Em Lábrea, falta de saneamento e clima extremo deixam população vulnerável a alagamentos e deslizamentos

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Em Lábrea, tubulações levam esgoto diretamente para os rios. Na cidade, 72% da população não têm acesso à rede de esgoto estruturada. Foto: Fred Santana/InfoAmazonia

Com 72% da população sem acesso à rede de esgoto, a cidade do sul do Amazonas sofre com risco de alagamentos, erosão e deslizamentos. A seca severa de 2023 e as cheias intensas de anos anteriores agravaram a situação. Moradores denunciam omissão do Estado e convivem com água contaminada e ameaças à saúde e à moradia

O retrato da vulnerabilidade em Lábrea faz parte de uma análise exclusiva realizada pela InfoAmazonia a partir de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do mapeamento do Serviço Geológico do Brasil (SGB), na Amazônia, sobre as áreas de risco a eventos hidrogeológicos.

Esta é a quinta reportagem da série Vulneráveis do Clima, uma parceria entre a InfoAmazonia e o Vocativo (AM), que mapeou quem são os mais expostos a desastres climáticos na região amazônica.

Ciclos de chuva e estiagem irregulares aumentam o risco

Em Lábrea, a combinação entre falta de saneamento básico, ciclos de chuva e estiagem mais irregulares expõe os moradores a eventos como deslizamentos, erosões e inundações. Com as mudanças climáticas intensificando cheias e secas, o perigo aumenta.

Décimo maior município do país em extensão territorial, com 68.262 km², Lábrea abriga cerca de 45.000 habitantes — resultado de densidade populacional abaixo de 0,5 habitante por km², conforme dados do IBGE.

A cidade é circundada pelo rio Purus, seus afluentes e igarapés, e tem um histórico de eventos que afetam comunidades ribeirinhas e parte do município, comprometendo suas estruturas, de acordo com a Codificação Brasileira de desastres (COBRADE), sistema que categoriza e codifica desastres naturais, visando padronizar a sua identificação e facilitar as resposta a emergências, e o Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil para Lábrea (PLANCON), que listou ocorrências de inundações, enxurradas, alagamentos, chuvas intensas, vendavais, estiagem, seca, erosão de margem fluvial e queimadas.

Esses eventos, recorrentes no município, provocam o risco iminente de inúmeras famílias ficarem desabrigadas e desalojadas em decorrência da perda de suas casas e dos meios de subsistência, em especial a pesca. A situação é mais grave nos chamados trapiches de palafitas, que são estruturas construídas sobre estacas em áreas alagadiças, como margens de rios ou áreas costeiras, e que servem como áreas de apoio, moradia ou ancoragem para embarcações.

No ano de 2021, houve aumento significativo do nível do rio Purus e seus afluentes, levando a uma grande enchente que afetou tanto a zona urbana, como também a zona rural do município.

Nos dois anos seguintes, a cidade enfrentou o extremo oposto. Devido ao fenômeno El Niño e ao aquecimento das águas do Norte do Oceano Atlântico ocorridos entre 2023 e 2024, Lábrea foi particularmente afetada por uma das secas mais severas registradas na Amazônia, o que provocou perda de acesso fluvial, restrições ao abastecimento hídrico e riscos de insegurança alimentar, sobretudo em comunidades indígenas e ribeirinhas. Neste ano, o nível do rio Purus voltou a subir, e a Defesa Civil emitiu alerta de inundação em Lábrea no mês de maio.

População de Lábrea reclama de más condições de moradia

O Vocativo foi até Lábrea para ouvir os moradores sobre as dificuldades enfrentadas com a precariedade da infraestrutura básica e os riscos intensificados durante o período do inverno amazônico. Carlos Prado, liderança local da organização sem fins lucrativos Movimento União BR (sem relação com o partido político), descreve a área como uma mistura entre zonas asfaltadas e comunidades ribeirinhas em palafitas. “Existem alguns trapiches, que são as casas de palafitas. No inverno ficam cheias de água por baixo e algumas chegam a alagar, e no verão seca tudo e acaba ficando bastante lixo embaixo das casas”, explicou.

