

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Heloísa Huhn, que há 40 anos está na atividade, diz que com o advento das novas tecnologias a rádio AM começou a perder espaço Heloísa Huhn, que há 40 anos está na atividade, diz que com o advento das novas tecnologias a rádio AM começou a perder espaço (Cláudio Pinheiro/O Liberal)

A radialista e jornalista Mara Góes começou a profissão dentro de uma rádio AM, onde atuava como produtora e lá se encantou com a rádio. Para Mara, os ouvintes mais antigos vão sentir mais, e o ciclo da AM já está encerrando. “A qualidade do som é diferente e a dificuldade de sintonizar é um outro problema. Por isso, é necessário essa migração”, diz a jornalista.

Há 15 anos, ela fez parte da bancada do programa “No volante”, na Rádio Liberal AM, onde mulheres falavam do universo, antes predominantemente masculino, de carros e similares. “Foi na rádio AM que eu aprendi muita coisa. É um veículo instantâneo e com ouvinte atuante, que participa das programações”, lembrou.

Com a migração, Mara Góes acredita que a essência da AM deva instaurar na FM, que são programas cheios de notícias e informação. O sentimento de vazio vai ficar principalmente para o ouvinte que já está acostumado com os locutores de sua preferência. A fidelidade aos programas é grande e eles têm o costume de firmar um diálogo com o aparelho de rádio.

Em alguns momentos, a relação de amor chega a ser de ódio durante uma partida de futebol, por exemplo. Quem aqui não tem um parente ou conhecido com o costume de ficar pendurado com o rádio no ouvido e na hora do gol do time adversário a primeira vingança é contra o próprio companheiro? Sim, a rádio AM já começa a deixar saudades.

CURIOSIDADES

1 – Rádio AM é o processo de transmissão através do rádio usando modulação em amplitude. Foi por oitenta anos o principal método de transmissão via rádio.

2 – Até a Primeira Guerra Mundial era utilizada para transmissão de músicas e recados diversos. A situação modificou-se com o surgimento das rádios comerciais, que deram início à era de ouro do rádio, que foi da década de 20 até os anos 50.

3 – No Brasil as primeiras transmissões AM surgiram com a emissora de Roquette-Pinto, que em 1923 fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Em 1936 a rádio transformou-se em Rádio Ministério da Educação, que propaga o ensino à distância.

4 – Das 1.781 rádios AM do Brasil, 1.332 já solicitaram a mudança de faixa ao MCTIC. Com esse novo decreto, será aberta mais uma chance para as demais emissoras apresentarem o pedido de migração. Até agora, 623 AMs aderiram e estão prontas para operar na faixa de FM.

Fonte:Bruna Lima/O Liberal.

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