Proibidos e viciantes: o que tem dentro dos cigarros eletrônicos vendidos ilegalmente no Brasil?

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Foto: Reprodução / Fantástico | Estudos internacionais já identificaram que quando o líquido dos vapes se torna vapor, pode liberar mais de 120 substâncias diferentes, algumas cancerígenas.

“A minha relação com o cigarro começou na minha adolescência ali pelos 14 anos. Eu fui fazer um intercâmbio nos Estados Unidos. E lá estava muito forte a questão dos vapes, né? Estava já uma febre antes de chegar aqui no Brasil. Já estava um problema bem grande nas escolas, porque é muito fácil de esconder”, conta Gustavo.

O Gustavo tem 23 anos e 7,5 milhões de seguidores nas redes sociais. Como a maioria dos fumantes de cigarros eletrônicos, ele não fazia ideia do que estava inalando. É difícil mesmo saber todas as substâncias usadas no líquido dos vapes vendidos ilegalmente no Brasil. Tudo o que se sabe é que algumas estão sempre presentes: a nicotina, a glicerina e o propilenoglicol, que são usados pra dissolver a nicotina. E algum aromatizante. Saiba mais abaixo.

A pesquisa

Estudos internacionais já identificaram que quando o líquido dos vapes se torna vapor, pode liberar mais de 120 substâncias diferentes, algumas cancerígenas.

No Brasil, o único grupo focado na análise desses líquidos contidos nos cigarros eletrônicos está no Laboratório de Química da PUC-Rio. Já são cinco anos de estudos. As pesquisas revelaram quais são os elementos contidos nos aparelhos e o quanto eles são prejudiciais à saúde.

Para testar se o líquido é tóxico, os pesquisadores colocam a substância para reagir com células de fungos e de mamíferos.

“A gente coloca quantidades diferentes desse líquido e expõe essas células de forma aguda. No caso das células de mamífero, a gente tem a morte dessas células expostas ao estresse oxidativo”, ressalta Carlos Leony.

Outro fator de risco que o estudo apontou: com o aquecimento, as substâncias presentes nos cigarros eletrônicos se transformam.

“E muitas vezes a pessoa vai absorver outros compostos diferentes do que se esperaria se fosse só propilenoglicol, glicerina, nicotina e o aromatizante”, afirma Adriana Gioda.

A parte eletrônica dos vapes também pode liberar metais como: cromo, ferro, chumbo, zinco, alumínio e silício.

“As substâncias líquidas ficam em contato com esses metais, né? Da bateria de todo circuito ali dentro e acabam liberando esses metais e depois são inalados, né? A partir da temperatura, né? Então, muitos desses metais são metais tóxicos, cancerígenos”.

O que não se sabe

O Fantástico levou os resultados da pesquisa para a médica Margareth Dalcolmo, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia.

“Eu acho que o estudo foi pioneiro, o estudo é absolutamente relevante. Isso precisa ser ampliado, outros estudos semelhantes deverão ser feitos com amostras diferenciadas, porque nós não sabemos a origem e a fonte dos que foram, por exemplo, apreendidos pela Polícia Federal do Brasil”, afirma a médica.

Cigarros eletrônicos como substituição dos cigarros tradicionais

Muitos fumantes tradicionais passam a usar o cigarro eletrônico para tentar parar de fumar. A médica alerta que essa ideia não se justifica.

“Não existe redução de danos, porque quem passa do cigarro pro vape não para de fumar vape. Então, não existe essa intermediação”, pontua Dalcomo.

Fonte: Fantástico  e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 05/08/2024/10:14:47

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