Maria Calafente da Silva e Aldemir Hilário da Silva são aposentados e moram no bairro Vila Falcão, na zona norte de Lábrea, em um local mapeado pelo SGB como área de risco de desabamento. Eles descrevem um cenário desolador de abandono pelo poder público. A aposentada afirma que a área sempre alaga em época de chuva, com acúmulo de lixo. “A água fica até aqui [mostrando que parte da rua fica submersa]. A água fica tudo aqui por trás. Tudo alagado aí por trás. Isso aqui fica tudo dentro d ‘água. Essas casas aqui por trás. Tudo dentro d ‘água”, conta a moradora.

Aldemir denuncia que a Defesa Civil municipal nunca emitiu um comunicado de riscos para os moradores, mesmo depois de casas terem sido destruídas pela enchente. “Já teve três casas que desceram lá no barranco”, lembra o aposentado. “Pelos anos que nós moramos aqui, nós já temos pedido para a prefeitura fazer um bueiro aqui para nós, porque o pessoal bota a coisa da fossa dentro do rio”, reclama Maria.

O casal denuncia ainda a falta de coleta de lixo no local, que segundo eles piora os alagamentos. “É muito lixo. Nunca colocaram dentro do poço, nunca limparam isso aí. Isso tudo pega na gente, a imundície da água do rio. Está aparecendo muita doença por causa disso. O tratamento da água é pouco”, lamenta Maria. Os aposentados afirmam ainda que a prefeitura passa pela rua principal e não desce nos becos, deixando muito entulho na beira do rio Purus. Como consequência do problema da falta de tratamento adequado da água no local, Aldemir passou semanas internado no hospital, com suspeita de leptospirose.

Morador há 20 anos do trapiche do Sheik, uma localidade no centro de Lábrea, o carpinteiro Laércio Silva relata problemas semelhantes. “Rede de esgoto aqui não tem. Tem só os tubos jogando (os dejetos) para cá (direto no rio)”, afirma. Com a cheia, a subida das águas piora a situação do esgoto. “Aqui alaga tudo. Nos anos mais severos precisamos sair porque a água toma conta das casas”, relembra.

Dono de uma mercearia e morador do trapiche do Sheik há 42 anos, Manoel Ramalho Serreira conta que a água utilizada pelos moradores passou a se misturar em parte com o esgoto após uma obra da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama), o que tem causado uma série de doenças nos moradores da comunidade. A companhia, porém, diz não ser responsável pelo sistema da cidade. Uma parte do esgoto fica acumulado em poças, servindo como criadouro para o mosquito da dengue. “Mostramos para a prefeitura o problema nesse córrego, mas eles não limpam, não cuidam. Aí sobra pra gente aqui que vive na área”, lembra.

Manoel sente os efeitos da erosão do solo, agravada pela falta de saneamento e pela mudança climática na própria casa, que já começa lentamente a ceder. “A prefeitura está providenciando um terreno para a gente tirar a casa daqui. Quando a água vem e volta, a terra enfraquece e cede. Minha casa entortou todinha. A gente teve que botar essas tábuas de segurança”, explica.

A vendedora autônoma Maria Zanira, moradora de outro trapiche, o Beira-Mar, na zona norte da cidade, reclama da ausência do poder público. “Já falaram que iam tirar a gente daqui, mas tem bem 10 anos que eles falam isso. Em época de chuva forte, ficamos com água na cintura”. Embora nunca tenha visto nenhum desabamento no local, a moradora afirma que é questão de tempo. De fato, pela erosão vista nas margens do rio Purus, a sensação é de risco iminente de desabamento de casas.

Zanira confirma o mesmo método usado pela Cosama no trapiche do Sheik, de misturar a água do consumo com a água do esgoto. “Não tem esgoto, não tem nada. É só um tubo mesmo”, reclama. O descaso se reflete no abastecimento de água, já que os moradores quase sempre precisam consumir água com pouco ou nenhum tratamento. “Aqui em casa, quando a gente pode, compra água mineral, quando não a gente, põe hipoclorito e toma assim mesmo”, afirma.

Carlos Prado também critica a qualidade da água fornecida pela Cosama. “Na teoria, era para fazer a captação, tratamento e distribuição de água, mas aqui não existe tratamento. É praticamente a água do rio, barrenta e algumas vezes com cheiro forte, totalmente imprópria para uso, muito ruim até para lavar roupa”, afirma Prado. A ausência de rede de esgoto adequada é outro problema apontado por ele.

