Ribeirinhos têm suas atividades prejudicadas pelo ICMBio

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As comunidades ribeirinhas estão enfrentando dificuldades econômicas devido à recessão pela qual o País está passando. Algumas dessas comunidades têm uma base de economia específica que, devido a diversas situações, estão tendo problemas para mantê-la. É o caso da comunidade de Curi, no Rio Arapiuns.
A comunidade de Curi está localizada na margem direita do Rio Arapiuns, tendo como vizinhas as vilas de São Pedro e Camará. É formada por 127 famílias que vivem da agricultura e, principalmente, da carpintaria artesanal. Produção de canoas, botes, bajaras e pequenos barcos que são trazidos e vendidos em Santarém ou mandados para outros municípios vizinhos.
Nos últimos anos os ribeirinhos vêm encontrando barreiras que os impedem de continuar mantendo sua atividade, base da economia local. Dentre esses obstáculos, os dois principais merecem destaque: falta de matéria prima (madeira) e a dificuldade de introdução do produto no mercado devido a baixa procura por parte do setor pesqueiro do Município.
Desde a suspensão do Seguro Defeso dos pescadores artesanais no final de 2015, os pescadores estão mais cautelosos no momento de fechar o contrato de compra e venda devido às inconstâncias do benefício. Essa insegurança acaba influenciando em outros setores, como é o caso dos carpinteiros do Arapiuns que precisam vender seus produtos para manterem sua fonte de renda.
“As vezes pegamos uma encomenda, vamos para a comunidade e conseguimos a madeira para fazer, mas quando chegamos aqui o pescador não tem o dinheiro para pagar, ou quer trocar em peixe, ou quer pagar aos pouquinhos. Não podemos trabalhar assim porque não dá pra cobrir nossas despesas”, desabafa o carpinteiro Francisco Pereira.
Outro problema citado pelos comunitários é a falta de madeira para a fabricação do serviço. A matéria prima disponível na região está centralizada dentro da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns (Resex) e só pode ser beneficiada dentro da própria reserva. Ocorre que a Reserva está localizada à margem esquerda do Rio Arapiuns, enquanto que as comunidades que vivem da carpintaria artesanal estão na margem direita. O ICMBio não permite que a madeira atravesse o rio.
Sobre este obstáculo, o carpinteiro Antonio Pereira acredita que “se nos uníssemos com as outras comunidades que também vivem da carpintaria artesanal e que precisam da madeira, como é o caso das vilas de Camará e Cachoeira do Aruã, talvez conseguíssemos uma autorização legal para fazer com que essa madeira chegue até nossos estaleiros. Pelo fato de que não produzimos em grande escala, só para nosso sustento”.
“Não somos só nós carpinteiros que estamos sendo prejudicados pelo ICMBio. Muitas comunidades de dentro da reserva viviam somente do corte da madeira para repassar para as outras comunidades que faziam as obras. Esses comunitários não sabem fazer canoas. Agora eles também não podem mais fazer este serviço porque não podem atravessar o rio para entregar a madeira. Enquanto que grandes empresários tiram toda a madeira disponível dos limites da reserva e levam para Belém. E o ICMBio faz vista grossa para as balsas que passam aqui em Santarém com essa madeira para Belém. Não sabemos se isso é legal, porque as balsas só passam durante a noite”, diz seu Francisco.
Os ribeirinhos temem que daqui a alguns anos não se tenha mais de onde tirar recursos para a manutenção de suas rendas. Devido a escassez da matéria prima e as dificuldades enfrentadas para chegar onde esta matéria está centralizada.
Enquanto isso, famílias que antes viviam da carpintaria artesanal estão voltando suas atividades para a agricultura familiar. No intuito de continuar sustentando suas famílias e na esperança de que a situação se resolva e a comunidade possa voltar a ser referência na atividade da carpintaria artesanal, da qual tanto se orgulham.

Por: Tácia Pires

Fonte: RG 15/O Impacto

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