O que acontece com o corpo de quem é atingido por um raio?

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A chance de alguém ser atingido diretamente por um raio é baixa, menor do que um para um milhão. O que não é motivo para desconsiderar a causa. Se você estiver em uma área descampada, como na praia, a probabilidade aumenta: de um para mil. O acidente pode ser fatal, uma vez que seu corpo não está preparado para receber tamanha energia.

“A intensidade típica de um raio é de 30 mil ampères, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico”, diz Osmar Pinto Junior, coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Além de queimaduras, a corrente pode provocar parada cardíaca e respiratória, e as sequelas podem incluir insuficiência cardíaca, problemas de memória e psicológicos.

As consequências de uma lesão por raios dependem de como ele atingiu a vítima e existem três possibilidades: diretamente, por meio de um objeto ou quando atinge o solo e depois a vítima. Segundo levantamento do Inpe, 43% das mortes por raios entre 2000 e 2014 aconteceram durante o verão; e duas a cada três mortes ocorreram ao ar livre.

Dr. Marcelo Saba/CCST – INPE
Observador do Inpe, em SP, registrou uma ocorrência de raios múltiplos para cima
Em todos os casos, sempre há possibilidade de queimaduras que podem ser até de terceiro grau, segundo Oliveira. “A corrente elétrica passa por todo o tecido e gera calor, queimando a pele”, afirma Raphael de Oliveira, especialista de tratamento e reabilitação de pacientes graves vítimas de trauma do hospital Sírio-Libanês.

Além disso, é comum ter rompimento nos tímpanos, arritmia cardíaca, parada cardiorrespiratória e o sistema nervoso central pode ser afetado, de acordo com Priscila Biggi, coordenadora do departamento de primeiros socorros da Cruz Vermelha em São Paulo. “A corrente muito forte pode afetar a visão e fazer com que as vítimas desenvolvam catarata”, explica Biggi.

Outra consequência são lesões musculares. A descarga elétrica provoca contração e os músculos acabam machucados.

Quando a vítima é atingida indiretamente, pelo solo ou por objetos, a energia do raio é dissipada e os efeitos neurológicos são mais tênues. “Pode existir perda de consciência, confusão mental, amnésia, cefaleia e fraqueza”, diz Oliveira. É importante ter acompanhamento médico para analisar os danos e possíveis sequelas.

Se o raio cai diretamente na pessoa é preciso tratá-la como uma vítima que bateu a cabeça em um acidente de carro em alta velocidade. O impacto é enorme, como se algo muito pesado caísse sobre sua cabeça”

Nesse caso, explica Oliveira, pode existir traumatismo craniano, sangramento intracraniano, isquemia cerebral, lesão na medula com a queda e pode levar a óbito.

Se você vir alguém sendo afetado, não se aproxime de imediato: você pode ser um condutor indireto da eletricidade do raio. “Quando a descarga acabar, cheque se a vítima respira, se está consciente ou se precisa ser reanimada. Chame ajuda e comece os primeiros socorros”, diz Biggi.
O que são os raios?

Joseph Kaczmarek/ AP
Céu de Camden, na Filadélfia (EUA), se iluminou com raios durante tempestade
Os raios são descargas elétricas de grande intensidade que conectam as nuvens de tempestade e o solo. Ou seja: para que eles ocorram, é necessário haver uma nuvem carregada de partículas com carga negativa (geradas pelo choque das partículas de gelo) e um solo repleto de partículas com carga positiva.

“Os acidentes com seres humanos ocorrem quase sempre em locais descampados onde o ponto mais alto do terreno é a pessoa. Raios procuram objetos pontiagudos que estão a menor distância entre o céu e o solo”, diz Gerson Julião, físico do grupo Ciência em Show.

Também é bom ouvir aquele conselho de mãe e evitar nadar durante a tempestade. Mares, rios e piscinas são ambientes condutores de eletricidade e, caso algum raio caia próximo, a eletricidade é conduzida até o banhista, segundo Daniel Ângelo, físico que também integra o grupo.

Não adianta usar um chinelo de borracha para tentar isolar a energia do raio.

“O material é um excelente isolante de eletricidade, mas funcionaria para evitar choques em nossas casas, quando a voltagem é de no máximo 220 volts. Quando estamos falando de 100 milhões de volts de um raio, a borracha já não funciona mais”, diz Ângelo.
Como evitar

Veja as recomendações do Inpe para evitar ser atingido por um raio, direta ou indiretamente:

Se estiver sem abrigo e sentir os pelos arrepiados (sinal da proximidade de um raio), ajoelhe-se e curve-se para frente, colocando as mãos nos joelhos e a cabeça entre eles;
Se estiver sem abrigo na tempestade, não segure e mantenha distância de objetos metálicos e/ou longos, como varas de pescar. Metais são condutores e os raios procuram objetos altos para as descargas;
Durante a tempestade, fique longe de árvores, cercas de arame e varais metálicos. E saiba que construções como tendas, barracos e celeiros não têm proteção;
O ideal é não sair de casa durante tempestades, Se estiver na rua, procure abrigo em: carros ou outros veículos metálicos não conversíveis (mas evite ficar encostado na lataria); casas ou prédios (de preferência que possuam proteção contra raios) ou abrigos subterrâneos (como metrôs ou túneis);
Em local protegido, evite usar o telefone com fio ou o celular ligado ao carregador, não toque em equipamentos elétricos ligados à tomada, já que as redes elétricas podem ser atingidas.

Fonte: UOL.
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