“Lugares como os trapiches não possuem nada disso; a água e os dejetos vão para o solo. Apenas algumas partes da cidade possuem rede de esgoto, que começou a ser feita há cerca de 10 anos”, conta. Carlos relata ainda que o clima na região parece estar ficando mais intenso ao longo dos últimos anos. “O inverno (estação das chuvas) está mais intenso a cada ano que passa, o rio vem subindo mais, deixando muitas casas debaixo d’água. No verão, os rios secam demais, deixando comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas que possuem poço artesiano sem água”, afirma.

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As consequências afetam diretamente a saúde da população. “Adoecer devido à contaminação da água é bem normal, principalmente nas mudanças das estações. Geralmente o que se tem mais é diarreia e infecção intestinal. Eu, minha família e muita gente que conheço também já tivemos”, afirma Carlos. Segundo ele, a única ação do poder público com relação a isso tem vindo da Secretaria de Saúde. “Sempre fazem entregas de hipoclorito de sódio e cloro em pó”, diz, acrescentando que nunca recebeu alertas da Defesa Civil.

No bairro Barra Limpa, na zona Centro-Norte de Lábrea, fora da zona de risco descrita pelo SGB, o sociólogo Marcelo Horta também convive com os mesmos problemas. Ele reconhece que o local é mais central e estruturado, com muitas lojas e comércio ativo, mas afirma que sofre com a invasão das águas do rio durante a cheia. “Passam ruas que um pedaço do rio invade quando enche. Tem casas de madeira em palafitas nessa parte”, conta. Segundo ele, embora haja calçamento e coleta de lixo, o serviço público de abastecimento de água é considerado ineficiente.

“O serviço público de água é péssimo, mas há. As pessoas que têm condições furam poços artesianos por conta própria. Essa é a regra”, afirma. O esgoto na região foi canalizado por uma obra da prefeitura, mas, segundo ele, “foi para ser despejado no rio Purus”. Marcelo explica que sua residência foi adaptada com uma rede de canos mais larga para facilitar o escoamento e evitar alagamentos. “Nosso terreno é na parte alta da rua. Na parte baixa, há casas que quase alagam e o cheiro forte de esgoto fica exalando, pois é na parte que o rio invade e quase alaga a rua, o que já aconteceu”, relata.

Mesmo com obras recentes para reparar bueiros estourados e tampas quebradas, Marcelo aponta a ausência de medidas preventivas pelo poder público. “Medida preventiva eu nunca vi. Em geral, são obras de reparo”, afirma. Ele também destaca um problema sanitário decorrente da rede de esgoto subterrânea. “Com as calhas subterrâneas da prefeitura proliferaram ratos. Há muitos. E baratas também”, afirma.

Ausência de esgoto potencializa riscos geológicos

Variações de extremos climáticos tornam Lábrea um local mais propenso aos chamados “riscos geológicos”, como os deslizamentos de terra. Eles acontecem quando, por exemplo, uma camada de solo desliza sobre outra ou sobre uma camada de rocha. Isso oferece perigo para quem está nas encostas ou logo abaixo delas. Outro tipo de risco associado são os processos erosivos, quando muita água passa em determinada superfície, deixando-a mais frágil.

“Um escoamento superficial elevado, por exemplo, vai causando o que a gente chama de erosão laminar, e vai arrancando a parte mais superficial do solo, os sedimentos vão sendo levados, isso pode criar vincos nesse solo e criando o que a gente chama de ravinas e voçorocas”, explica Pedro Camarinha, doutor em Ciências do Sistema Terrestre pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e tecnologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Ravinas e voçorocas são formas de erosão do solo causadas pela ação da água, mas com características distintas. Enquanto as ravinas são sulcos ou pequenas depressões no terreno, as voçorocas são erosões maiores e mais profundas, frequentemente atingindo o lençol freático e formando grandes buracos no solo. Quando esses cortes no solo chegam ao nível freático, o processo de erosão acelera, facilitando a ocorrência de deslizamentos.

A falta de tratamento adequado de esgoto contribui para este problema. “A ausência do esgotamento sanitário contribui para os riscos geológicos porque, na falta do tratamento adequado, esse esgoto é lançado de uma maneira indevida através de um lançamento direto, por exemplo, a céu aberto em encostas e você vai mudar completamente o teor de umidade do solo ao longo do tempo”, avalia Pedro. O processo contínuo vai deixando o solo instável.

