Justiça ouve cinco das nove testemunhas de acusação no caso da ‘Chacina do Guamá’, em Belém

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Cruzes com os nomes das vítimas da chacina do Guamá foram colocadas no local do crime. — Foto: Carlos Brito / TV Liberal

As outras quatro não compareceram ou não foram localizadas. Nova audiência foi marcada para dia 27 de novembro com as testemunhas que faltaram e as 24 testemunhas de defesa.

Cinco das nove testemunhas do caso conhecido como ‘Chacina do Guamá’ prestaram depoimentos em audiência instrutiva no 1º Tribunal do Júri de Belém nesta quarta-feira (16). As outras quatro não compareceram ou não foram localizadas.

Uma nova audiência foi marcada para dia 27 de novembro com as testemunhas que faltaram e as 24 testemunhas de defesa. Após esta etapa devem começar os interrogatórios com os oito acusados, sendo quatro policiais. A previsão da Justiça é concluir os interrogatórios ainda este ano.

A audiência começou por volta das 9h. As testemunhas ouvidas nesta quarta foram:

familiar de uma das vítimas;
operador de som que trabalhava com o DJ morto na chacina;
funcionária da padaria;
segurança particular;
investigador da Polícia Civil

A filha da dona do bar onde ocorreu a chacina foi a primeira a depor. Ela confirmou que o cabo Wellington Almeira Oliveira era amigo da família e esteve no local no dia do crime, em maio deste ano. A testemunha disse não acreditar que o policial tenha envolvimento nas mortes.

A defesa do cabo Wellington nega que ele tenha sido informante dos executores, antes do crime. “Infelizmente o cabo Wellington é uma vítima desse incidente, era amigo da dona Vanda (dona do bar), inclusive tinha relações afetivas com a família inteira”, disse Viviane Neves, advogada.

A pedido das testemunhas, os acusados não participaram da audiência, que representa fase de coleta de provas do caso. As testemunhas respondem as perguntas da promotoria de Justiça e da defesa, com base no inquérito policial.

Segundo o Ministério Público do Pará (MPPA), os acusados se reuniram em uma panificadora, de onde seguiram até o bar onde 11 pessoas foram mortas. A defesa do dono da panificadora, Jailson Costa Serra, nega que ele tenha participado de qualquer reunião. “A reunião também não aconteceu dentro da panificadora, mas do lado de fora. Jailson conhecia alguns acusados até porque as pessoas frequentavam a panificadora”, disse Lucas Sá, advogado.

A denúncia do MPPA também aponta que um dos veículos utilizados na chacina era de Edvaldo Santana e que ele mesmo teria conduzido o carro. Ele foi preso dois dias após o dia do crime. “Simplesmente ele estava fazendo tratativa comercial, compra e venda de um patrimônio que ele tem”, disse a advogada Valéria Moraes.

O MP também apontou envolvimento de José Maria Noronha e Leonardo Fernandes de Lima como executores dos homicídios. Os advogados dizem que vão apresentar provas da inocência dos clientes.

A acusação principal que paira contra meu cliente, segundo a Polícia, é que ele teria sido visualizado em uma motocicleta que participou do evento, sendo que ele é idoso, doente, magro, de pequena estatura, enquanto que o cidadão que aparece na imagem é de de estatura física avantajada, uma pessoa ativa e jovem”, afirmou o advogado do Cabo Noronha, Jander Vale.

“Ele (cabo Léo) nem esteve presente no lugar, tendo visto que ele estava em outro local, fazendo um procedimento com o filho”, disse Arlindo Costa, advogado do cabo Leonardo de Lima.

Segundo o Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), um dos 8 réus está foragido e os demais estão presos.

Acusados

Oito homens são acusados por homicídio qualificado e lesão corporal, de acordo com o MMPPA. A pena prevista é de 12 a 30 anos, por cada vitima. Três dos quatro policiais acusados são apontados como executores.

