Maria Marcia Líder do “PDS – Terra Nossa” sofre atentado.
Carro onde estava Maria Márcia Melo após o atentado (| Foto: Reprodução) –
Líder de assentamento paraense relata que colisão contra veículo em que estava foi atentado contra sua vida.
“Maria Márcia Melo destaca o aumento de ameaças desde outubro e a reincidência de ataques”.
O atentado contra a líder de assentamento, Maria Márcia de Melo, há mais de um mês, na Rodovia BR-163, em Novo Progresso – PA, demonstra o acirramento de tensões na região do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Terra Nossa, que tenta ter sua consolidação pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas que não é concedido devido a presença de invasores (grileiros e madeireiros), cuja ações ilegais são denunciadas pela líder.
A líder comunitária relata que o motorista de uma caminhonete, após bater violentamente na traseira do veículo em que estava, disse: “Você tem que morrer, miserável”. As circunstâncias em que a colisão ocorreu também corroboram com as suspeitas, pois, segundo ela, o veículo seguia em baixa velocidade, em uma subida e atrás de um caminhão. Para Márcia, isso é uma prova da perseguição seguida de ameaças que vem ocorrendo contra ela desde que o Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao Incra a expulsão dos invasores de assentamento Terra Nossa.
Na recomendação, o MPF pede que o Incra promova a retirada dos grileiros invasores do PDS Terra Nossa. Além disso, desde 2016 o Instituto tem o levantamento de todos os 144 invasores, que instalaram um regime de terror no assentamento, com ameaças e violências constantes contra os assentados. Tudo isso com a conivência do Ministério Público Federal, que não os expulsou ainda.
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Márcia destaca que os atentados não cessam e que tudo que está ligado a si são alvos, tendo uma de suas vacas e um bezerro atingidos por tiros, duas semanas depois do atentado na rodovia. As ações violentas contra a líder comunitária buscam pressioná-la a desistir de lutar pelo assentamento, mas apesar de não se sentir segura, ela afirma que não vai desistir.
O histórico de violência contra os assentados não é recente e já provocou vítimas fatais, desde 2011, foram pelo menos cinco assassinatos relacionados a conflitos agrários no interior do PDS, segundo levantamento feito pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) – quatro deles de assentados do PDS e um de um funcionário de uma das fazendas do PDS.
Em maio de 2018, Antônio Rodrigues dos Santos, conhecido como “Bigode”, desapareceu após denunciar a extração ilegal de madeira de seu lote e Aluísio Sampaio, conhecido como “Alenquer”, foi morto após exigir, publicamente, que o desaparecimento de Bigode fosse investigado. Também foram mortos a tiros no interior de suas casas os irmãos Romar e Ricardo Roglin, assentados do local
No início de 2019, Elmiro, filho de Márcia, que vivia em um dos lotes do assentamento, foi espancado e ameaçado de morte na Vila Isol, uma comunidade próxima ao PDS. Segundo Márcia, durante o episódio os agressores fizeram referência à sua atuação militante no interior do Terra Nossa.
Em agosto de 2019, no “Dia do Fogo”, ataque organizado por produtores rurais e empresários, que triplicou os focos de incêndio no sudoeste do Pará, o PDS Terra Nossa foi um dos principais alvos das queimadas, com 197 focos de incêndio em seu território, segundo a Agência Pública. Nesse acontecimento, áudios de WhatsApp revelam a ação combinada com o então vice-prefeito e atual prefeito eleito Gelson Dill (MDB). “Ô Gilson [Gelson], estou avisando o pessoal para todo mundo ir para aí no domingo para queimar esse negócio aí, beleza?”
As investigações policiais apontam o alinhamento dessas autoridades com os invasores, muitos pela sua relação próxima com políticos e empresários do município. A prova do enviesamento das ações policiais são a classificação, por parte da Polícia Civil, do caso da colisão traseira como sendo “acidente fortuito”, a conclusão do inquérito sobre as queimadas do “Dia do Fogo” sem apontar responsáveis e atribuição ao tempo seco.
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Além desses casos os desaparecimentos e mortes que ocorrem no interior da PDS não são investigados e, de acordo com Márcia, “a polícia vai lá e coloca que bebeu cachaça, brigou, morreu e acabou”. Ela diz não confiar nas instituições locais, sobretudo as polícias Civil e Militar e até mesmo o Ibama de Novo Progresso, pois, “Eles são uma quadrilha organizada que está em todo lugar. Tem até políticos influentes no meio”, relata Márcia.
Por: Redação, Diário Causa Operária/ 14/12/2020
Investigação
A Polícia Civil informou, em nota, que está investigando o possível atentado contra Melo. A apuração está com a Diretoria de Polícia do Interior (DPI), com apoio de uma comissão formada para investigar crimes com indícios de terem motivação política. Contudo, o boletim de ocorrência registrado na Delegacia de Novo Progresso classificou o caso como “acidente fortuito”. A Câmara de Conciliação Agrária do Incra pediu que o Comando-Geral da Polícia Militar e a Superintendência Regional da Polícia Federal no Pará acompanhem a investigação. (Por:Repórter Brasil)
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