“O caminho e a infiltração da água são fatores importantes para potencializar as erosões, principalmente nas cidades. Os alagamentos, por outro lado, refletem o acúmulo de lixo e descarte inadequado. Além disso, as tubulações de água pluviométrica que deságuam nos igarapés carregam consigo não apenas água pluvial, mas lixo e esgoto”, explica Alderlene Pimentel de Brito, geóloga e doutora em Clima e Ambiente pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Falta de estrutura contribui para a instabilidade do solo

Em situações críticas de falta de saneamento, pode ocorrer a quebra do chamado balanço hídrico climatológico, relacionado ao armazenamento médio de água do solo ao longo do tempo. Isso acontece quando, além das chuvas e das mudanças de temperatura que naturalmente interfeririam neste equilíbrio, o solo vai sendo alterado pelo lançamento direto de sistemas de esgoto nos terrenos e encostas.

“Como consequência, aumenta o teor de umidade, inclusive podendo mudar algumas propriedades físicas e químicas dependendo do teor desse lançamento de esgoto nessas regiões”, afirma o pesquisador Pedro Camarinha.

Com isso, o perfil de umidade do solo vai sendo modificado, favorecendo com que as condições limites de estabilidade daquela encosta sejam vencidas mais facilmente. “Menos chuva acaba sendo necessária para causar um deslizamento porque você já tem o lançamento desse esgoto de uma forma indevida nessas localidades. Isso acontece, por exemplo, na parte mais baixa das encostas, se esse fluxo contínuo de efluentes fica passando pela base das encostas, você vai favorecer a erosão no sopé das encostas”, alerta Camarinha.

Além disso, fossas feitas nas áreas de risco de Lábrea em resposta à falta de saneamento e de tratamento adequado de esgoto também podem contaminar as águas subterrâneas. “Basicamente, a fossa tem fezes, urina e água. Isso infiltra, né? Na urina a gente expele muita coisa que leva tempo para diluir em subsuperfície. Mas o principal é a contaminação por nitrato, Escherichia coli etc. Por isso é importante fazer análise química e bacteriológica da água para abastecimento”, afirma Alderlene Brito.

Impactos na saúde pública

Outro efeito desse descarte inadequado de esgoto é a contaminação da água. As chamadas águas superficiais, que se acumulam em superfícies em geral, costumam ser contaminadas por metais pesados, nitritos e nitratos, entre outros. Já as águas subperficiais, que correm naturalmente ou artificialmente no subsolo e são consumidas pela população, a contaminação é por coliformes e nitrato proveniente das fossas.

“Às vezes, as pessoas veem a água bem limpinha e acham que está muito boa, mas não está. Acontece que o esgoto não é apenas descartado nos rios e igarapés. Esse esgoto também infiltra. Por isso, é importante ter sistemas de tratamento de esgoto e revitalizar os rios (igarapés) urbanos”, avalia Alderlene Brito.

Segundo a pesquisadora, esgotos nas fontes de água para abastecimento também vão aumentar os casos de doenças diarreicas, parasitoses, dentre outras. Além da saúde pública dos humanos, esse problema afeta o restante da fauna. “Na Amazônia, os igarapés para muitos são como esgotos, mas cada curso d’água desse tem vida. Hoje, precisamos olhar para esses cursos d’água com atenção e caminhar para os processos de revitalização. Precisamos mudar nosso olhar. Os igarapés não são esgotos”, alerta a pesquisadora da UFAM.

A crise climática agrava os riscos

Outro fator que potencializa os riscos em Lábrea é um fenômeno conhecido. Um estudo publicado na revista Raega — O Espaço Geográfico em Análise, especializada em pesquisas sobre geografia e metodologias de análise espacial, revela que o município é o mais impactado por eventos do fenômeno climático El Niño no Amazonas. De acordo com a pesquisa, a cidade sofreu reduções significativas no volume de chuvas em aproximadamente 71% dos anos com registro de El Niño entre 1998 e 2017. Mas justamente esse efeito mais severo da estiagem, alternando com os períodos de chuva da Amazônia, serve para aumentar os riscos geológicos.

Para Pedro Camarinha, todos os riscos associados a processos hidrogeológicos estão aumentando por conta da intensificação dos eventos extremos de chuva. “Normalmente são os eventos gatilhos, que disparam processos como os deslizamentos, as grandes erosões, bem como as enxurradas e inundações. Ao longo do tempo você vai tendo chuvas mais intensas que aceleram esses processos erosivos, que por sua vez já são fragilizados por conta da falta da canalização do esgotamento sanitário. São processos que se somam”, avalia.