Os acusados são:

Jailson Costa Serra – dono da padaria onde a ação foi combinada;
Jonatan Albuquerque Marinho, conhecido como ‘Diel’ – acusado de planejar e elaborar a logística;
Pedro Josimar Nogueira da Silva, conhecido como ‘cabo Nogueira’ – executor;
José Maria da Silva Noronha, o ‘cabo Noronha – executor;
Leonardo Fernandes de Lima, ‘cabo Leo’ – executor;
Ian Novic Correa Rodrigues, o ‘Japa’ – acusado de dar cobertura à ação;
Wellington Almeida Oliveiras, o ‘cabo Wellington’ – acusado de chegar antes ao bar para identificar e localizar as vítimas;
Edivaldo dos Santos Santana – motorista que levou e deu fuga aos executores;

Vítimas

Três das 11 vítimas fatais tinham passagem pela polícia, segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup). A dona do bar, Maria Ivanilza Monteiro, 52, respondia por poluição sonora, e crime contra relações de consumo; Alex Rubens Roque Silva, era acusado de tentativa de estelionato e porte de documento falso; Flávia Teles Farias da Silva havia sido indiciada por abandono de incapaz.

As vitimas são:

    Márcio Rogério Silveira Assunção, 36;
    Samira Tavares Cavalcante, 36 anos;
    Leandro Breno Tavares da Silva, 21 anos;
    Meire Helen Sousa Fonseca, 35 anos;
    Paulo Henrique Passos Ferreira, 24 anos;
    Flávia Teles Farias da Silva, 32 anos;
    Sérgio dos Santos Oliveira, 38 anos;
    Tereza Raquel Silva Franco, 33 anos;
    Maria Ivanilza Pinheiro Monteiro (dona do bar), 52 anos;
    Samara Silva Maciel, 23;
    Alex Rubens Roque Silva, 41.

Um homem ficou ferido – Anderson Gonçalves dos Santos, que está sob proteção do Estado e deverá ser ouvido na audiência do dia 27 de novembro, segundo a Justiça.

A chacina

No dia 19 de maio, 11 pessoas foram mortas em uma chacina em um bar no bairro do Guamá. De acordo com a Polícia, uma festa ocorria no local quando sete homens encapuzados chegaram em uma moto e três carros e dispararam contra as vítimas. Quase todas foram baleadas na cabeça. Dos 11 mortos, seis são mulheres e cinco são homens.

Segundo a promotoria, há hipótese de que o crime teria relação com o tráfico de drogas. Sete das 11 vítimas estavam sob efeito de cocaína no momento do crime.

Segundo a denúncia, as “ações foram planejadas” porque os “denunciados tiveram cuidado para não serem identificados, retirando e encobrindo as placas dos veículos usados no deslocamento e e os executores encobriram o rosto”. Além disso, “não deram às vítimas oportunidade de defesa”.

Bairro recebeu Força Nacional

O Guamá é o bairro mais populoso de Belém e um dos sete da região metropolitana da capital paraense que receberam, em março, a Força Nacional, devido aos elevados níveis de criminalidade.

Ao todo, 274 agentes fizeram o patrulhamento nesses locais, batizados de territórios de pacificação pelo governo estadual. Segundo a gestão Helder Barbalho (MDB), houve queda no número de mortes no primeiro mês de atuação: foram 17, antes 19 nos 30 dias anteriores.

Em todo o estado, o número de mortes violentas caiu no 1º trimestre na comparação com 2018. Foram 756 neste ano, ante 996 no mesmo período do ano passado — uma queda de 24%.

Chacina em Belém - Local: crime ocorreu em bar no Guamá, bairro da periferia de Belém. — Foto: Arte: G1
Chacina em Belém – Local: crime ocorreu em bar no Guamá, bairro da periferia de Belém. — Foto: Arte: G1

Chacina em Belém – Local: crime ocorreu em bar no Guamá, bairro da periferia de Belém. — Foto: Arte: G1

Por G1 PA — Belém

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