Entidade citada em esquema de pagamento de propina administra hospitais públicos no Pará
Vinculada à igreja Católica, a organização Social Pró-Saúde é responsável pela gestão dos principais hospitais públicos do Estado.
Pró-Saúde é a principal responsável pela administração de hospitais públicos paraenses, como o Abelardo Santos, em Icoarací (Cristino Martins / Agência Pará)
A Pró-Saúde ganhou destaque no cenário nacional após a divulgação de um depoimento do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (MDB) ao Ministério Público. Nele, Cabral afirma haver um esquema de desvio de dinheiro envolvendo a entidade e cita nominalmente o ex-arcebispo de Belém, dom Orani Tempesta, hoje arcebispo do Rio de Janeiro.
“Não tenho dúvida de que deve ter havido esquema de propina com a OS da Igreja Católica, da Pró-Saúde. O dom Orani devia ter interesse nisso, com todo respeito ao dom Orani, mas ele tinha interesse nisso”, disse Cabral aos procuradores do caso.
No Pará, a Pró-Saúde é a principal responsável pela administração dos hospitais públicos do Estado. O modelo de Organização Social foi criado em São Paulo. A ideia era desburocratizar a gestão das unidades de saúde. A entidade escolhida recebe recursos do Estado e tem um modelo de administração semelhante ao da iniciativa privada.
Entre os hospitais sob responsabilidade da Pró-Saúde no Pará está o Abelardo Santos, ainda em obras. A entidade, contudo, recebeu, do governo estadual anterior, recursos para a compra de equipamentos, o que está sendo analisado pela atual gestão da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa).
Em nota à Conexão AMZ, a Sespa informou que “a atual gestão já solicitou formalmente esclarecimentos à Pro-Saúde sobre a forma de recebimento e utilização dos valores recebidos e a efetiva compra dos equipamentos e seus valores”. A Sespa não informou, porém, os valores repassados.
A Pró-Saúde administra oito hospitais estaduais, são eles:
1 – Hospital Regional Abelardo Santos (Belém);
2 – Hospital Público Estadual Galileu (Belém);
3 – Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Belém);
4 – Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (Ananindeua);
5 – Hospital Materno Infantil de Barcarena (Barcarena);
6 – Hospital Regional do Sudeste do Pará (Marabá);
7 – Hospital Regional do Baixo Amazonas -Dr. Waldemar Penna (Santarém);
8 – Hospital Regional Público da Transamazônica (Altamira).
NOTA
A Pró-Saúde informa que o processo de a aquisição de equipamentos para o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos cumpriu o cronograma firmado anteriormente com a SESPA (Secretaria de Saúde Pública do Pará) por meio do TAC (Termo Aditivo de Contrato), no valor aproximado de R$ 30 milhões.
Esses recursos foram destinados para investimentos e aquisição de equipamentos. Aproximadamente 90% das aquisições já foram realizadas e pagas, com a devida prestação de contas. A Pró-Saúde aguarda diretrizes da nova gestão para a sequência do cronograma.
Assinado em 19 de julho de 2018, o contrato de gestão 003/2018, conforme Plano de Trabalho, prevê atendimento aos pacientes nas seguintes especialidades: Clínica Médica, Cirurgia Geral, Cardiologia, Cirurgia Vascular, Gastroenterologia e Hepatologia, Nefrologia, Neurologia, Obstetrícia de Alto Risco, Pediatria, Pneumologia e Urologia.Comunicação – Pró-Saúde
Por:Rita Soares | Conexão AMZ
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