Com isso, as estruturas urbanas acabam sofrendo um processo conhecido como intemperização, que é a desagregação e decomposição de rochas e minerais, cuja incidência aumenta também por conta das mudanças climáticas. Quanto mais simples a estrutura (de uma casa de poucos andares e cômodos, por exemplo), maior é a intemperização. Ciclos de muito calor, de muita umidade acabam fragilizando essas casas mais simples com maior facilidade.

“Tudo isso somado vai exacerbando esses riscos. E quando eu digo exacerbando os riscos, significa que a gente está aumentando as chances desses eventos acontecerem, e além de aumentar as chances desses eventos acontecerem, quando acontecer o impacto também tende a ser maior”, afirma Camarinha.

Apesar do agravamento dos riscos, os moradores destes locais não costumam enxergar as áreas como perigosas, pontua Marcelo Hora, sociólogo e doutorando em Geografia do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Rondônia (PPGG/UNIR). “É muito comum você ver, em área de várzea, que o rio sobe, baixa, e o pessoal faz as casinhas de madeira de palafita. Então, o que às vezes a gente interpreta como área de risco, para eles é uma continuidade desse modo de vida ribeirinho”, afirma Horta, que vive em Lábrea.

O sociólogo lembra de uma área visitada e descrita pela reportagem anteriormente: o trapiche Beira-Mar. “Esse local cresceu muito e de forma desordenada, mas os moradores acham prático estar morando perto do rio, porque ele tem sua canoa e tem seu lugar lá no interior. Uma alagação, uma cheia exagerada torna a vida dessas pessoas arriscada, mas para elas, vale a continuidade do modo de vida”, avalia o pesquisador.

Mesmo assim, os riscos de alagamento e erosão ameaçam comunidades. Diante da situação, a Defesa Civil de Lábrea informa que está identificando e cadastrando as áreas de risco, além de fazer um monitoramento constante das localidades e de realizar atividades voltadas à conscientização da população sobre descarte de lixo e moradias em áreas de risco.

Entretanto, a instituição confirma que, até o momento, não há projeto de saneamento básico do governo do estado voltado para áreas de risco da cidade. A ausência de iniciativas nesse setor é atribuída à falta de recursos. Quanto à preparação do município para eventos climáticos como inundações, as medidas adotadas, segundo um comunicado da Defesa Civil local, envolvem o que chamaram de “planejamento prévio e o mapeamento das zonas mais vulneráveis, consideradas áreas de risco”, sem detalhar qual seria esse plano.

A Defesa Civil de Lábrea também diz considerar que o plano de contingência do município para os períodos de cheia do rio Purus é uma ferramenta indispensável para enfrentar situações de inundação, enxurradas, alagamentos, chuvas intensas, vendavais, estiagens, secas e queimadas.

Em nota, a Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama) afirmou que não atua com o abastecimento de água no município de Lábrea nem é responsável pela operação do sistema local. “A Cosama opera diretamente em 15 municípios do estado do Amazonas, e Lábrea não integra atualmente a área de cobertura operacional da Companhia”, afirma a companhia.

A empresa, no entanto, confirma que recentemente foi realizado um diagnóstico técnico no sistema de abastecimento de água do município, em uma ação que teria sido determinada pelo governador Wilson Lima (União Brasil), coordenada pela Diretoria de Operações (DIOP) da Cosama, em parceria com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Lábrea.

Já a Defesa Civil do Amazonas afirma que qualquer demanda a esse respeito “deve ser direcionada ao município”. O artigo 23 da Constituição Federal, porém, diz que a promoção de políticas públicas voltadas à saúde, moradia, saneamento e meio ambiente é de competência comum da União, Estados e Municípios. Essa atuação integrada visa garantir o bem-estar da população e prevenir tragédias, sobretudo em regiões vulneráveis, e é reforçada pela Política Nacional de Proteção e Defesa Civil e pela Política Nacional de Recursos Hídricos.

Sem a devida atenção dos órgãos públicos, moradores de Lábrea vivem sob o risco de terem suas casas invadidas pela água ou levadas por deslizamentos e erosões. Enquanto esperam ações efetivas, veem o problema aumentar com a mudança do clima e convivem com riscos, águas contaminadas e ameaças à saúde e à moradia.

Fonte: Fred Santana | O Vocativo/Jornal Folha do Progresso e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 04/07/2025/15:02:06

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